Unisa anuncia punição para alunos de medicina que simularam masturbação em jogo de vôlei feminino

A Delegacia de Investigações Gerais de São Carlos também investiga o caso e os estudantes envolvidos

Estudantes de Medicina Unisa

Na noite desta segunda-feira (18), a Universidade Santo Amaro (Unisa) expulsou os alunos que simularam uma “masturbação coletiva” durante um jogo de vôlei feminino. Segundo o g1, o episódio aconteceu na CaloMed 2023, competição esportiva entre calouros de faculdades de medicina realizada em São Carlos, entre 28 de abril e 1° de maio. A Delegacia de Investigações Gerais de São Carlos, no interior de São Paulo, também está investigando os estudantes.

O caso ganhou repercussão neste final de semana, quando vídeos das cenas viralizaram nas redes sociais. Em nota, a Unisa afirmou que só tomou conhecimento das “gravíssimas ocorrências” na manhã de ontem e aplicou sua sanção mais severa”.

“Assim que tomou conhecimento de tais fatos, mesmo tendo esses ocorrido fora de dependências da Unisa e sem responsabilidade da mesma sobre tais competições, a Instituição aplicou sua sanção mais severa prevista em regimento”, disse a universidade. Eles não informaram, porém, quantos alunos foram desligados da instituição. O portal Metrópoles aponta seis expulsões até o momento.

Nas imagens, mais de 20 homens aparecem correndo na quadra com calças abaixadas, encenando uma “Volta Olímpica”. Em outro vídeo, os estudantes presentes na plateia simulam uma masturbação, no que fora chamado de “punhet*ço”. Os alunos faziam parte do time de futsal da Unisa e abaixaram as bermudas, enquanto o time de vôlei feminino jogava contra a Universidade São Camilo. Nos vídeos, eles aparecem encostando as mãos nas próprias partes íntimas.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a Polícia Civil de São Paulo já havia iniciado as diligências para apurar o episódio e obter o “total esclarecimento dos fatos”. O órgão, no entanto, não mencionou por quais crimes os estudantes estão sendo investigados.

Ainda em comunicado, a Unisa afirmou que está cooperando com as autoridades para as demais providências e repudiou o caso. “Considerando ainda a gravidade dos fatos, a Unisa já levou o caso às autoridades públicas, contribuindo prontamente com as demais investigações e providências cabíveis. A Unisa, Instituição com mais de 55 anos de história, repudia veementemente esse tipo de comportamento, completamente antagônico à sua história e aos seus valores”, conclui a nota.

Após a repercussão, o Centro Universitário São Camilo afirmou que nenhuma de suas alunas registrou queixa de importunação sexual. “Os alunos da Unisa, saindo vitoriosos, segundo relatos coletados, comemoraram correndo desnudos pela quadra. Não foi registrada, naquele momento, nenhuma observação por parte das nossas alunas referente à importunação sexual. O Centro Universitário São Camilo apoia todos os nossos alunos e não compactua com quaisquer atos que possam atentar contra o pudor e os bons costumes“, declarou.

A instituição não chegou a abordar diretamente a cena pela qual os estudantes são acusados de simularem masturbação.

Ontem, o Ministério da Educação enviou uma notificação para a Unisa, estabelecendo um prazo de 15 dias para uma atitude da instituição. “Em relação ao episódio que envolveu estudantes do curso de medicina da Universidade de Santo Amaro (Unisa), durante partida de vôlei feminino, o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres), já notificou a instituição para apurar quais as providências tomadas pela Unisa em relação aos fatos ocorridos, sob pena de abertura de procedimento de supervisão e adoção de medidas disciplinares”, solicitou o órgão.

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A universidade também foi cobrada pela União Nacional dos Estudantes. “Nós recebemos essa denúncia com muita revolta, é repugnante o que aconteceu nesses órgãos internados. Estamos cobrando um posicionamento diretamente da Unisa que até agora não se posicionou”, afirmou Manuella Mirella, presidente da UNE.

“Lançamos também uma cartilha da UNE explicando o que fazer e como podemos combater essa violência que acontecem quase que livremente. O que esses alunos homens pensam? Esse sentimento de impunidade, de que nada vai acontecer e isso não é verdade, por isso, cobramos um protocolo para que esses estudantes sejam punidos no rigor da lei. Ser mulher no Brasil é difícil, e ser mulher universitária é mais difícil ainda”, acrescentou Manuella.

Estudantes envolvidos foram expulsos da Unisa. (Foto: Reprodução/ Twitter)
Estudantes envolvidos foram expulsos da Unisa. (Foto: Reprodução/ Twitter)

Já o Ministério das Mulheres reforçou que atos como esse fazem parte de uma cultura misógina. “Romper séculos de uma cultura misógina é uma tarefa constante que exige um olhar atento para todos os tipos de violências de gênero. Atitudes como a dos alunos de Medicina, da Unisa, jamais podem ser normalizadas — elas devem ser combatidas com o rigor da lei”, esclareceu o comunicado.

E concluiu: “O Ministério das Mulheres reforça seu compromisso de enfrentar essas práticas que limitam ou impossibilitam a participação das estudantes como cidadãs. Vamos seguir trabalhando para que as universidades sejam espaços seguros, livres de violência”.

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Outros políticos e influenciadores também se manifestaram sobre o caso, entre eles Felipe Neto, que acionou o Ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino. Saiba mais detalhes, clicando aqui.

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