Uma idosa de 63 anos, identificada como Lenilda Messias, foi agredida por policiais militares em Barueri, na grande São Paulo, na noite desta quarta-feira (4). Os oficiais também deram um mata-leão no filho dela, Juarez Higino Lima Junior, de 39 anos. O momento foi gravado e circulou na internet.
Juarez estava na frente de casa com o filho Matheus Higino Lima Silva, de 18 anos, quando foram abordados pelos policiais na Rua Mar Negro. O veículo estava com o licenciamento atrasado, por isso seria apreendido. O pai, então, conversou com os agentes, dizendo que iria tirar os pertences da moto antes dela ser levada. Os PMs, por sua vez, teriam se exaltado.
Segundo a versão da Polícia Militar, apresentada no boletim de ocorrência, Juarez e Matheus resistiram à ação e correram para o interior da garagem. O documento também aponta que eles teriam xingado os agentes de “seus lixos”.
Posteriormente, os oficiais voltaram com reforços e entraram na residência, agredindo o pai e o filho com golpes de cassetete. A abordagem se transformou em uma confusão generalizada. Nas imagens, é possível ver que um dos PMs chegou a aplicar em Juarez, um golpe de mata-leão, proibido pela instituição desde 2020.
Em outros registros é possível ver Lenilda tentando conversar com um dos policiais. Ele começa a gritar, empurra e chuta ela, e depois a segura pelo capuz do moletom. Neste momento, a idosa já aparece com o rosto sangrando, ofegante e aos prantos.
De acordo com a CNN Brasil, testemunhas chegaram no local e ajudaram a família a fechar o portão da garagem. Ao conseguirem, os militares arrombaram o portão e entraram com “brutalidade”. “Bateram em mim, no meu filho, na minha mãe e na minha irmã”, afirmou Juarez.
Assista ao momento:
PM de São Paulo espancando uma idosa!
Caso isolado 3222.343883.4939393939339 pic.twitter.com/pKBSkzBg9p
— Enfermeiro do Lula 🦑🚩🇧🇷 (@enf_intensiva) December 5, 2024
“Como é que a justiça pode fazer isso?” Pergunta a idosa de 63 anos sangrando
E essa violência foi para “averiguar possíveis documentos vencidos da motocicleta de Juarez”
Como é que a polícia de SP pode fazer isso, @tarcisiogdf ? pic.twitter.com/Etf0Yz7vUq
— Ro (@Ro_anna) December 5, 2024
Abordagem violenta
À TV Globo, Juarez relatou que os policiais militares entraram se forma violenta na casa, sem permissão. “Eles vieram e deram um monte de pontapé, empurraram a porta e abriram. Do jeito que eles abriram, já entraram com pistola na nossa cara, com laser, as pistolas com luz verde na nossa cara, arma grande e o cassetete batendo em todo mundo. Pegaram meu filho e levaram para o canto. Batendo nele todo o tempo e virou aquela confusão generalizada. Uma verdadeira cena de terror”, desabafou.
Devido aos ferimentos, Juarez, Matheus e Lenilda foram levados para o Pronto Socorro Central de Barueri (Sameb) e depois encaminhado à Delegacia de Polícia do município. O homem ainda disse que todos foram para o Instituto Médico Legal (IML) de Osasco para exame de corpo de delito, na manhã desta quinta (5). O caso foi registrado como desacato, resistência, lesão corporal e abuso de autoridade.
Em depoimento, os policiais envolvidos na ocorrência justificaram a entrada na residência, sem autorização, e o uso da força pela “caracterização do estado flagrancial em que se encontrava Matheus, o qual teria praticado, em tese, o crime de desacato contra os policiais”.
O que dizem as autoridades
A Ouvidoria da Polícia tomou conhecimento do ocorrido e exigiu uma mudança de postura da PM e da Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP). O órgão também pediu que Tarcísio de Freitas, governador do estado, tome as providências necessárias para “recolocar a segurança pública no seu devido lugar e proteger e defender a população”.
Em nota, a SSP afirmou que o caso foi encaminhado à Corregedoria da Polícia Militar para apuração. A pasta ressaltou que “não compactua com desvios de conduta e assegura que qualquer ocorrência envolvendo excessos será investigada e os agentes devidamente punidos”.
“A Polícia Civil analisa as imagens da ocorrência e investiga todas as circunstâncias dos fatos. O caso foi encaminhado à Corregedoria da Polícia Militar para apuração e as devidas medidas”, concluiu.
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