Advogados de duas ex-estudantes de James Franco, que declaram ter sido vítimas de uma conduta sexual inadequada do ator, vieram a público se manifestar sobre a confissão do artista de que teve sexo com aprendizes de sua escola de atuação. Segundo os defensores, as falas de Franco foram “completamente insensíveis“.
Em comunicado, enviado à imprensa internacional, os advogados das atrizes Sarah Tither-Kaplan e Toni Gaal afirmaram ainda que o astro estava “cego sobre as dinâmicas de poder” e chamaram a antiga escola de Franco de “farsa”. “É inacreditável que, mesmo depois de concordar com um acordo, ele continue a subestimar as experiências das sobreviventes e ignorar sua dor, apesar de reconhecer que ele não tinha que ter começado essa escola para início de conversa“, escreveram.
Em julho, James concordou em pagar uma quantia de 2.2 milhões de dólares (aproximadamente R$ 12,5 milhões) após ser processado por apresentar um “comportamento sexual para com suas estudantes“. “Além de ser cego quanto à dinâmica do poder, Franco é completamente insensível e aparentemente ainda não se importa com a imensa dor e sofrimento que fez suas vítimas passarem com essa farsa de escola de atuação“, continuou a nota dos advogados.
Segundo eles, o comportamento de Franco “não foi um mal-entendido sobre o nome de um curso, não foi o resultado de ele estar sobrecarregado – foi, e é, uma conduta desprezível“. “Ninguém deve confundir essa entrevista com Franco assumindo a responsabilidade por suas ações ou expressando remorso pelo que aconteceu“, pontuaram, dizendo ainda que o ator tentou “se esquivar dos problemas reais lançados, pouco antes de um feriado importante, na esperança de que ele não enfrentaria nenhuma investigação sobre sua resposta“.
No Twitter, Sarah detonou a tentativa de James de esclarecer a situação. “Desculpas são insignificantes até que medidas ativas para a redução de danos sejam tomadas e direcionadas especificamente aos sobreviventes. Declarações gerais de ‘desculpe’ ou ‘Eu estava errado’ ou ‘Eu amo mulheres’, etc., não fazem nada para realmente ajudar aqueles que foram prejudicados. Dar plataforma aos abusadores e ao mesmo tempo excluir sobreviventes causa ainda mais danos“, escreveu ela.
Platforming abusers while excluding survivors causes even further harm. Survivor blacklisting is still a very real problem.
— Sarah Tither-Kaplan (@sarahtk) December 22, 2021
Nesta quarta-feira (22), James concedeu uma entrevista ao podcast “The Jess Cagle Podcast”, e admitiu ter mantido relações sexuais com alunas de sua antiga escola de atuação, a Studio 4. “Eu admito que dormi com as alunas. Eu não dormi com ninguém lá [nas aulas de ‘Cenas de sexo’], mas, ao longo do meu ensino, eu dormi com alunas e isso foi errado”, afirmou. O ator disse ter pensado que aquilo era aceitável por ser “consensual”, em seu ponto de vista. Além disso, ele negou que tenha criado a escola para ter acesso às mulheres.
“Como eu disse, não é por isso que eu dei início à escola e não era eu quem selecionava as pessoas que estariam nas aulas. Então, não foi um ‘plano mestre’ da minha parte. Mas sim, houve certas situações em que, você sabe, eu estava numa coisa consensual com alguma aluna e não deveria estar”, acrescentou ele. Após conversar com outras pessoas, Franco disse ter entendido a problemática. “Eu suponho que, na época, o meu pensamento era de que se fosse consensual, OK. É claro que eu soube, conversando com outras pessoas, outros professores, que sim, provavelmente não é algo legal”, defendeu-se.
O artista ainda avaliou esse antigo pensamento. “Na época, eu não estava lúcido, como eu disse. Então eu acredito que tudo se resume que meu critério era tipo, se isso é consensual, eu acho que tudo bem. Eu decepcionei muitas pessoas. Eu desapontei meus alunos. Eu apresentei o Oscar – eu os decepcionei. Eu decepcionei meus colegas de elenco nos meus filmes”, concluiu.