Hugo Gloss

Após 13 anos, arquiteto é preso suspeito de ser um dos serial killers mais procurados dos EUA; saiba o que o entregou

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Na última quinta-feira (13), um suspeito de uma série de assassinatos foi preso nos Estados Unidos. Rex Heuermann, de 59 anos, é apontado como responsável pela morte de 9 mulheres, um homem e um bebê. Os crimes mobilizaram as autoridades em uma busca na praia de Long Island, em Nova York, em 2010. O caso ficou conhecido como “Gilgo Four”, em referência à praia onde as vítimas foram encontradas. As informações são do The New York Times.

O comissário de polícia de Suffolk, Rodney Harrison, declarou para imprensa que o suspeito tinha sido preso na região de Manhattan. Na manhã da última sexta-feira (14), as autoridades realizaram uma busca na residência dele. “Rex Heuermann é um demônio que anda entre nós. Um predador que arruinou famílias. Se não fosse pelos membros dessa força-tarefa, ele ainda estaria nas ruas hoje”, declarou o comissário, que também ofereceu condolências às famílias das vítimas.

Autoridades revelaram o conteúdo encontrado no computador do suspeito. (Getty Images)

Para os membros da família de Amber Costello, Melissa Barthelemy e Megan Waterman. Só posso imaginar o que você teve que suportar na última década sabendo que seu assassino ainda estava solto. Deus os abençoe”, disse Harrison.

Nos últimos anos, a polícia usou uma sofisticada tecnologia para identificar a localização de celulares descartáveis que o suposto assassino usou para entrar em contato com as mulheres horas antes do desaparecimento delas. Através de mapeamento, eles localizaram a origem das chamadas em uma pequena área onde Rex morava e outra próxima ao seu escritório. “Para cada um dos assassinatos, ele conseguiu um telefone descartável individual e usou para se comunicar com as vítimas. Então, logo após a morte das vítimas, ele se livrava do telefone, queimando.o aparelho”, contou o promotor distrital do condado de Suffolk, Ray Tierney, durante entrevista coletiva.

As autoridades explicaram que reduziram os registros da torre de celular de milhares de indivíduos para um punhado de pessoas. Eles se concentraram nos moradores que também correspondiam a uma descrição física dada por uma testemunha que havia visto o suspeito e a conexão com uma caminhonete verde que ele foi visto dirigindo. Mais tarde, a polícia descobriu que Rex usava um carro do mesmo modelo, mas registrado em nome do irmão.

As evidências apontam que os filhos e a esposa de Heuermann estavam fora do estado quando três mulheres foram mortas. Segundo o promotor, uma varredura no computador do arquiteto revelou que ele vasculhou a internet pelo menos 200 vezes em busca de detalhes sobre o andamento da investigação. O histórico de navegação mostrou buscas por pornografia de tortura e “representações de mulheres sendo abusadas, estupradas e mortas”. O suspeito também estava procurando compulsivamente por imagens das vítimas, assim como dos seus familiares. Ele tentou rastrear os parentes das moças encontradas na praia de Long Island, de acordo com o promotor.

Além disso, os registros de cobrança de telefone celular e cartão de crédito mostravam que Heuermann estava nos locais dos crimes com os telefones descartáveis ​​usados ​​para ligar para as vítimas. “Bem como o uso dos celulares de Brainard-Barnes e Barthelemy ​​para verificar o correio de voz e fazer provocações em telefonemas depois que as mulheres desapareceram”, disseram os promotores do condado de Suffolk.

Heuermann foi indiciado com uma acusação de assassinato em primeiro grau e assassinato em segundo grau em cada um dos crimes. Ele também é o principal suspeito pelo desaparecimento e morte de uma quarta mulher. Na primeira aparição no tribunal de Long Island na última sexta-feira (14), ele se declarou inocente e foi detido sem direito a fiança. O arquiteto ainda não foi acusado no caso, mas a investigação “deve ser resolvida em breve”. A próxima audiência está marcada para 1º de agosto.

