Três médicos de São Paulo foram mortos na madrugada desta quinta-feira (5), na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Horas após o início da investigação, a Polícia Civil do RJ revelou trabalhar com a hipótese de que o ataque aos médicos Diego Ralf Bomfim, Marcos de Andrade Corsato, Perseu Ribeiro Almeida e Daniel Sonnewend Proença teria sido baleados “por engano”.
Segundo informações da TV Globo, a principal linha de investigação é a de que os criminosos seriam traficantes, que tinham como alvo um miliciano da região de Jacarepaguá. O homem em questão seria Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, que é filho de Dalmir Pereira Barbosa, considerado um dos principais chefes de uma milícia que atua na Zona Oeste.
Uma interceptação telefônica da Polícia Civil revela os suspeitos sendo avisados de que Taillon estaria no mesmo bar em que os médicos se encontravam, na orla da Barra da Tijuca. A teoria é de que os traficantes teriam confundido Perseu – que havia acabado de completar 33 anos – com Taillon. O médico aparece na imagem abaixo vestindo uma camiseta do Bahia.
O aviso teria partido de um integrante de um grupo rival ao de Dalmir Pereira Barbosa, pai de Taillon, que mora nas redondezas do quiosque, onde o assassinato aconteceu. A investigação procura desvendar se um informante viu o grupo sentado e repassou a informação aos assassinos. Nas imagens registradas pela câmera de segurança, é possível ver momento em que um dos atiradores retorna ao local para conferir se Perseu, já baleado, estava morto.
Ao veículo, as autoridades disseram acreditar que o assassinato não foi planejado previamente. Os criminosos teriam descoberto a localização da suposta vítima e agiram logo na sequência. Segundo fontes da Globo, isso explicaria por que um dos assassinos vestia bermuda, peça incomum em casos de execuções feitas com planejamento. Os outros criminosos estavam com camisas e calças escuras, mas não cobriram os rostos.
Equipes foram mobilizadas pelo Departamento de Homicídios da Polícia Civil para refazer o trajeto do veículo usado no crime. Assim como a testemunha que narrou o ataque, a polícia acredita que o caso foi uma execução, pois os pertences não foram levados e os criminosos chegaram atirando, sem nem mesmo dirigir a palavra às vítimas ou às testemunhas presentes. Apesar da teoria, outras linhas de investigação não foram descatadas.
Entenda o caso
O crime aconteceu na madrugada desta quinta-feira (5), e a ação foi registrada por câmeras de seguranças do estabelecimento. Diego Ralf Bomfim, Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida, vítimas fatais da ação, e Daniel Sonnewend Proença, que foi socorrido e apresenta quadro estável, estavam na cidade para um congresso de ortopedia.
O grupo se hospedou no Hotel Windsor, na Avenida Lúcio Costa, e no início da madrugada estava em um quiosque em frente ao hotel. Por volta de 00h59, um carro branco parou e homens desceram disparando à queima-roupa, com pistolas de 9mm. No vídeo, um dos atiradores volta ao quiosque para checar o estado dos alvos e ao notar que um médico tentava fugir, atira novamente.
Com os tiros, dois homens que estavam lanchando no local também saem correndo. Logo em seguida, os criminosos, que estavam todos de preto, voltam para o carro e fogem.
Vídeo mostra momento em que os médicos foram mortos pic.twitter.com/q2sa0wiTfL
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) October 5, 2023
Corsato faria 63 anos na próxima semana. Ele era diretor do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Perseu, por sua vez, completou 33 anos nesta terça-feira (3). O médico era especialista em Cirurgia do Pé e Tornozelo pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. A última vítima fatal foi Diego Bomfim, que chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Ele era irmão da deputada Sâmia Bomfim (PSOL).
O caso também está sendo acompanhado pela Polícia Federal, a pedido do ministro da Justiça, Flávio Dino, devido à conexão de Diego com a deputada do PSOL.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), da Polícia Civil do Rio de Janeiro, realizou uma perícia no local e instaurou um inquérito para investigar o homicídio triplo. De acordo com a Polícia Militar, agentes do 31º BPM, do Recreio dos Bandeirantes, chegaram a fazer buscas na área, mas ninguém foi preso até o momento.