Uma menina de nove anos foi encontrada morta dentro de um contêiner de lixo, em Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre, nesta sexta-feira (9). A mãe da criança é a principal suspeita do crime.
O corpo de Kerollyn Souza Ferreira foi achado sem sinais de violência aparente, mas um laudo de necropsia ainda irá atestar a causa da morte. Segundo o depoimentos de vizinhos, a menina morava próximo ao local. A polícia foi chamada e seguiu em direção à casa da criança. Lá, os agentes desconfiaram do comportamento da mãe de Kerollyn, Carla Carolina Abreu Souza, que apontou que a filha não tinha dormido em casa na noite anterior.
O que diz o pai
Kerollyn vivia com a mãe e os irmãos em Guaíba, enquanto o pai mora em Santa Catarina. Em entrevista à TV Globo, ele contou que só descobriu que a filha supostamente dormia na rua ao ouvir relatos de vizinhos. “A guria dormia na rua, a guria comia comida do lixo, os vizinhos me falaram. Era uma situação que eu não estava sabendo, não estava por dentro do que estava acontecendo”, disse Matheus Ferreira.
Ele afirmou que tentou levar a menina para sua casa em outras ocasiões, mas a mãe da criança nunca permitiu. “Sempre deixei claro para ela [a mãe]: ‘cara, se tu não quer cuidar da guria, se tu não tem paciência, então dá a guria para mim, deixa que ela fica comigo, que eu cuido e não tem problema’. Só que ela [a mãe] nunca quis, ela nunca aceitou”, acrescentou. E lamentou: “Eu mesmo nunca imaginei que chegaria a um ponto que acontecesse uma coisa dessas”. Assista:
Pai de menina encontrada morta dentro de lixeira em Guaíba se manifesta pic.twitter.com/57hPFxFZSM
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) August 12, 2024
Prisão temporária
A Polícia Civil decretou a prisão temporária de Carla por 30 dias, afirmando que a mulher torturou a filha e provocou sua morte. As autoridades apuram os crimes de tortura e homicídio qualificado. “Havia uma espécie, embora a menina tivesse nove anos, a vítima, um conflito com a mãe. Um conflito com a mãe acentuado e que não se resolvia”, explicou o promotor Fernando Sgarbossa. Para ele, a participação da mãe pode ter sido “por ação” ou “por omissão”.
Depoimentos apresentados ao Tribunal de Justiça concluíram que a mãe submetia Kerollyn a intenso sofrimento físico e mental por meio de negligência e extrema agressividade. O juiz João Carlos Leal Júnior caracterizou os atos como maus-tratos, abandono de incapaz e tortura. “Em relação ao pedido de prisão temporária, entendo ser adequada e suficiente a decretação, para o prosseguimento das investigações e apuração da autoria do delito de homicídio, ora investigado”, concluiu o magistrado.
Em depoimento, a mulher confessou ter dado um medicamento controlado à filha e voltado a dormir quando se deu conta do desaparecimento. Os policiais relataram que ela não demonstrou surpresa quando descobriu a localização do corpo, nem expressou tristeza. A mãe ainda teria ficado com raiva por ser considerada uma suspeita do crime.
O delegado Fernando Sodré afirma que a criança vivia “abandonada”: “A filha vivia solta, abandonada, dormia inclusive num carro abandonado, muitas vezes, que ficava perto da casa e da escola”.
Investigação
O Conselho Tutelar do município informou que já acompanhava o caso de Kerollyn e que havia um expediente aberto sobre violação de direitos. Testemunhas ainda serão ouvidas pela polícia e imagens de câmeras de segurança da região serão analisadas.
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