Hugo Gloss

Vídeo: Brasileira revela momentos de pânico ao ser presa por engano em aeroporto de Londres, e aponta edição da polícia em documentos

Empresária revela momentos de pânico ao ser presa por engano em aeroporto de Londres: 'Estado de choque'; assista (Reprodução/g1)

Alline Fernandes Dutra, de 36 anos, detalhou os momentos de tensão que passou quando foi presa no aeroporto de Londres, no dia 13 de junho. Em entrevista ao g1, nesta terça-feira (16), ela explicou que foi detida por engano ao ser confundida com outra mulher. Segundo a empresária, ela ficou em uma cela por 30 horas, teve fome e chegou a passar mal por ansiedade.

A imputação era que uma mulher havia dirigido embriagada. Alline contou que foi algemada na frente dos filhos após os policiais se equivocarem com o verdadeiro nome da acusada. “Entrei em desespero total, crise de choro, eu não conseguia contentar, não conseguia falar. Chegou um momento que eles me tiraram da cela, veio uma enfermeira me examinar, porque eu estava em estado de choque, em crise constante de desespero, de choro”, recordou.

Nomes confundidos

A mulher estava com o marido, Joel Winston Petrie, que é cidadão inglês, e os dois filhos do casal: um de 3 e outro de 1 ano, ambos nascidos em Londres. Eles estavam a caminho da Itália quando foram abordados pelos agentes. Ao despachar as malas, três policiais aproximaram-se de Alline perguntando se ela era a “Alinne Fernandes”.

A brasileira negou e respondeu que se chama Alline Fernandes Dutra. O nome das duas se diferencia no último sobrenome e na grafia, um tem dois “L’s” e o outro tem dois “N’s”. No entanto, os detalhes despercebidos foram suficientes para interromper a viagem em família.

“Sou mãe de dois filhos pequenos, trabalho honestamente no Reino Unido. E o que está acontecendo não pode ficar por isso mesmo. Fui tratada como uma criminosa o tempo todo, mesmo que claramente não tinham certeza se eu era a pessoa certa”, reiterou a goiana.

Alline mostrou os machucados que ficaram após a prisão (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Prisão

No momento da abordagem, os policiais explicaram que o crime de “Alinne Fernandes” ocorreu em 16 de janeiro de 2022. Dutra ficou presa das 11h do dia 13 de junho às 17h do dia seguinte, quando foi à corte passar por uma audiência. “Falei que não sei dirigir, não tenho carteira de motorista e não estava nas redondezas onde a outra pessoa foi presa. Durante a minha prisão no aeroporto, a polícia se recusava a mostrar os dados que eles anotaram da suspeita presa em 2022, como data de nascimento, endereço, qual carro ela estava dirigindo ou onde ela foi presa”, reiterou.

Alline ressaltou que até a foto tirada durante a prisão da verdadeira acusada, chamada de mugshot, era diferente dela. “A foto claramente não era eu! Quando meu marido questionou a polícia sobre a foto, eles disseram que era irrelevante o fato de que não era eu”, contou.  Após alguns minutos de conversa, a goiana foi algemada na frente dos filhos. Dutra falou que se machucou durante a prisão, mostrando o pé inchado e marcas nos punhos.

Assista ao momento da prisão:

Cadeia

A empresária foi levada algemada no camburão até uma cela e suas digitais foram colhidas. Conforme as instruções, se a impressão digital de Alline ficasse vermelha, indicaria que ela não era a infratora. “Após a minha impressão digital ter voltado vermelha, eles ainda me mantiveram presa e não me explicaram mais nada”, apontou.

Dutra disse, ainda, que precisou implorar por remédios para dor e ficou com fome no período em que ficou detida. “Eu tive que esmurrar a porta da cela para pedir remédio, eles não queriam me dar. Eu estava com fome, eu não tinha jantado. Eles me deram uma refeição durante todo o dia, no segundo dia que fiquei presa”, desabafou.

Ao site, Dutra salientou que, durante o julgamento, a foto da suspeita do crime não estava no processo, além da omissão de informações da incompatibilidade das digitais. O nome dela ainda teria sido adicionado ao documento da prisão da verdadeira culpada.

Empresária em frente à corte após a última audiência (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

“Percebi que a polícia havia editado o documento da prisão em 2022, adicionando o meu nome completo e endereço, deixando tudo mais confuso no sistema para parecer que eu tinha algo a ver com o crime”, completou Alline. O juiz só percebeu que algo estava errado quando o vídeo que mostrava a prisão da verdadeira acusada foi exibido na corte. Em seguida, ela foi solta em liberdade condicional com uma audiência marcada para retornar.

Já no dia 28 de junho, na última audiência na Barkingside Magistrates Court, em Londres, a Justiça reconheceu que a brasileira era inocente. Agora, Alline deve andar com um documento que comprove sua inocência, em caso de abordagem policial, até que a verdadeira acusada do crime seja presa.

Denúncia

Alline Dutra entrou com uma ação por danos morais contra à polícia londrina. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral em Londres, declarou que acompanha o ocorrido e presta a assistência consular cabível à nacional brasileira.

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