Câmeras de segurança registraram o momento em que o subtenente da Polícia Militar de Minas Gerais, Anderson Carlos Teixeira, vai atrás de um cachorro, da raça golden retriever, chamado Churros. Segundo o UOL, o homem de 52 anos matou o animal neste sábado (9), na Praia do Morro, em Guarapari, ao disparar dois tiros, acertando-o com um.
Em imagens divulgadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus-Tratos Contra Animais nesta quarta-feira (13), é possível ver o PM sendo surpreendido pelo cachorro, que aparece sem estar preso à guia. Teixeira chega a levantar os braços, e em seguida coloca as mãos na cintura, supostamente para pegar a arma.
Churros late para o homem, mas depois sai de cena. Anderson vai atrás do cachorro. A câmera não flagra o momento exato do disparo devido a um muro no local, mas o tiro acontece na mesma rua, às 17h31. Ferido, Churros volta correndo atordoado. Em vídeo gravado de outro ângulo, o golden aparece perto dos donos, aparentemente debilitado. Ao final da gravação, o cachorro já está deitado na calçada. Uma criança de 12 anos que viu toda a cena chora no local. Assista:
PM vai pra cima de cachorro em Guarapari pic.twitter.com/DRmRlb1Sg1
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) September 14, 2023
O golden foi levado a um hospital veterinário, onde permaneceu vivo por duas horas, mas não resistiu ao ferimento. Lá, foi constatado que o tiro foi desferido de cima para baixo. A bala entrou no dorso direito, atingindo pulmões, diafragma, estômago e baço, saindo pelo flanco esquerdo.
Versão do PM
O subtenente fugiu sem prestar socorro, e foi autuado em flagrante por maus-tratos a animais. Ele foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória de Guarapari, mas o liberaram no dia seguinte após audiência de custódia, sem o pagamento de fiança. A Justiça, por sua vez, determinou que Teixeira deve seguir uma série de medidas cautelares, como não sair da Grande Vitória sem autorização prévia, não frequentar bares, boates, prostíbulos e assemelhados, além de estar proibido de utilizar arma de fogo.
De acordo com o Boletim de Ocorrência, o PM aposentado declarou que estava apenas caminhando quando foi atacado duas vezes seguidas por Churros. Ele ainda informou que pediu aos donos do cão que o segurassem, pois o animal estava sem a focinheira. Às autoridades, Anderson alegou que sacou a pistola e atirou uma vez a fim de resguardar sua integridade física.
A Polícia Militar de Minas (PMMG) explicou que trata-se de ocorrência envolvendo policial militar aposentado e, por ser crime comum e não militar, o fato será apurado pela Polícia Civil do Espírito Santo, que receberá as imagens junto com todas as informações que foram apuradas. A PMMG continua acompanhando o caso.
Tutora do cachorro se pronuncia
Ao UOL, a tutora de Churros, Iasmin Lima, afirmou que Teixeira foi com a intenção de tirar a vida do pet. Segundo ela, a tragédia aconteceu na frente dos irmãos dela, de 12 e 9 anos, e da filha, de apenas 1. Iasmin prestou esclarecimentos do caso na CPI, organizada na Assembleia Legislativa do Espírito Santo. Ela foi acompanhada de Volks, golden retriever, que é pai de Churros, e durante o discurso se emocionou.
“Ele não pensou duas vezes. O cachorro já tinha saído de perto dele, estava perto do meu irmão de 9 anos. Ele foi pra matar o Churros, porque ele mirou. Eu olhei na cara dele, ele mirou para acertar, para ser certeiro o tiro”, disse Lima. “Só que o Churros correu na hora. Ele começou a pular e a chorar afoito. Todo mundo ficou paralisado. Tentamos tirar as crianças dali, porque em momento nenhum ele abaixou a arma”, acrescentou, às lágrimas.
CPI
Teixeira foi notificado para comparecer à CPI, mas não o fez. Ao veículo, a deputada Janete de Sá (PSB), um dos membros da comissão, expressou sua indignação e informou quais medidas serão tomadas. “Ele não teve o respeito e a dignidade de comparecer à convocação feita legitimamente pela CPI”, observou.
“Nós vamos convocá-lo por mais duas sessões e, na ausência do autor dos disparos, nós vamos entrar com um pedido de condução coercitiva, para que ele seja obrigado por força policial a comparecer aqui. O Ministério Público também fará uma notificação ao policial”, acrescentou Janete. “Pedimos à polícia uma necropsia no corpo do animal, para identificar se o crime foi de defesa ou execução”, concluiu.
Iasmin assinou um termo circunstanciado (TC) “por não guardar com a devida cautela animal perigoso”, e foi liberada após assumir o compromisso de comparecer em juízo.