O delegado Ângelo Lages afirmou que as contas bancárias da socialite Regina Lemos Gonçalves foram zeradas. Em entrevista ao “Encontro” desta quarta-feira (27), ele revelou que a idosa de 88 anos está repleta de dívidas de IPTU e condomínios dos imóveis dos quais é proprietária. O delegado ainda disse que o ex-motorista José Marcos Chaves Ribeiro segue foragido.
De acordo com Lages, Regina vive atualmente no Edifício Chopin, em Copacabana, no Rio de Janeiro, mas quem paga as contas é o irmão dela. “Ela está repleta de dívidas em todos os imóveis. Hoje quem sustenta ela é o irmão dela. Se não fosse o irmão dela, ela não teria condições de se manter no dia a dia“, apontou ele.
O delegado informou que um dos imóveis da socialite, em São Conrado, estava “bem deteriorado”. “Só encontramos uma obra de valor, que foi devolvida para a dona Regina. Só havia funcionários no local. A Justiça determinou a desocupação do imóvel, então, tiramos todo mundo de lá“, contou, acrescentando que, além de José Marcos, oito pessoas são investigadas.
“De acordo com o próprio relato da dona Regina, ele passou a isolá-la, desligar o telefone fixo e retirou o celular dela para se tornar senhor dela. Ele passou a controlar o patrimônio e as rendas dela. Ele não agia sozinho, tem outras oito pessoas que são ligadas a ele. A Justiça determinou que as outras oito pessoas não se aproximem dela“, afirmou.
Ângelo também adiantou que uma nova investigação foi iniciada. “Nós instauramos um novo inquérito para apurar a conduta de dilapidação dos bens da dona Regina. Hoje ela vive em total penúria, ela não tem qualquer dinheiro em espécie e as contas dela estão totalmente zeradas. Ela só tem o patrimônio. Ela tem dívidas altas de condomínio e de IPTU“, destacou.
O novo inquérito, segundo o delegado, também seguirá “o rastro do dinheiro” para saber as pessoas envolvidas na “trama para dilapidar o patrimônio”. De acordo com ele, milhões de reais teriam sido levados. Ângelo confirmou que José Marcos foi indiciado pelo furto qualificado de todas as joias de Regina, mas que ainda não se sabe a dimensão do rombo financeiro sofrido por ela.
O ex-motorista estava morando em uma das mansões dela, em São Conrado. No dia da prisão, ele sumiu do local. Ainda segundo o delegado, os investigadores descobriram que José Marcos passou pela Rocinha. “A gente tem tentado localizá-lo. Acho que ele já sabe do mandado de prisão e está se mantendo como um fantasma“, opinou.
O Disque Denúncia também divulgou um cartaz pedindo informações sobre o paradeiro de José Marcos. “A gente tinha um indicativo de que ele estava no interior da comunidade da Rocinha, mas desde então a gente não conseguiu um rastro mais palpável de onde ele esteja“, falou Ângelo.
Na terça-feira (26), a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) realizaram a operação Dama de Ouros para prender José Marcos, que se tornou réu acusado de tentativa de feminicídio, sequestro e cárcere privado, violência psicológica e furto qualificado contra Regina.
Relembre o caso
A família de Regina, viúva e herdeira do empresário Nestor Gonçalves, fundador da Copag, acusa o ex-motorista de tê-la mantido, durante 10 anos, isolada dentro do próprio apartamento, em Copacabana, sem contato com amigos e parentes. José Marcos, por sua vez, afirmou ter sido casado com Regina. Ela negou o enlace.
O “Fantástico” revelou o caso em abril deste ano e exibiu uma escritura de união estável feita em 2021. A acusação de tentativa de feminicídio está baseada em uma internação no dia 30 de dezembro daquele ano, quando a socialite foi hospitalizada com uma lesão na cabeça e submetida a uma cirurgia. Ela só teve alta em janeiro de 2022. Contudo, nenhum familiar soube do ocorrido.
José Marcos também foi proibido de se aproximar e de tentar contato com Regina. Em meio às investigações, acusações e buscas, os advogados de ambos travam uma batalha judicial para saber quem deve cuidar do patrimônio milionário dela, justamente pela união estável.