Uma câmera de monitoramento registrou o momento em que o empresário Tiago Gomes de Souza, acusado de matar Cesar Fine Torresi na frente do neto de 11 anos, em Santos, litoral de São Paulo, agrediu o idoso. O vídeo, obtido pelo g1 e divulgado nesta terça-feira (18), é a primeira imagem que a Polícia Civil recebeu do caso.
Nas imagens, é possível ver o momento em que o idoso é agredido pelo empresário e cai no chão. De acordo com o vídeo, Tiago desce do carro, corre em direção à Cesar, passa por cima do canteiro e atinge a vítima. No entanto, por causa da distância da localização da câmera e do local da agressão, não há detalhes suficientes de como o crime foi praticado. Assista:
Câmera de segurança registra homem acusado de matar idoso no momento da agressão pic.twitter.com/Mwj0cxLa1W
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) June 18, 2024
O acusado afirmou à polícia, durante a reconstituição do crime, que acertou o idoso abaixo do quadril. A versão, segundo a delegada Liliane Doretto, não é compatível com o laudo preliminar da causa da morte. Na ocasião da reconstituição, o advogado de Tiago, Eugênio Malavasi, afirmou que se o laudo necroscópico apontar a morte da vítima por traumatismo craniano, a versão do cliente ganharia força. “Afirmou em solo policial que o chute foi no quadril. Assim, a prova técnica corrobora com a versão dada“, explicou.
Denúncia do Ministério Público
O promotor do Ministério Público (MP) Fabio Perez Fernandez ofereceu a denúncia de homicídio qualificado por motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima. Ele justificou as qualificadoras com base no inquérito policial. Segundo Fernandez, o fato de a vítima ter atravessado a rua fora da faixa de pedestres e encostado a mão no carro de Tiago é motivo fútil para justificar a ação do acusado, que desferiu um chute contra o tórax do idoso.
O promotor acrescentou: “A vítima acabou batendo fortemente a cabeça e sofrendo traumatismo crânio encefálico, ali ficando inconsciente, sem qualquer chance de defesa, sendo tal chute o golpe causador dos ferimentos que levaram à morte de César, que viria a ocorrer pouco depois”. Fernandez ainda solicitou que Tiago pague, no mínimo, R$300 mil aos herdeiros da vítima “para reparação dos danos morais causados pelo crime”.
O caso
Tiago Gomes de Souza, de 39 anos, foi preso por matar o aposentado Cesar Fine Torresi, de 77 anos, com uma “voadora” no peito. O aposentado foi atacado após atravessar a Rua Pirajá da Silva, em Santos, litoral de São Paulo, de mãos dadas com o neto, de 11 anos. Os dois estavam indo até um shopping. De acordo com boletim de ocorrência, Tiago dirigia o carro e freou bruscamente, momento em que o idoso apoiou as mãos sobre o capô do veículo. O motorista saiu do automóvel e o chutou no peito. Cesar foi socorrido na UPA Zona Leste, sofreu três paradas cardíacas e teve a morte constatada.
“Ele (Tiago) nem estacionou o carro. Simplesmente desceu, deixou a chave ali e foi atrás do senhor. Ele diz que houve uma discussão. O neto diz que não“, explicou a delegada Liliane Lopes Doretto. De acordo com a delegada, Tiago disse sofrer transtornos psicológicos, não conseguiu se controlar e por isso agrediu o idoso. “Disse que na hora se arrependeu e até fez manobras de ressuscitação na vítima“, afirmou.
Em entrevista ao Fantástico, divulgada neste domingo (16), Bruno Cesar Torresi, relembrou como recebeu a notícia de que seu pai tinha sido agredido na rua. “Uma criança de 11 anos que visualizou tudo ali, o avô caído no chão, me ligou desesperado“, disse Bruno, filho da vítima e pai do menino. Uma testemunha do crime, que não quis se identificar, contou ter visto a criança chorando logo depois do episódio. Ainda de acordo com ele, um entregador e um morador de rua teriam impedido o agressor de fugir.
O programa ainda divulgou que o acusado tem diversas passagens pela polícia. Em 2004, aos 19 anos, foi indiciado por estelionato; em 2009, autuado por dirigir bêbado, desacatou os agentes; em 2014, Tiago foi enquadrado por lesão corporal e ameaça à esposa, que tinha dado à luz dois meses antes; no ano seguinte, se envolveu em briga numa casa noturna; em 2017, um operador de supermercado denunciou Tiago por injúria racial; em 2021, o empresário cometeu novo desacato contra policiais. Todos os processos foram arquivados e Tiago continuou como réu primário.
Acusado chorou e pediu perdão durante reconstituição do crime
Na última quinta-feira (13), Tiago participou da reconstituição do crime feita pela Polícia Civil. No local, ele se jogou no chão e chorou, enquanto explicava à equipe de investigação como ocorreu a agressão. O trabalho contou com a presença de Tiago e do advogado dele, além de um promotor do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e autoridades policiais. O filho da vítima, Bruno, também participou.
Imagens feitas por testemunhas da reconstituição mostram o suspeito diante do corpo de um homem caído no chão, simulando o idoso. É possível ver Tiago levando as mãos à cabeça, em um gesto de desespero, e erguendo os braços na direção da multidão, como se estivesse pedindo desculpas. Assista:
Preso por matar idoso com “voadora” chora durante reconstituição do crime pic.twitter.com/omzvsdhRAb
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