De partir o coração! No ano passado, Varlei Rocha Alves conquistou o Brasil ao demonstrar um gesto de extrema gentileza ajudando uma idosa a atravessar a rua. Infelizmente, nesta terça-feira (23), o guardador de carros, que ficou conhecido no país pelo apelido de Capoeira, teve sua morte confirmada aos 51 anos.
Em conversa com o site Razões Para Acreditar, Claudilene Santos, irmã de Varlei, explicou que o hospital informou que a morte foi uma “parada respiratória sem causa identificada”. O guardador de carros deixa o filho Darlei, de 11 anos, que agora será criado pela tia. “Ele me chama de mãe, ele é como se fosse meu filho”, contou. Alves era viúvo, a esposa morreu atropelada quando o garotinho tinha apenas 2 anos.
De acordo com o G1, o guardador de carros morreu no dia 7 de maio, mas somente agora a notícia veio a público. Ele passou mal na casa de parentes e foi levado para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Costa Barros, na Zona Norte do Rio. Ele chegou no local já em parada cardiorrespiratória. Os médicos tentaram manobras de ressuscitação, mas não tiveram sucesso.
Para quem não se lembra, Capoeira viralizou na internet em abril de 2019, quando foi filmado improvisando uma espécie de “ponte” com caixotes de feira para que uma idosa atravessasse a rua em segurança. Na época, a cidade enfrentava grandes tempestades que deixaram muitos locais alagados, como no caso do lugar em que o guardador trabalhava, no bairro de Copacabana.
Inclusive, a filmagem rendeu muitas críticas na web, já que os internautas tiveram a impressão que a senhora não demonstrou gratidão aos esforços de Varlei. Em entrevista ao Uol, ele falou sobre essa discussão. “Não importa saber o que eles sentem, o que importa é que estou ajudando e estou me sentindo bem. Ela me agradeceu e me deu uma moedinha, só que eu virei rápido para ajudar outra pessoa que estava precisando. Foi nessa hora que ‘nego’ pensou que ela não me agradeceu”, explicou.
O guardador de carros ainda reforçou que ajudar quem precisa era algo que fazia parte da sua personalidade. “Eu sinto amor em ajudar o próximo e não olho a quem, que seja branco, que seja azul, que seja amarelo, eu ajudo qualquer um“, falou. Naquela noite, ele ainda ajudou outras várias pessoas. “Todos que precisarem passar na minha ponte vão passar para não cair”, garantiu.
Com a repercussão do vídeo, as pessoas tiveram a possibilidade de conhecer mais sobre sua história e dois sonhos que ele tinha: ter uma casa própria para deixar para o filho e realizar uma festa de aniversário também para a criança. Os desejos foram realizados com uma vaquinha online, e com a ajuda das atrizes Alice Wegmann e Fernanda Rodrigues.
As duas demonstraram pesar pela morte no perfil do Instagram do Razões para Acreditar, com emojis de coração de partido, assim como outros famosos, a exemplo de Marina Ruy Barbosa, Fernanda Paes Leme, Giovana Lancelotti, Carol Castro e Larissa Maciel. “Ai… Que tristeza… Mais um para ficar fora das estatísticas. Um pai de família. Que Nossa Senhora cuide de Darlei!! E que ele descanse em paz”, publicou a apresentadora Astrid Fontenelle, referindo-se ao número de mortos pela covid-19.
Em seus perfis pessoais no Instagram, as duas prestaram duas belas homenagens. “No ano passado, a gente conheceu a história do Capoeira. Em três dias conseguimos, todos juntos, arrecadar o suficiente pra realizar o sonho dele de comprar uma casa pro filho. Essa foto é tudo e diz muito sobre o carinho que tinham um pelo outro. Recebemos a confirmação de que ele faleceu recentemente, com dificuldades respiratórias. Vamos mandar todo amor pra que ele fique em paz e pra que os corações dessas famílias sejam confortados”, publicou Alice.
“Triste com a partida do Capoeira…Feliz de ter vivido esse sonho com ele! Vá em paz querido! Obrigada”, compartilhou. A atriz e apresentadora ainda compartilhou o vídeo da festa de aniversário organizada para Darlei. Confira:
Quanto ao sonho da casa própria de Capoeira, ele havia dito: “Quando eu brigo com a minha irmã, quem tem que sair sou eu, que ela toma conta do meu filho. Durmo na pista, na praça, nos carros, durmo pelos cantos”. O desabafo se referia ao imóvel em que ele morava com Claudilene, Darlei e seus seis sobrinhos. “É chato a gente morar no que não é nosso. É uma vida triste, fazer o quê?”, completou.
Após a vaquinha online, pai e filho conseguiram garantir uma casa própria, que foi colocada no nome do herdeiro desde a construção. A tia, que já morava na parte de baixo da casa, mudou-se para a parte de cima dela para ficar com Darlei. “Eu não quero ter nada, posso morrer amanhã ou depois, morro feliz só em saber que eu deixei alguma coisa para o meu filho”, afirmou Varlei para o Uol.