Vereador Gabriel Monteiro é acusado de assédio moral e abuso sexual por ex-funcionários, e rebate: ‘Tenho o ato filmado’

Cinco pessoas relataram ao “Fantástico” que viveram situações constrangedoras e desconfortáveis com o ex-PM e alegaram assédios e abusos por parte de Gabriel

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O vereador Gabriel Monteiro foi acusado de assédio moral e sexual por cinco pessoas ouvidas pelo “Fantástico”, da TV Globo. Com 23 milhões de seguidores nas redes, ele foi o terceiro vereador mais votado em 2020, no Rio de Janeiro. Entre as pessoas entrevistadas pela reportagem, há servidores, ex-funcionários e uma mulher que teve relações sexuais com o ex-policial militar.

Luiza é uma das que acusa Gabriel de assédio sexual. Ela trabalhava para os canais do vereador na internet e revelou que situações inconvenientes estão registradas nos vídeos em que ela ajudava o ex-PM a gravar. “Ele me abraçava assim por trás, dizia ‘te amo’ e não sei o quê, ‘você é minha amiga’. Beijava o meu rosto, saía de pênis ereto e ia mostrar para o segurança“, relatou.

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“Uma vez, foi no carro que ele começou pedindo para fazer massagem no meu pé. Puxou meu pé e fez massagem. Eu tentava tirar o pé e ele segurava. Aí foi começando a passar a mão nas minhas pernas. Foi para o banco de trás e começou a me agarrar, me morder, me lamber”, continuou ela, que ainda disse ter sido tocada por Monteiro sem autorização.

“Dá pra ver que ele chegava a passar [a mão]. Eu falava: ‘Gabriel, não gosto de gravar esses vídeos, você sabe’. E toda vez ele ficava descendo a mão. Cansou de passar a mão na minha bunda. E eu segurando a mão dele. Pedindo e pedindo”, contou. Após sete meses trabalhando para o vereador, ela acabou procurando ajuda psiquiátrica: “Queria tirar minha própria vida, porque eu me sentia culpada. Será que estou usando alguma roupa que está causando isso? Será que a culpa é minha de alguma forma? Aí eu começava a pedir a Deus para me levar”.

Gabriel Monteiro foi o terceiro vereador com mais votos em 2020, no Rio de Janeiro. (Foto: Reprodução)

O “Fantástico” também ouviu uma mulher que teve relações sexuais com o vereador. Segundo ela, que não foi identificada, o início da relação foi consentida, mas o caso evoluiu para estupro, já que Gabriel não teria interrompido o ato quando ela pediu. “Teve um momento que ele usou força. Me segurou e foi com tudo. Me deixou sem saída. Eu pedindo para ele parar, ele não respeitou. E ele ria, dizia ‘é uma brincadeira. Não leva a sério, não. Não fica chateada’. [Me senti] super abusada. Ele me machucou, agiu com agressão e força física”, afirmou.

Um funcionário, que também não quis ter sua identidade revelada, contou que era obrigado a cumprir expediente na casa de Gabriel, local onde presenciou cenas constrangedoras. “A gente ficava ali na frente e várias vezes ele foi na parte da frente da varanda da casa, e em outros cômodos a gente já viu também, com o órgão sexual para fora. E se vangloriando do tamanho do pênis. E mesmo se masturbando na frente de toda a equipe”, declarou.

Outras irregularidades

Além dessas acusações, a reportagem mostrou que em seus vídeos no YouTube, Gabriel forjava cenários e “dirigia” o que deveria ser filmado para ir ao ar na plataforma. Com ajuda de policiais militares, simulou ações de tiroteio e chamou a polícia, orientando o que seria relatado aos oficiais que chegassem.

Uma perita judicial analisou o material e concluiu que as versões bruta e editada são “incompatíveis”. “A conclusão a que se chega é que esses elementos presentes no vídeo bruto são incompatíveis com a situação de ameaça ou emboscada real. O que se percebe é que há tiros nos dois vídeos, só que esses tiros são distantes dele. Várias vezes ele orienta ‘vai para lá, filma a favela’. Ele orienta como gravar, onde gravar. Orienta a posição das pessoas. Não parece realmente que ele está sob forte emoção ou numa determinada ação ou atitude ameaçadora”, apontou Valéria Leal, diretora da ForensePro. Assista:

Gabriel Montero se manifesta

Em conversa com o “Morning Show”, da Jovem Pan, nesta segunda (28), Monteiro negou as acusações de assédio e abuso, e afirmou ter provas de que manteve apenas relações consensuais com a mulher que o denunciou. “Eu tenho um costume pessoal meu de gravar algumas vezes de forma consensual atos meus, é da minha particularidade, com permissão. Coincidentemente, tenho esse ato gravado, posso mostrar para as autoridades, não foi nada forçado. Pelo contrário, a satisfação dela é explícita. Como uma estuprada volta a querer frequentar a casa do estuprador? Não sou estuprador, tenho provas”, declarou.

Gabriel também negou que forjou situações e cenas de tiroteio para seus vídeo no YouTube: “Não é fake! Mais de 13 viaturas da polícia militar foram empenhadas no caso, mais de 4 policiais trocaram tiros, quase morreram”. O vereador também mencionou provas e exibiu trechos dos vídeos brutos feitos para seu canal. Confira:

Em um vídeo publicado em seu canal no YouTube, Gabriel alegou que os denunciantes estariam tentando “acabar com a carreira dele”. Assista: