Neste domingo (7), o “Fantástico” divulgou imagens que mostraram como foi a madrugada dos jovens encontrados mortos dentro de um carro de luxo em Balneário Camboriú, Santa Catarina. As vítimas foram vistas cada vez mais debilitadas com o passar das horas, o que indicou a intoxicação gradual de monóxido de carbono para dentro do veículo.
Os jovens passaram mal após celebrarem a chegada do ano novo na praia. Tiago Ribeiro, Gustavo Elias, Karla dos Santos e Nicolas Kovaleski tinham se mudado há pouco mais de um mês de Paracatu, em Minas Gerais, para São José, em Santa Catarina. Eles estavam na rodoviária para receber a namorada de Gustavo, Geovana, que tinha chegado de viagem.
Eles deveriam seguir em direção a Florianópolis, mas por não estarem se sentindo bem, decidiram permanecer na rodoviária. Geovana é vista indo e vindo em direção ao carro várias vezes. Em uma delas, ela segurou uma garrafa plástica. Às 3h37, Karla foi retirada do veículo junto com Nicolas. Os dois acompanhados de Gustavo e Geovana foram ao banheiro.
Karla trocou de roupa e Nicolas demonstrou estar com mal-estar. A partir desde momento, todos retornam para dentro do carro que estava com o ar condicionado ligado o tempo inteiro. Apenas Geovana ficou fora do automóvel. Às 4h50 ela foi vista sentada no meio fio e fica por ali um bom tempo. Às 7h13, a jovem abriu as portas do veículo e foi em busca de ajuda.
Às 7h29 as ambulâncias do SAMU chegaram ao local e começaram a tentativa de reanimar os jovens. Esse processo durou mais de 40 minutos, mas sem sucesso. Em depoimento, Geovana disse que o grupo suspeitou de uma possível intoxicação alimentar ao passar mal. Veja o vídeo abaixo:
Vídeo mostra madrugada dos jovens que morreram dentro de um carro em Balneário Camboriú (Parte 1) pic.twitter.com/Sl3whpyB4P
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Vídeo mostra madrugada dos jovens que morreram dentro de um carro em Balneário Camboriú (Parte 2) pic.twitter.com/nMezOVLXhW
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Relembre o caso
No dia 1º de janeiro, quatro jovens foram encontrados sem vida dentro de uma BMW no Terminal Rodoviário de Balneário Camboriú, litoral norte de Santa Catarina. De acordo com informações preliminares da Polícia Civil, as mortes teriam sido causadas por uma falha mecânica que teria levado monóxido de carbono para dentro do veículo.
O delegado Bruno Effori informou que as vítimas ficaram cerca de quatro horas dentro do carro, com o ar-condicionado ligado. “Há necessidade de exames complementares. Mas a perícia apontou uma perfuração no escape entre o motor e o painel do automóvel, e que teria vazado monóxido de carbono para dentro do veículo, que teria causado asfixia e parada cardiorrespiratória nos ocupantes”, explicou Effori.
O corpo de bombeiros foi acionado às 7h30 para dar apoio ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que atendia os quatro jovens encontrados desacordados e em parada cardiorrespiratória dentro da BMW. Depois de 40 minutos de procedimentos de reanimação sem resposta, a equipe médica decretou o óbito do grupo.
A Polícia Militar informou a identificação dos três maiores de idade. O nome do adolescente, por sua vez, foi divulgado nas redes sociais, por familiares e amigos. Gustavo Pereira Silveira Elias tinha 24 anos; Tiago de Lima Ribeiro, de 21; Karla Aparecida dos Santos, de 19; e Nicolas Kovaleski, de 16 anos.
Causa das mortes
À partir da suspeita de intoxicação por monóxido de carbono, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) esclareceu ao g1 que as moléculas do gás se ligam à hemoglobina – responsável pelo transporte de oxigênio dos pulmões para todo o organismo – presente no sangue. Logo, isso dificulta a circulação e distribuição do oxigênio no corpo, o que pode levar à morte por asfixia.
Segundo o Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), o monóxido de carbono “toma o lugar” do oxigênio no nosso sangue. “O monóxido de carbono é uma substância que se liga à hemoglobina, que é aquilo que transporta o oxigênio para os tecidos. Então, quando ela se liga ao monóxido de carbono, ela impede o transporte do oxigênio, ou seja, impede que o organismo respire, que as células respirem”, afirmou o toxicologista do Fleury Medicina e Saúde, Álvaro Pulchinelli Jr.
Sintomas
Geralmente, os primeiros sintomas são cansaço e moleza, que podem evoluir para sonolência, torpor e, caso a pessoa não seja socorrida, para um quadro de coma e morte. “Então, é um quadro progressivo, não é de imediato que a pessoa que está exposta ao monóxido de carbono vai ter os sintomas, eles vão num crescente”, explicou Pulchinelli.