O compartilhamento de senhas da Netflix pode estar com os dias contados! Segundo o “The Wall Street Journal”, a gigante do streaming vai colocar um ponto final na possibilidade no início de 2023 e cobrará um adicional pelo serviço. Um levantamento da empresa apontou que cerca de 100 milhões de telespectadores assiste às produções com senhas emprestadas.
Os acionistas da Netflix entenderam que o problema se agravou em 2019, mas foi “mascarado” pela pandemia de Covid-19, que trouxe quase 16 milhões de novos assinantes apenas no primeiro trimestre de 2020. A princípio, a mudança será implementada nos Estados Unidos, que, junto ao Canadá, acumula 30 milhões de usuários dividindo a senha com alguém.
De acordo com a publicação, as diretrizes da empresa já foram modificadas, afirmando que as contas devem ser compartilhadas apenas por pessoas que moram juntas. As novas regras, inclusive, serão aplicadas com base em endereços IP, IDs de dispositivos e atividade da conta. A mudança será feita de forma gradual, para que os usuários não entendam como “algo complexo”. “Não se engane, não acho que os consumidores vão adorar logo de cara”, teria dito o co-CEO da Netflix, Ted Sarandos, para os investidores.
A tendência é que a plataforma cobre algo em torno de US$ 6,99 (R$ 36 na cotação atual do dólar) por lá como adicional pelo benefício. A companhia já realiza testes na América do Sul e cobra perto de US$ 3 (aproximadamente R$15). Nos testes, a empresa permite que os assinantes paguem para compartilhar contas com até duas pessoas fora de casa.
Ao invés de impedir que os usuários acessem a conta de outra pessoa, a Netflix apenas solicita um código de verificação para o dispositivo. O código é enviado ao proprietário e deve ser inserido em até 15 minutos. A pessoa pode assistir ao conteúdo depois de colocar o código, mas continua recebendo mensagens até que o dono da conta pague a taxa mensal. A empresa está avaliando planos semelhantes para os EUA.
Apesar dos esforços, o streaming ainda enfrenta dificuldades. A publicação afirma que ainda não é possível determinar quando um titular da conta está viajando e acessando o serviço de outro local, ou quando são jovens que dividem o tempo entre as casas dos pais, por exemplo. Outro empecilho são os usuários que acessam a plataforma no celular, geralmente fora de casa.
Analistas da Cowen Inc. estimam que a mudança pode gerar uma receita adicional de US$ 721 milhões no próximo ano para a Netflix, somente nos EUA. Segundo o TWS, apesar de pioneira, a empresa não será a única a cobrar pelo serviço. Outras companhias como Disney +, HBO Max e Paramount + devem passar a analisar com atenção o compartilhamento de senhas. No entanto, segundo os especialistas, todos correm o risco de subestimar a quantidade de clientes que cancelariam a assinatura no lugar de pagar pela nova funcionalidade.
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