Um menino de sete anos foi acusado de furtar um pacote de biscoitos em uma loja de doces em Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo. Em um vídeo comovente nas redes sociais, a mãe do menino afirmou que o filho foi vítima de racismo e desmentiu o funcionário do estabelecimento.
O caso aconteceu na quinta-feira da semana passada, na loja Magic Doces. No registro, Giovanna Oliveira disse que estava fazendo compras com o menino quando o gerente a abordou. “A gente acabou de passar por um constrangimento muito grande. Eles acabaram de acusar o meu filho. Amanhã é a festinha dele e eu tô com diversas notas aqui de todos os lugares que eu passei hoje. E eles acusaram o meu filho de sete anos, dizendo que meu filho roubou uma bolacha, sendo que eu gastei R$500 aqui”, começou a mulher.
Ela contou que pediu provas do roubo, mas, em seguida, o funcionário disse ter havido um engano. “Ele subiu, olhou a câmera e veio pedir desculpa, e o constrangimento? E o meu filho falando: ‘Mamãe, eu não roubei’. Eu quero saber como vai ficar isso. Meu pai está vindo pra cá também, porque eu tô me tremendo. Eu tô esperando ele mostrar a filmagem do meu filho roubando, porque eu sei o filho que eu tenho”, explicou, sem conseguir conter as lágrimas. Giovanna também aparece no vídeo tentando acalmar o menino: “A mamãe sabe que você não roubou. A mamãe sabe o filho que ela educa”. Assista:
Na legenda da publicação, a mulher disse que ela e o filho “são negros, mas honestos”. “Isso foi racismo, preconceito”, escreveu. Segundo o UOL, a família pretende processar o estabelecimento. “A gente acredita que a maior responsabilidade é da loja, que detém funcionários sem o devido treinamento, funcionários não capacitados. Às vezes, eles preferem um funcionário com menos qualificação, mas que seja um pouco mais agressivo por estarem normalmente em regiões periféricas”, esclareceu o advogado José Luiz de Oliveira Júnior.
Ele acrescentou: “O peso do que aconteceu nesse aspecto é de um crime inafiançável e imprescritível que esbarra no artigo 5º da Constituição, na dignidade da pessoa humana e todos nós somos iguais em direitos e deveres. Esse tipo de violação é uma das mais graves porque somos um país de 500 anos, com 388 anos de escravidão, ou seja, nós temos reflexo disso diariamente. É uma ferida, eu chamo de herança maldita, que precisa ser extirpada no nosso meio”.
A loja Magic Doces respondeu à denúncia de Giovanna por meio de um post nas redes sociais. No entanto, após a repercussão do caso, os perfis saíram do ar. No texto, a empresa dizia que que não compactua com atitudes discriminatórias ou preconceituosas e que tratou a situação com a cliente, oferecendo suporte à família e propondo diálogo. “A mãe da criança optou por não seguir com a resolução em comum acordo e decidiu publicar vídeos nas redes sociais”, alegou em um trecho.
Ele finalizaram afirmando que “o funcionário envolvido está sendo orientado e, após a apuração completa dos fatos, sendo constatada qualquer irregularidade, todas as providências serão tomadas para que nenhuma ocorrência semelhante venha a ocorrer”.