Imagens obtidas pela Polícia Civil nesta semana, revelaram que o publicitário Yuri Henrique de Castro caiu do telhado de um sobrado na rua General Osório, no Santa Ifigênia, centro de São Paulo. O jovem de 23 anos foi dado como desaparecido em 22 de abril, após sair de uma sauna gay, no Largo do Arouche. A causa da morte, segundo o laudo pericial, foi politraumatismo – lesões múltiplas que ocorrem ao mesmo tempo em mais de um órgão ou sistema do corpo.
O prédio fica a pouco mais de 500 metros da sauna Hotel Chilli. De acordo com a apuração do UOL, o vídeo foi feito pelas câmeras de segurança de uma loja próxima ao local. O registro, como aponta a reportagem, também mostra o publicitário ferido e caído na calçada.
Na última semana, os policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa cumpriram mandado de busca e apreensão na sauna e os funcionários do estabelecimento foram ouvidos pelas autoridades. O caso foi registrado como morte suspeita pelo 5º Distrito Policial (Aclimação).
As imagens das câmeras de segurança da noite em que Yuri esteve no Hotel Chilli foram obtidas pela Polícia Civil, que não descarta nenhuma linha de investigação. Os agentes solicitaram, ainda, uma análise toxicológica do publicitário e seguem esperando o resultado.
O que aconteceu?
Yuri Castro foi visto pela última vez na sauna gay Hotel Chilli, no Largo do Arouche. Ele foi encontrado por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), mas veio a óbito após dar entrada na Unidade de Pronto Atendimento Vergueiro, no bairro da Liberdade, sem documentos. O corpo do rapaz foi direcionado ao Instituto Médio Legal e reconhecido pela família posteriormente.
De acordo com o pai de Yuri, Marco Antonio, o filho teria saído de casa no sábado. Na segunda, um amigo do publicitário entrou em contato com a família, avisou que eles estavam em um hotel e não conseguiram pagar a conta porque tiveram um problema com o cartão. O rapaz, então, teria saído do local para buscar dinheiro e deixado um celular como garantia. Porém, quando retornou, Yuri não estava mais no local. Ele contou que seguranças do hotel estavam recolhendo as coisas dele, afirmando que o jovem teria “dado fuga” e deixado os pertences para trás.
“Ele deu essa versão, que o Yuri saiu correndo, os seguranças foram atrás, trouxeram ele de volta e logo em seguida ele fugiu de novo. Só que é muito ilógico. Como é que você, segurança, deixa uma pessoa fugir duas vezes, do mesmo local? Tem muitas pontas soltas, ninguém sai correndo nu no meio da rua, desaparece e aparece morto”, analisou Larissa Cristine Santos de Castro, irmã de Yuri, ao g1.
Quando Marco procurou o hotel, foi informado que Castro teria tido um surto. “A versão data pelo hotel é que meu filho havia surtado. Primeiramente que saiu para fumar, mas meu filho não fumava. Disseram que quando ele saiu na área de fumante, evadiu e correu em direção ao Terminal Amaral Gurgel. Os seguranças foram atrás dele e trouxeram ele de volta”, relatou.
Segurança relata possível fuga e dívida de Yuri
Um áudio de um segurança da sauna, enviado para a gerência do estabelecimento, narra o que teria ocorrido. Na versão dele, Yuri disse a um funcionário que estava sendo perseguido no local e que teria acionado a polícia. Minutos depois, o jovem teria corrido até o Terminal Amaral Gurgel. Um segurança da sauna foi atrás dele e o abordou junto com um vigia do terminal, que fica a cerca de 400 metros do Hotel Chilli.
O profissional afirmou, ainda, que o cliente tinha dívida de aproximadamente R$ 700 no estabelecimento. No áudio, divulgado primeiramente pela BandNews FM, o segurança contou que segurou Castro pelo pescoço e pelo braço para conduzi-lo de volta até o hotel. O homem acrescentou que, já próximo ao local, o cliente se tornou “agressivo e transtornado”.
Ele teria causado um confronto físico entre ambos, no qual foi derrubado. O funcionário também alegou ter conseguido segurar o roupão do rapaz, que tirou a peça e correu novamente, deixando o celular e chave do quarto para trás. Na gravação, o segurança ainda disse que o hotel teria um “procedimento” caso o cliente não pagasse.
Estabelecimento nega envolvimento
Ao UOL, Douglas Drumond, proprietário do estabelecimento, pontuou que a sauna faz “pressão” para os funcionários ficarem atentos em seus postos e impeçam que devedores deixem o local. Porém, negou que os empregados sejam cobrados pelas dívidas de clientes. Na semana passada, o responsável também negou qualquer envolvimento na morte de Yuri Castro.
Conforme Drumond, o jovem era frequentador assíduo da sauna e não foi tratado de forma violenta, como apontado por algumas postagens nas redes sociais. Ele disse, ainda, que está sendo chamado de “assassino” e que irá prestar depoimento à polícia. O proprietário também irá encaminhar as imagens das câmeras de segurança do estabelecimento e a lista de quem estava com Yuri no local.
Ao final, Douglas lamentou a morte do jovem. “Estamos muito tristes com o falecimento do Yuri. Desejamos aos amigos e familiares, os nossos mais sinceros sentimentos”, declarou.
A SP Terminais Noroeste, concessionária responsável pelo Terminal Amaral Gurgel, no Centro de SP, informou que está apurando o caso internamente e que, “diante da investigação já instaurada, só está autorizada a fornecer informações aos órgãos oficiais. Tal medida se faz necessária para que não prejudique o levantamento oficial de informações”.