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Jovem descobre que sofre de síndrome raríssima após assistir a “Grey’s Anatomy”: “Nível inacreditável de dor”

Nem Shonda Rhimes seria capaz de criar uma trama como essa! A série de sucesso “Grey’s Anatomy” pode até ser ficção, mas para Emilie Levy, uma jovem de 22 anos, a atração lhe ajudou a desvendar um “mistério médico”.

Segundo relato divulgado pelo The New York Times, Levy, que nasceu em Israel, sofria de dores inexplicáveis ​​nos pulsos e tornozelos desde os 12 anos. Ainda durante a adolescência, ela também passou a sofrer deslocamentos do ombro, quadril e mandíbula e mesmo com incontáveis visitas ao hospital, os médicos nunca conseguiram identificar o que estava de errado com ela.

No entanto, enquanto assistia ao drama médico estrelado por Ellen Pompeo, a jovem reconheceu seus próprios sintomas em um dos personagens na telinha. “Eu estava assistindo à 13ª temporada quando vi algo. Havia uma paciente do sexo feminino reclamando de ressaca depois de apenas uma bebida e, durante o exame, eles conseguiram deslocar facilmente todo o braço dela”, contou Emilie ao NeedToKnow.online.

Alex Karev (Justin Chambers) no 4º episódio da 13ª temporada de “Grey’s Anatomy”, cena que ajudou Emilie a descobrir sua condição médica. (Foto: Reprodução/ABC)

A universitária apontou que, ao longo dos anos, ficou “quase imediatamente de ressaca” com quantidades pequenas de álcool, embora nunca soubesse o porquê até aquele momento. “Depois que os vi deslocando o ombro, lembro-me de pensar: ‘Isso me lembra exatamente de mim mesma'”, disse ela.

A mulher no episódio de “Grey’s” acabou sendo diagnosticada com a Síndrome de Ehlers-Danlos (SED), um distúrbio hereditário raro do tecido conjuntivo caracterizado por um defeito na biossíntese do colágeno. As manifestações clínicas podem repercutir na pele, articulações, vasos sanguíneos e órgãos internos.

A descoberta, infelizmente, não foi o divisor de águas que Emilie esperava — isso porque, mesmo depois de reconhecer todos os seus sintomas na TV, os médicos disseram que ela estava errada e culparam os deslocamentos que sofria à Síndrome de Hipermobilidade. Eventualmente, ela procurou uma segunda opinião e, em 2019, finalmente foi diagnosticada com a SED.

Emilie Levy descobriu Síndrome de Ehlers-Danlos após assistir à episódio de “Grey’s Anatomy”. (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Infelizmente, o diagnóstico não ajudou a jovem a escapar dos sofrimentos da doença. Em setembro de 2020, Levy se envolveu em um acidente de carro e deslocou as costelas depois que outro motorista adormeceu ao volante e colidiu com seu veículo. Apenas seis meses depois, sua região torácica e tórax foram deslocados como resultado. “Foi como um dominó, desde o momento em que a primeira costela se deslocou, a deterioração foi tão rápida, que a cada dia piorava”, lamentou.

Se ela se curvasse, dirigisse ou ficasse sentada por mais de 30 minutos, levantasse objetos, tossisse ou simplesmente respirasse, suas costelas se deslocavam. A jovem passou meses acordando no meio da noite, a cada dez minutos, para colocar as costelas de volta no lugar. “Cheguei a um ponto em que disse aos meus pais que não conseguia me imaginar vivendo assim, com um nível inacreditável de dor, nem por mais dois meses”, recordou.

Embora não haja uma cura para Ehlers-Danlos, Levy pesquisou “tratamento da síndrome da costela escorregadia” online e finalmente encontrou um centro médico que tratava sua condição. “Foi a primeira vez que encontrei alguém explicando exatamente do que eu vinha reclamando todos esses meses”, disse ela.

Chorando, ela sentou seus pais para assistir ao clipe que descobriu e acabou voando para a Flórida meses depois. “Eu voei para a clínica deles por três meses para passar por um tratamento importante, que acabou levando a uma grande melhora na minha função, onde parei de me deslocar”, revelou.

As dificuldades da doença, bem como a forma que descobriu sua condição, inspiraram Levy a se tornar médica, objetivo que atingiu em fevereiro de 2022, quando abriu uma clínica médica com o cirurgião Dr. Yeshaiau Benedict em Israel. “A clínica se concentra na proloterapia, uma forma regenerativa de tratamento que pode fazer uma diferença significativa na vida dos pacientes de Ehlers-Danlos e muitas outras lesões e dores ortopédicas, incluindo várias lesões esportivas”, se orgulhou ela. Emilie, por sua vez, precisará de seus próprios tratamentos de proloterapia para o resto de sua vida.

Sua condição e a maneira como descobriu a doença inspiraram Levy a se tornar médica. (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Com a ajuda do especialista, que ela chamou de “cirurgião ortopédico excepcional e incomum”, Levy agora tenta ajudar “o maior número possível de pessoas”. “Emilie é uma mulher de apenas 22 anos, mas ela percorreu um longo caminho em sua curta vida – ela é uma mulher inteligente, teimosa e inteligente. Ela persegue seus objetivos na vida e não gosta que [ninguém] a impeça”, disse Benedict. “Sou grata pelo privilégio que me foi concedido e por ajudar as pessoas a voltar às suas vidas e curar sua dor”, concluiu a jovem.

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