De acordo com o The New York Times, Rex vivia em Massapequa Park, que fica próximo a Gilgo Beach, onde os primeiros corpos foram encontrados em 2010. Ele viveu a maior parte do tempo na pacata cidade no subúrbio de Nova York. Os vizinhos descreveram Heuermann como um homem “comum“, que caminhava todos os dias até a estação de Massapequa Park usando terno e segurando sua pasta.

DNA

Em fevereiro de 2022, Harrison criou uma força-tarefa para se concentrar em resolver o caso, que já estava arquivado. Segundo Tierney, Rex surgiu no radar dos policiais após um investigador do estado de Nova York identificá-lo em um banco de dados. Após a localização, as autoridades colocaram ele e a família sob vigilância e coletaram amostras de DNA de itens descartados. Tierney contou que uma equipe obteve a amostra do DNA de Heuermann de restos de crosta em uma caixa de pizza que ele jogou no lixo.

O Laboratório Criminal do Condado de Suffolk recuperou um cabelo masculino num saco de estopa, usado pelo assassino, durante exame inicial dos restos mortais e materiais do esqueleto de uma das moças. A análise do DNA encontrado na vítima e na pizza mostrou que as amostras correspondiam. Os promotores afirmaram que o cabelo que eles acreditam ser da esposa de Heuermann também foi encontrado perto de três das vítimas de assassinato. O DNA citado pela polícia veio de onze garrafas que estavam dentro de uma lata de lixo do lado fora da casa de Rex.

Os cabelos encontrados em 2010 estavam degradados e os exames de DNA da época não deram resultado conclusivo. No entanto, conforme a tecnologia evoluiu, o teste mitocondrial permitiu que os investigadores fizessem a conexão. Para a CNN, Tierney explicou que as vítimas “estavam em um ambiente difícil por um período prolongado de tempo. Portanto, não havia muitas evidências forenses”.

O crime

Os assassinatos vieram à tona em maio de 2010, quando Shannan Gilbert, de 24 anos, foi dada como desaparecida em Long Island. Ela trabalhava como garota de programa e sumiu enquanto visitava um cliente em Oak Beach, um condomínio fechado perto da praia. Nas buscas, a polícia encontrou mais corpos ao longo da Ocean Parkway, a cinco quilômetros de onde Shannan foi vista pela última vez.

Na época, os corpos foram encontrados próximos um do outro e embrulhados em vários tecidos, mas nenhum era o de Shannan. Ninguém chegou a ser detido e desde então as investigações estavam tentando determinar se os assassinatos foram cometidos pela mesma pessoa. Na ocasião, pelo menos dez conjuntos de restos humanos haviam sido recuperados em dois condados.

Rex é indiciado pela morte de três mulheres e suspeito de matar uma quarta vítima. (Suffolk County Police Department)

Em 2011, as vítimas foram identificadas através de DNA, sendo elas Amber Lynn Costello, Megan Waterman e Melissa Barthelemy. Ele está sendo indiciado pela morte delas e é suspeito pelo assassinato de Maureen Brainard-Barnes. Todas estavam na faixa dos 20 anos e trabalhavam como garotas de programa. Naquele mesmo ano, os restos mortais de Valerie Mach, de 24 anos, foi encontrado. Ela tinha uma filha, vivia no sul de Nova Jersey e pagava as contas atuando como acompanhante. A jovem estava desaparecida há 20 anos.

Apenas em dezembro de 2011, os restos de Shannan foram encontrados. No entanto, a polícia não acreditava que sua morte estava ligada ao serial killer. A família dela discordou e exigiu a divulgação de novas provas, mas a investigação ficou anos sem muito avanço. Durante uma coletiva de imprensa em 2020, os policiais revelaram ter em mãos uma prova importante: uma foto. A imagem foi coletada no início da investigação e registrava um cinto de couro preto, gravado com um par de letras de cerca de meio centímetro de altura, com as iniciais “W H” ou “H M”.

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