Hugo Gloss

Vídeo: Mãe usa bateria de carro para manter filha respirando durante apagão em SP

Mãe de jovem com doença rara usa energia do carro para salvar filha no apagão de SP (Foto: Reprodução/ Redes sociais)

Uma mãe enfrentou uma situação crítica com a filha, que depende de um respirador contínuo, durante o apagão em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. De acordo com informações divulgadas pelo UOL nesta terça-feira (14), Luciana Nietto, de 47 anos, precisou improvisar com energia do carro para salvar Heloísa, de 18 anos.

“Ela não consegue ficar mais de 10 segundos sem ventilação”, relatou a mãe. A adolescente tem Atrofia Muscular Espinhal (AME) e por isso depende de uma série de aparelhos. Luciana tentou entrar em contato com a Enel ao perceber que o respirador estava oscilando. “Eu não consegui no meu celular, quem conseguiu foi a técnica de enfermagem, mas o sinal estava péssimo”, contou ela.

A mãe, então, tentou improvisar para manter os aparelhos em funcionamento. Inicialmente, Luciana conectou o respirador a um adaptador no carro que usa energia da bateria do veículo. Ela precisou de cinco extensões de energia: “Quando o respirador começou a oscilar, pensei: ‘Se ficar assim, ele vai queimar'”.

Luciana disse que ficou preocupada com a possibilidade de perder o equipamento. Entretanto, mais tarde, ela teve a ajuda de um vizinho para conseguir levar o nobreak do aparelho até uma casa próxima para carregá-lo. “O nobreak é muito pesado, então tivemos de levá-lo até a casa do meu vizinho e deixá-lo lá por três horas para carregar”, relembrou.

Heloísa também depende de outros aparelhos, como concentrador de oxigênio e aspirador de secreção. Ambos ficaram sem energia. “O cilindro de oxigênio estava no limite, e isso me deixou muito apreensiva. Se não houvesse cilindro, não teria como socorrê-la”, destacou. Outro equipamento que Heloísa precisa é a base aquecida, essencial para fluidificar a secreção traqueal. O aparelho, porém, ficou desligado, o que fez a secreção da adolescente ficar espessa.

Mesmo depois de várias ligações e a classificação de Heloísa como cliente prioritária, a energia não foi restabelecida até o sábado à tarde. “Eles sugeriram levar a Heloísa para o hospital, mas como eu faria isso sem sinal de celular para chamar uma ambulância?”, perguntou a mãe. Neste período sem energia, a fisioterapeuta de Heloísa trocou o nobreak descarregado com o de outra paciente, mas este também acabou rapidamente.

Luciana declarou que acredita que o caso só foi resolvido após ela expor nas redes sociais. “Eles ficaram desesperados e me ligaram várias vezes depois que o vídeo viralizou”, disse ela sobre a postagem em que mostrou Heloísa conectada ao respirador pelo carro. Além de toda a situação, a mediação de Heloísa, que precisa ser refrigerada, foi perdida devido ao apagão. “A medicação custa R$ 164 mil por mês, e agora perdemos tudo devido à falta de energia”, afirmou. A família aguarda novas doses.

“Eles não estão preparados para lidar com casos como o nosso. Antes era a Eletropaulo, que resolvia mais rápido, mas agora está muito pior”, continuou a mãe. “Fiquei com muito medo de, por exemplo, acontecer alguma intercorrência e a gente não ter como acionar uma ambulância (…) O susto foi grande, e a tensão não passou nem depois que conseguimos improvisar, porque o oxigênio estava no limite”, falou.

“Se eles tivessem cumprido o prazo inicial, não teríamos passado por isso. E se eu não tivesse conseguido puxar a energia do vizinho, o que teria acontecido? As pessoas precisam de energia para o conforto, mas nós dependemos dela para sobreviver”, finalizou Luciana.

Em nota, a Enel declarou que encaminhou, em caráter de urgência, um gerador para a casa da cliente: “A energia foi restabelecida ontem. A empresa reforça que, desde os primeiros momentos da tempestade, equipes da concessionária vem trabalhando incansavelmente para restabelecer a energia para os clientes que entraram com chamados ao longo dos últimos dias. Lamentamos os transtornos sofridos pela população após o severo evento climático que atingiu a área de concessão na sexta-feira passada”. 

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