Renato Cariani: Em mensagem interceptada pela PF, influenciador fala com sócia sobre “fugir da polícia”

Chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, Fabrizio Galli, ainda disse que os sócios tinha conhecimento da investigação

Nesta terça-feira (12), a Polícia Federal (PF) iniciou a “Operação Hinsberg” contra o tráfico de drogas e o desvio de produto químico usado na produção de crack. O principal alvo da investigação é a indústria química Anidrol, que tem como sócio o influenciador Renato Cariani. Os agentes interceptaram algumas trocas de mensagens entre Cariani e a sua sócia, que apontaram que ambos sabiam do monitoramento feito pelas autoridades.

De acordo com o inquérito, mesmo as mensagens sendo antigas, elas ainda contrapõem o que foi dito pelo influencer no vídeo em que nega ter qualquer envolvimento com o caso. Na publicação feita em suas redes sociais, ele afirmou ter sido surpreendido pela operação da PF. Segundo a investigação, Cariani disse em uma das conversar com a sócia: “Poderemos trabalhar no feriado para arrumar de vez a casa e fugir da polícia”. 

À GloboNews, o chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, Fabrizio Galli, também falou que ele sabia que era investigado. “Os sócios tinham conhecimento pleno daquilo que estava sendo investigado, do desvio de produtos químicos”, declarou a autoridade. “Não há essa cegueira deliberada em relação a outros funcionários. Eles tinham conhecimento daquilo que estava acontecendo”, adicionou. Assista ao vídeo completo abaixo:

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Relembre o caso

A Polícia Federal revistou a mansão de Cariani nesta terça-feira (12) durante a “Operação Hinsberg”, realizada em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO do MPSP) de SP e a Receita Federal. De acordo com o Metrópoles, os agentes apreenderam uma alta quantia de dinheiro na residência do influenciador. Além disso, outros produtos e insumos foram confiscados. Assista ao momento:

Após a repercussão, Cariani usou as redes sociais para negar seu envolvimento no esquema. Ele alegou ter sido surpreendido pela operação e reforçou que a empresa tem uma “história linda e maravilhosa”. “Pessoal, estou vindo aqui para poder me esclarecer para vocês, afinal de contas estão rodando tantas notícias e tantas mensagens e eu preciso dividir com vocês o que realmente aconteceu. Pela manhã, eu fui surpreendido com o cumprimento de um mandado de busca e apreensão da polícia na minha casa, aonde (sic) eu fui informado que não só a minha empresa, mas várias empresas estão sendo investigadas num processo, que eu não sei porque corre em segredo de Justiça”, começou ele.

Renato destacou, ainda, que sua equipe jurídica pediu acesso ao processo, para que o empresário possa entender “o que consta na investigação”. “Eu sofri busca e apreensão porque eu sou um dos sócios. Todos os sócios sofreram busca e apreensão. Essa empresa, uma das empresas da qual eu sou sócio e é essa empresa que está sofrendo a investigação, ela foi fundada em 1981, tem mais de 40 anos de história. É uma empresa linda, aonde (sic) a minha sócia, com 71 anos de idade ainda é a grande administradora, a grande gestora da empresa. É ela quem conduz a empresa. Uma empresa com sede própria, que tem todas as licenças, todas as certificações nacionais e internacionais, é uma empresa que trabalha totalmente regulada. Então para mim, para a minha sócia e para todas as pessoas, foi uma surpresa [a operação policial]”, alegou.

Por fim, Cariani agradeceu o apoio que tem recebido de seus seguidores em meio ao imbróglio e garantiu que trará mais informações a público assim que tiver acesso ao processo. Assista abaixo:

Em conversa com a CNN Brasil, o empresário reforçou que “não tem noção” sobre a motivação da inclusão de seu nome e da empresa na investigação da PF. “Vou me manifestar depois que meus advogados tiverem acesso [aos autos], porque eu juro que não tenho noção do que está acontecendo”, declarou ele. Clique aqui para conferir detalhes sobre o caso.

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Histórico das investigações

As buscas começaram em 2022, após uma farmacêutica multinacional ter avisado a PF que foi notificada pela Receita Federal sobre notas fiscais faturadas em nome dela, com pagamento em dinheiro não declaradas. À época, a empresa afirmou que nunca fez a aquisição do produto, que não tinha esses fornecedores e que desconhecia os depositantes.

A PF iniciou a investigação e identificou que, entre 2014 e 2021, o grupo emitiu e faturou notas em nome de três empresas grandes de forma fraudulenta, sendo elas: AstraZeneca, LBS e Cloroquímica. A prisão dos envolvidos foi pedida pela Polícia Federal. O Ministério Público foi favorável à solicitação, mas a Justiça negou.

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