Nesta terça-feira (20), foi revelado o último pedido feito por Karoline Verri Alves, um dia antes de sua morte. A jovem de 17 anos foi uma das vítimas do ataque ao Colégio Estadual Professora Helena Kolody em Cambé, Paraná. O segundo óbito confirmado é o de Luan Augusto, de 16 anos, que era namorado da adolescente.
A repórter da TV Globo, Vanessa Navarro, compareceu ao velório dos jovens e falou com o padre da igreja onde o casal frequentava, que compartilhou o desejo de Karoline. A jovem e o namorado eram muito religiosos. “Em conversa com o padre, que é amigo da família, ele me disse algo sobre a Karoline, que foi a primeira vítima do tiroteio dentro do colégio. Segundo ele, a jovem pediu para se confessar no último domingo”, afirmou ela.
De acordo com o sacerdote, Alves parecia sentir que algo poderia ocorrer. “O padre falou que ela sempre dizia que queria estar preparada para caso alguma coisa acontecesse”, pontuou Navarro. A jornalista estava ao vivo no “Encontro”, e surpreendeu Patrícia Poeta com a informação.
A repórter ressaltou que o velório foi tomado por um misto de emoções. “Aqui está uma mistura de sentimentos. Muita tristeza, mas também revolta por conta de tudo o que aconteceu. Vale destacar que esse sentimento não é apenas por parte de amigos e familiares. É também de muitas pessoas que sequer conheciam os dois jovens que morreram”, observou.
Vanessa também contou sobre a devoção do casal aos compromissos religiosos. “O velório está sendo realizado no salão paroquial aqui da Paróquia Santo Antônio, pois os dois eram muito engajados com a Igreja Católica. Eles eram ativos por aqui e, por isso, eram conhecidos na comunidade”, completou.
Karoline e Luan começaram a namorar em maio do ano passado, e estavam juntos há pouco mais de um ano. Em entrevista à Record na manhã de hoje, o pai da moça, Dilson Antonio Alves, contou que os jovens planejavam se casar. “O Luan foi o primeiro namorado dela, pediram para nós (pais) o namoro, nós autorizamos. A gente via que era um namoro para casamento. Ela mesmo falava que namorava para casar”, declarou.
“Era um casal santo, sempre cumpria com as obrigações, o Luan sempre respeitoso, era um exemplo de casal. Queriam um futuro juntos, ela tinha o sonho de ter filhos e casar com ele”, completou Dilson.
Ao g1, o pai do garoto, Rodrigo Augusto, também comentou sobre o namoro do adolescente e seu compromisso com a religião. Segundo ele, o casal era voluntário da cerimônia de lava-pés, um símbolo de humildade e amor ao próximo para o catolicismo. “Os dois sempre iam juntos para a igreja. Eu estava junto sempre e via essa dedicação. Ele queria ser diretor dessa parte, estava sempre participando, ela também”, relatou.
Por fim, Rodrigo desabafou sobre a perda do filho. “Ele lutou muito. Resistiu até o último momento. Foi forte. Meu filho e a Karoline salvaram a vida dos outros alunos. Poderia ser muito pior”, lamentou.
Sobre o ataque
De acordo com informações da Polícia Militar, o autor do ataque, de 21 anos, era ex-aluno da instituição e utilizou um revólver calibre 38. Ele teve acesso ao local, dizendo que iria até a direção para solicitar documentos. Segundo o delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial, Amarantino Ribeiro, o rapaz fez pelo menos 16 disparos dentro do colégio.
O homem foi imediatamente detido pelas autoridades e as câmeras de vigilância da instituição de ensino foram recolhidas pelos agentes. Em depoimento, o suspeito afirmou que escolheu as vítimas “aleatoriamente” e que não tinha qualquer vínculo com os adolescentes. Ele será investigado por homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo.
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná informou que além da arma, o criminoso tinha um caderno com anotações sobre ataques em escolas. Os familiares do rapaz disseram às autoridades que ele é esquizofrênico e que faz tratamento para a doença. Um outro jovem de 21 anos foi preso e um adolescente de 13 anos foi apreendido, suspeitos de ajudar a planejar o ataque, segundo o secretário Hudson Teixeira.
Após o atentado, o governador Ratinho Junior (PSD) decretou luto oficial de três dias. As aulas da instituição foram suspensas por tempo indeterminado.
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