Hugo Gloss

Professor descobre que aluna está nua e insiste pra que ela abra a câmera: “Vale meio ponto”; Faculdade se manifesta sobre o caso

Um vídeo que repercutiu nas redes sociais mostrou que um professor teria assediado uma aluna durante uma aula online. (Foto: Reprodução/YouTube)

Um professor da Faculdade de Direito de Franca foi acusado de assédio após um episódio durante uma aula online na última segunda-feira (28). Na ocasião, ele insistiu que uma aluna que abrisse a câmera ao saber que ela estaria nua. O vídeo com o momento causou polêmica ao circular nas redes sociais, até que, nesta quarta (30), a instituição se manifestou.

O caso aconteceu durante uma aula de Direito Penal. Inicialmente, o professor pediu que a aluna abrisse sua câmera, mas ela negou. “Deve estar horrível”, ironizou ele. Na sequência, ela justificou: “Não é isso, não. É que eu ia tomar banho e estou sem roupa, não posso abrir”. Ciente da suposta nudez, ele insistiu: “Abre a câmera aí”. Mas a estudante seguiu rejeitando. “Não, não vou abrir”, devolveu ela.

O professor insistiu que ela ligasse a câmera – apesar de ela ter tido que estaria nua. (Foto: Reprodução)

Em meio aos risos, o professor seguiu interessado com o pedido: “Tá de sacanagem comigo? Sério que você me falou isso no meio da aula?”. A aluna voltou a se explicar. “Se vai ficar insistindo é melhor eu já falar a verdade, né?”, disse. Foi então que o profissional ofereceu um aumento na nota caso a moça se exibisse. “Meio ponto… para você abrir a câmera”, sugeriu.

Assim que a aluna negou a “oferta” inapropriada, o professor rebateu: “Você abriu o áudio e veio me chatear?”. Mas a estudante, novamente, afirmou que não queria – nem precisava – daquele meio ponto. “Eu estudo… Abrir a câmera não vale meio ponto”, concluiu ela no trecho da aula, que está disponível nas redes sociais.

A aluna negou, repetidas vezes, o pedido do professor e a oferta de acréscimo na nota. (Foto: Reprodução/YouTube)

De acordo com a Marie Claire, uma suposta mensagem do professor também começou a circular na web após a divulgação do vídeo. “Comunico que, até segunda ordem minha, se houver, em razão de uma brincadeira ocorrida ontem, inter partes, e que tem gerado incômodo, por meio de comentários maldosos, a uma colega, todos os alunos, diurno e noturno, estão sem os dois pontos de trabalho”, teria dito ele. Olha só:

O professor teria mandado uma mensagem aos alunos após a divulgação do vídeo nas redes. (Foto: Reprodução)

Direção da faculdade se manifesta

Com a repercussão do caso, a Faculdade de Direito de Franca afirmou hoje que tomará providências legais e cabíveis sobre o caso, assim que apurar o episódio. “A direção da Faculdade de Direito de França informa que, diante dos fatos ocorridos no dia 28/09/2920, divulgados pela mídia e redes sociais, foi instaurado Procedimento Administrativo próprio para apuração e providências legais nos termos do Regimento Interno da FDF”, disse um comunicado.

Confira:

Nota de repúdio do DA

O Diretório Acadêmico da instituição também emitiu uma nota de repúdio sobre o caso, condenando as atitudes relatadas. “Todo e qualquer tipo de abuso, agravado pela manipulação através das relações de poder instituídas na academia, são absolutamente inaceitáveis. Tais práticas, apesar do tom de brincadeira, ferem não apenas a ética das relações educacionais, mas o próprio processo de construção científica e a responsabilidade das instituições na formação de recursos humanos”, escreveu o texto.

O órgão de representação dos alunos também informou que solicitou a abertura de uma sindicância para investigar a situação e a postura do professor envolvido: “Relembramos que muitas vezes o assédio é estimulado, e repetidamente praticado, ancorando-se na perspectiva de impunidade e permissibilidade corporativista”.

Veja a íntegra abaixo:

“Chegou ao conhecimento do Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito de Franca um ocorrido na aula de Direito Penal do 4º ano do dia 28 de setembro de 2020.

Inicialmente é importante destacar que os alunos não devem compartilhar e divulgar tal situação em grupos ou entre particulares pois trata-se de uma exposição que não deve ocorrer para uma das partes.

Na ocasião, o professor conversava com uma aluna por áudio, situação em que pediu para que abrisse a câmera. A questão é que ao informar que não poderia abrir a câmera, pois iria entrar no banho e não estava devidamente vestida, o professor insistiu, inclusive mencionando pontuação correspondente.

O Diretório Acadêmico “28 de março” vem repudiar atos de assédio moral e sexual denunciados pelos alunos da Faculdade de Direito de Franca – FDF. Reiteramos, como uma pauta já expressa, que todo e qualquer tipo de abuso, agravado pela manipulação através das relações de poder instituídas na academia, são absolutamente inaceitáveis. Tais práticas, apesar do tom de brincadeira, ferem não apenas a ética das relações educacionais, mas o próprio processo de construção científica e a responsabilidade das instituições na formação de recursos humanos.

Relembramos que muitas vezes o assédio é estimulado, e repetidamente praticado, ancorando-se na perspectiva de impunidade e permissibilidade corporativista.

Entendemos que na Faculdade deve prevalecer a justiça, pois é o espaço de construção e autorreflexão da sociedade, portanto esse tipo de situação é inaceitável, ainda que se baseie em amizade entre professor e aluno.

Portanto, o Diretório Acadêmico solidariza-se com os estudantes, reafirma o compromisso de combater o assédio na academia e estar ao lado dos alunos, fazendo valer essa representação, na busca de melhores condições de ensino e pesquisa.

O Diretório Acadêmico protocolou hoje um ofício requerendo a abertura de sindicância para avaliar a conduta do professor, sendo requerido a imposição das penalidades previstas no artigo 187 e incisos do Regimento Interno da FDF.”

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