Que tristeza… Morreu na madrugada deste domingo (21), a recifense Lorena Muniz, uma mulher transexual, que foi deixada para trás dentro de uma clínica estética que pegava fogo. Na ocasião, ela estava sob o efeito de anestesia para passar por uma cirurgia de implante de próteses mamárias, logo, não tinha condições para reagir e se salvar. Mesmo assim, os funcionários a abandonaram dentro do estabelecimento completamente indefesa. Lorena inalou fumaça e ficou inconsciente por sete minutos antes de ser resgatada, segundo seu marido, o comunicador Washington Barbosa.
O caso ocorreu na última quarta-feira (17), em Taboão da Serra, São Paulo, após uma pane elétrica provocar o incêndio ainda no início da cirurgia. Lorena foi resgatada pelo Corpo de Bombeiros e ficou internada no Hospital das Clínicas respirando com a ajuda de aparelhos, mas infelizmente teve sua morte cerebral decretada hoje. A informação foi confirmada pela deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL-SP) no Twitter. “Era uma jovem mulher transexual, que estava em São Paulo para realizar um dos seus maiores sonhos. Não tenho muitas palavras diante da atrocidade que é o caso ao qual Lorena foi submetida”, compartilhou a educadora.
Era uma jovem mulher transexual, que estava em São Paulo para realizar um dos seus maiores sonhos. Não tenho muitas palavras diante da atrocidade que é o caso ao qual Lorena foi submetida.
— Erica Malunguinho (@malunguinho) February 21, 2021
Ainda no sábado (20), Washington Barbosa pediu que as pessoas fizessem uma corrente de orações pela esposa. Os dois moravam em Pernambuco, e Lorena viajou para São Paulo com o objetivo de fazer a cirurgia com um médico que, de acordo com o comunicador, era conhecido por realizar esse tipo de procedimento. Muniz tinha pago a primeira parcela da cirurgia no valor de R$ 4 mil, quantia que a empresa sequer devolveu para a família.
“Eu e Lorena tínhamos uma vida. Comum, simples, mesmo nas dificuldades constantes do racismo e da transfobia. Estávamos casados há 6 anos. Nos conhecemos numa festa junina, noite de São João. Desde que nos conhecemos, somos parceiros de vida”, desabafou Washington. O rapaz ainda explicou que eles não tinham condições para custear passagens para dois, por isso não conseguiu acompanhar a amada. Completamente desolado, Washington gravou stories desabafando sobre a morte da esposa. “R$ 4 mil reais. A vida de Lorena valeu R$ 4 mil reais, minha gente”, disse aos prantos.
Washington Barbosa desabafa sobre a morte da esposa Lorena Muniz, após ser abandonada em clínica estética pegando fogo. pic.twitter.com/PMoEqVe895
— Hey, you! (@arquivovideo) February 21, 2021
Além de Erica Malunguinho, a vereadora Erika Hilton (PSOL) ofereceu apoio emocional e jurídico para os familiares de Lorena Muniz. “Não devemos medir esforços e traçar uma estratégia jurídica e política para que a clínica, localizada em Taboão da Serra, e seus braços em outras cidades, sejam investigadas e responsabilizadas, bem como os profissionais responsáveis pelos procedimentos. É indignante, mas não podemos permitir a espetacularização da morte por negligência médica e permitir que o ocorrido com mais uma travesti passe impune. Se não pressionarmos, é o que ocorrerá”, escreveu em um comunicado divulgado para a imprensa.
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“Fui tocada profundamente por tudo que aconteceu. Muitas meninas trans e travestis são vítimas de clínicas que realizam processos cirúrgicos que não garantem a segurança e qualidade dos procedimentos. É uma realidade no Brasil. Profissionais não habilitados, ambientes inadequados. É um fato que, inclusive, também pode prejudicar pessoas que não são trans. É fundamental que os órgãos competentes fiscalizem esses locais. Ao contrário do que pensam, isso não é um processo estético, e sim parte da luta das pessoas trans e travestis em se encontrarem no corpo de suas identidades”, publicou Erica Malunguinho.
Fui tocada profundamente por tudo que aconteceu. Muitas meninas trans e travestis são vítimas de clínicas que realizam processos cirúrgicos que não garantem a segurança e qualidade dos procedimentos. É uma realidade no Brasil. Profissionais não habilitados, ambientes inadequados.
— Erica Malunguinho (@malunguinho) February 21, 2021
É um fato que, inclusive, também pode prejudicar pessoas que não são trans. É fundamental que os órgãos competentes fiscalizem esses locais.
— Erica Malunguinho (@malunguinho) February 21, 2021
Ao contrário do que pensam, isso não é um processo estético, e sim parte da luta das pessoas trans e travestis em se encontrarem no corpo de suas identidades.
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