Um professor de educação física, identificado como Fernando Sanchez Prado, contou que foi vítima de um golpe e teve um prejuízo de R$ 28,6 mil. Em conversa com o g1 nesta quinta-feira (14), ele explicou que teve sua conta bancária invadida e zerada por criminosos em Santos, no litoral de São Paulo.
Prado disse que entrou em contato com a Caixa Econômica Federal para relatar o ocorrido e tentar recuperar a quantia perdida. O banco, entretanto, informou que o valor não poderá ser ressarcido, uma vez que o problema foi no celular da vítima. “Eu fui lesado e parece que eu que sou o bandido, que estou entrando com uma ação para pegar o dinheiro que era meu. Isso não existe”, desabafou o professor.
Segundo Fernando, o golpe foi aplicado quando ele estava a caminho da academia onde trabalha. “Ligaram dizendo ser da Caixa, falando que tinha PIX provisionados [agendados] para tal pessoa. Eu falei que não e desliguei”, lembrou. A pessoa teria retornado a ligação, repetindo a mensagem. A vítima, então, reforçou que não tinha PIX agendado e, desta vez, teve receio de desligar.
O instrutor falou que não passou nenhum dado, mas ficou preocupado e abriu o aplicativo do banco enquanto estava na linha. “Eu não tinha acesso ao aplicativo. Quando a ligação desligou, eu tive acesso e vi que já tinham tirado tudo da minha conta corrente e da poupança. Aí eu fiquei com uma mão na frente e a outra atrás”, revelou.
Prado suspeita que os golpistas se passaram por funcionários do banco e conseguiram obter os dados dele por meio do celular. O professor informou que só notou o prejuízo quando chegou no local de trabalho, e tomou as medidas legais depois de encerrar seus compromissos. “A sala estava cheia de alunos. Comecei a dar uma aula sabendo que eu não tinha mais nada no banco”, lamentou.
Ele registrou um boletim de ocorrência em uma delegacia eletrônica e, no dia seguinte, foi até uma agência da Caixa Econômica. O residente de Santos disse que todo o dinheiro da poupança, de sua conta corrente e até do cheque especial foi transferido por Pix, de uma vez só, para uma conta fantasma. “Na mesma hora que o dinheiro entrou, já saiu”, disse.
O caso foi registrado como estelionato pela Delegacia Eletrônica e encaminhado ao 3º DP de Santos. Em comunicado, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que a vítima foi orientada quanto ao prazo decadencial de seis meses para representação criminal contra a autoria.
Depois que Prado entrou em contato com a agência, um SMS lhe foi enviado, pedindo que ele fosse até um local físico para resolver a questão. “Fui no dia seguinte e a agente me informou que a Caixa negou [o ressarcimento] porque foi um problema do meu celular. Como é que é problema do meu celular? Eu sou um cara todo certinho, não clico em nada, em nenhum link estranho”, destacou. Com a decisão, Fernando tentou encerrar sua conta no banco.
“Eu não posso nem fechar a conta, porque os caras além de tirarem o que eu tinha de saldo na conta, tiraram do meu limite de cheque especial. Ou seja, para eu fechar a conta, eu ainda tenho que depositar”, explicou. O professor ressaltou que está em contato com seus advogados, pois pretende entrar na Justiça para reaver a quantia. “Quando você vai fazer uma compra via Pix ou cartão, se o valor é alto, não deixam fazer, tem que ligar para o banco para pedir autorização. Aí vem um estelionatário bandido, faz o ‘arrastão’ e ninguém fala nada”, desabafou.
“De repente, zerou a poupança, a minha conta, inclusive cheque especial, e eles acham normal?”, questionou em seguida. Fernando, que é aposentado pela prefeitura, mas dá aulas em academias particulares, salientou que sempre utilizou seu dinheiro em poucas quantias e manteve o mesmo perfil desde que abriu a conta.
Caixa se pronuncia
O banco se manifestou sobre a ocorrência através de uma nota oficial, e declarou que, para não comprometer investigações em andamento, “informações relacionadas aos casos de fraudes e golpes e às ações realizadas pela área de segurança do banco para investigar e coibir ações criminosas possuem caráter sigiloso, sendo repassadas exclusivamente às autoridades policiais e de controle”.
“O banco orienta que os cidadãos utilizem única e exclusivamente seus canais oficiais para buscar informações e acesso aos serviços, jamais compartilhando dados pessoais, usuário de login e senha”, acrescentou o texto. A nota também reforça que os clientes tomem cuidado e desconfiem de mensagens, informações sensacionalistas e links. Uma medida de precaução é que utilizem navegadores confiáveis para acesso e adotem softwares de antivírus atualizados.
Em caso de dúvidas, os clientes podem contatar as agências ou o serviço Alô CAIXA pelos números 4004 0104 (capitais e regiões metropolitanas) e 0800 104 0104 (demais regiões).