A Justiça de São Paulo acolheu, nesta sexta-feira (16), a denúncia apresentada pelo Ministério Público (MPSP) contra Renato Cariani. Assim, o influencer fitness se tornou réu por suspeita de tráfico de drogas. Além dele, outras quatro pessoas também foram denunciadas pelo crime: Roseli Dorth, Fabio Spinola Mota, Andreia Domingues Ferreira e Rodrigo Gomes Pereira.
Todos eles também estão sendo investigados por associação ao tráfico e lavagem de dinheiro. Segundo o MPSP, os suspeitos “pelo menos sessenta vezes, produziram, venderam e forneceram, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, mais de doze toneladas de produtos químicos destinados à preparação de drogas”.
Eles também teriam dissimulado “os valores provenientes dos crimes de tráfico de drogas acima noticiados, por meio de depósitos em espécie realizados por interpostas pessoas, convertendo em ativo lícito o montante aproximado de R$ 2.407.216,00”. Canari é acusado pela Polícia Federal (PF) de usar uma empresa para falsificar notas fiscais de vendas de produtos para multinacionais farmacêuticas.
De acordo com a investigação, os insumos eram desviados para a fabricação de cocaína e crack, drogas que abasteciam uma rede criminosa de tráfico internacional comandada por facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC). O influencer é sócio da Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda junto com Roseli Dorth. Esta empresa vendia produtos químicos em Diadema, Grande São Paulo.
A PF informou que os dois sabiam e participavam ativamente do esquema criminoso. A investigação teria provas do envolvimento dos dois no crime por meio de interceptações telefônicas feitas com autorização judicial de conversas e trocas de mensagens. A decisão estabelece o prazo de dez dias para os réus apresentarem suas defesas. A medida cautelar solicitou que todos os cinco entreguem os passaportes em 24 horas. Eles também estão proibidos de sair do país.
Em nota enviada ao g1, a defesa de Roseli disse que “essa é, sem sombra de dúvidas, uma das investigações mais abusivas que já presenciei em minha vida profissional. O Ministério Público e a Polícia Federal se recusaram, apesar dos vários pedidos que formulei e apesar da gravidade das acusações que fazem, a ouvir a Sra. Roseli Dorth”.
“Pedimos muitas vezes para prestar depoimento e nossos pedidos foram negados: por quê? MP e Polícia ignoraram 120 documentos apresentados pela defesa, que deixam clara a verdade dos fatos. Ignoraram que a quantidade de notas fiscais que são investigadas corresponde a 1 milésimo das notas fiscais emitidas pela empresa no período. Ignoraram a total falta de consistência lógica da narrativa que forjaram: uma empresa com 42 anos de existência, mais de 800 clientes, se envolveria com tráfico, para aumentar em 1 milésimo de suas operações?”, perguntou a defesa.
“São dados objetivos. Matemáticos. A narrativa acusatória é gravemente equivocada. Mas a Polícia Federal e o Ministério Público escolheram desprezar os consistentes esclarecimentos e documentos apresentados pela defesa. O recebimento da denúncia pela Justiça abrirá espaço para que nossos esclarecimentos sejam, de fato, ouvidos: o Poder Judiciário os ouvirá Roseli Dorth, após o MP e a Polícia terem se negado, de forma absurda, a fazê-lo. Temos confiança de que, com a instrução processual, o Poder Judiciário reconhecerá que ela foi, inequivocamente, vítima de uma enorme injustiça”, finalizou.
Histórico das investigações
As buscas começaram em 2022, após uma farmacêutica multinacional ter avisado a PF que foi notificada pela Receita Federal sobre notas fiscais faturadas em nome dela, com pagamento em dinheiro não declaradas. À época, a empresa afirmou que nunca fez a aquisição do produto, que não tinha esses fornecedores e que desconhecia os depositantes.
A polícia iniciou a investigação e identificou que, entre 2014 e 2021, o grupo emitiu e faturou notas em nome de três empresas de forma fraudulenta. As autoridades interrogaram Renato e os outros dois investigados, ainda em 2023. Durante a investigação, a PF chegou a pedir as prisões, mas a Justiça negou.
A Polícia Federal revistou a mansão de Cariani no dia 12 de dezembro, durante a “Operação Hinsberg”, realizada em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado de SP e a Receita Federal. Assista ao momento:
⏯️ Veja momento em que PF cumpre mandado na mansão de Renato Cariani.
Influenciador fitness é investigado por esquema sobre desvio de produto químico usado na produção de crack.
Leia: https://t.co/xMEOznhn65 pic.twitter.com/i5oMhcucrf
— Metrópoles (@Metropoles) December 12, 2023
Após a repercussão, Cariani usou as redes sociais para negar seu envolvimento no esquema. Ele alegou ter sido surpreendido pela operação e reforçou que a empresa tem uma “história linda e maravilhosa”. Renato destacou, ainda, que sua equipe jurídica tinha pedido acesso total ao processo, para que todos pudessem entender “o que consta na investigação”. Clique aqui para assistir.