Vídeo: Criança com autismo é agredida por professor de capoeira em escola no RJ, e mãe se revolta com imagens

O caso aconteceu em setembro de 2024, mas a gravação só foi liberada em março

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Joyce Siqueira, mãe de Guilherme — um menino de 11 anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) — denunciou uma agressão sofrida pelo filho. O caso aconteceu em setembro do ano passado, no Centro Educacional Meirelles Macedo, em Guaratiba, zona oeste do Rio de Janeiro, mas as imagens só foram liberadas em março.

Neste domingo (6), em entrevista ao “Fantástico“, Joyce detalhou o episódio, ocorrido durante uma aula de capoeira ministrada pelo professor Vitor Barbosa. Segundo ela, Guilherme enfrentava dificuldades em um das atividades, quando foi orientado pelo professor a utilizar uma bola para praticar.

O menino então pediu a bola a duas colegas, que se recusaram a entregá-lo. Irritado, Guilherme chutou a bola — momento em que uma das alunas reagiu com um tapa em sua cabeça. Em meio à confusão entre as crianças, Barbosa teria dado uma rasteira em Guilherme, derrubando-o no chão e segurando-o pelo pescoço, enquanto o ameaçava. Assista:

Ao dominical da Globo, Joyce contou que, após o episódio, Guilherme foi suspenso por dois dias. A escola alegou que o aluno “desrespeitou o professor e agrediu fisicamente os colegas” para justificar a decisão.

“Ele falou: ‘mãe, o professor me deu uma rasteira, me jogou no chão, eu bati com a minha cabeça muito forte no chão, meu pescoço ficou doendo. Ele botou o dedo na minha cara e falou: ‘se você fizer isso de novo, novamente, eu vou te meter a porrada’. Eu jamais imaginei que o meu filho pudesse ser agredido dentro de uma escola”, detalhou Joyce, emocionada.

Guilherme foi suspenso pela escola. (Foto: Reprodução/TV Globo)

Cinco dias depois da agressão, a mãe conseguiu uma reunião com representantes da instituição para buscar esclarecimentos. “Eu cheguei lá para conversar, para entender o que tinha acontecido e eu saí de lá sem uma resposta. Ninguém falou, assim, ele não foi agredido. Porque eu só queria ouvir isso. Ou ele foi, mas nós tomamos as medidas. A minha vontade é que ele não colocasse mais os pés dele nessa escola”, desabafou.

“Só que como que eu ia matricular ele em setembro, ele sendo uma criança com transtorno do espectro autista, numa nova escola, sabe? Quando você chega na escola e você fala que o teu filho tem autismo, não tem vaga, sabe? Meu filho foi agredido, eu me vi refém”, explicou.

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Processo

Joyce fez uma denúncia à polícia e levou o caso à Justiça, mas só teve acesso às imagens das câmeras de segurança seis meses após o ocorrido, no fim de março. “E eu olhei para o professor, quando eu saí do fórum, e eu falei para ele: ‘Eu vi o que você fez com o meu filho’. Meu braço formigou, meu rosto tremeu, e eu fui parar no hospital”, relatou.

No processo, a defesa do professor alegou que a rasteira foi uma técnica de imobilização utilizada com o objetivo de intervir e evitar novas agressões entre os alunos. A defesa acrescentou que a situação foi “prontamente controlada”.

Em nota enviada ao programa, o Centro Educacional Meirelles Macedo informou que Vitor Barbosa foi desligado da instituição e que todas as providências cabíveis foram adotadas após o episódio.

Após o caso, Joyce decidiu retirar o filho da escola. Guilherme chegou a ser matriculado em outra instituição, mas não conseguiu se adaptar. Atualmente, o menino está sendo educado em casa.

A mãe afirma que a agressão desencadeou comportamentos que Guilherme não apresentava antes. “Ele passou a ter muitas desregulações, ele batia na cabeça, batia a cabeça na parede, coisa que nunca aconteceu aqui em casa, passou a acontecer. Fiquei muito mal”, lamentou.

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