Hugo Gloss

Vídeo mostra momento em que criança é retirada das ferragens de avião que caiu no mar em Ubatuba; assista

Na manhã desta quinta-feira (9), um avião caiu na Praia do Cruzeiro, em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que uma criança é retirada dos destroços por equipes do Corpo de Bombeiros.

De acordo com a Prefeitura de Ubatuba, cinco pessoas estavam a bordo da aeronave: o piloto e quatro passageiros. A operação de resgate envolveu agentes da Defesa Civil, Guarda Civil Municipal, Secretaria de Segurança, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar, que trabalharam para isolar a área e retirar as vítimas.

O vídeo registra o resgate de um menino ainda com vida. Segundo a prefeitura, duas crianças e dois adultos foram resgatados. O piloto, que não resistiu ao acidente, permanece preso entre as ferragens. Assista:

Segundo informações da Gazeta de São Paulo, a aeronave teria saído da pista e avançado em direção ao mar. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que o avião, modelo Cessna 525, com matrícula PR-GFS, foi fabricado em 2008 e tinha capacidade para sete passageiros, além de dois pilotos. Apesar de estar em situação de aeronavegabilidade considerada “normal”, a operação como táxi aéreo estava negada.

Segundo Gerardo Portela, especialista em gerenciamento de risco, as condições climáticas e estruturais da pista do Aeroporto Estadual de Ubatuba não eram favoráveis para um pouso seguro. Ele acredita que o piloto tentou pousar em uma pista molhada, o que teria levado à tragédia.

“A pista e as condições climáticas não estavam favoráveis a esse pouso. Houve um problema de aderência. Ele precisava controlar a aeronave, principalmente em uma pista curta e limitada. A decolagem geralmente é feita em outro local com condições climáticas diferentes, mas aqui o piloto tentou pousar com a pista molhada, o que provavelmente resultou na dificuldade de reduzir a velocidade”, explicou Portela ao UOL.

O especialista também destacou as condições da região de Ubatuba, conhecida por frequentes chuvas e baixa visibilidade: “Essa área, que inclui Paraty e Angra dos Reis, tem alta nebulosidade e umidade. O piloto tentou pousar com a pista molhada e ainda havia combustível suficiente para manter o voo, mas talvez não o suficiente para buscar outro local seguro.”

Imagens do local mostram visibilidade comprometida, o que, segundo Portela, agravou as dificuldades para o pouso: “Observem o cenário no fundo: há pouca visibilidade, a pista molhada aumenta o risco de perda de alinhamento e aderência, resultando em derrapagem.”

Raul Marinho, especialista em aviação, também analisou o caso ao Boletim Metrópoles, explicando os próximos passos da investigação. Ele detalhou as três principais linhas de apuração: “São três linhas de pesquisa que são feitas. Uma são os fatores materiais, ou seja, qual era a condição da aeronave, se ela tinha algum problema técnico, algum problema mecânico, se ela tiver reverso, se o reverso abriu ou não, se tinha algum problema no trem de pouso e assim por diante”.

“A outra é a questão operacional e também os fatores humanos. A tripulação, se ela efetuou todos os procedimentos corretamente, se os tripulantes estavam habilitados para aquela operação e assim por diante. E a outra linha é o meio, as condições meteorológicas, porque a gente estava falando aí de uma eventual pista molhada, podia estar com uma rajada de vento, poderia ter uma série de outras questões do meio ambiente para serem avaliadas”, continuou.

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