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J. K. Rowling é acusada de transfobia após apoiar pesquisadora demitida por mensagens discriminatórias: “Sexo é real”; entenda!

J K Rowling, autora de "Harry Potter" (Fotos: Getty/Reprodução/Warner Bros.)

J. K. Rowling tornou-se alvo de uma série de críticas nas redes sociais nesta quinta-feira (19). A autora da saga “Harry Potter” posicionou-se a favor de uma pesquisadora acusada de transfobia. Pouco após seu tuíte, seu nome foi parar entre os assuntos mais comentados da rede social, em meio à polêmica.

Tudo começou com a demissão da especialista em impostos Maya Forstater, que trabalhava no Centro para o Desenvolvimento Global. Em uma série de publicações, ela questionou os planos do governo britânico de permitir que os cidadãos da população trans auto-identifiquem seus gêneros. Maya chegou a dizer que “homens não podem se transformar em mulheres”.

Não demorou até que a questão caísse na boca do povo, com a hashtag #IStandWithMaya (“Eu estou com a Maya”) reunindo apoiadores da pesquisadora, incluindo a própria J. K. “Vista-se como quiser. Chame a si mesmo como quiser. Durma com qualquer adulto que consinta e queira você. Viva a sua melhor vida em paz e segurança. Mas tirar mulheres à força de seus empregos apenas por declararem que o sexo é real? #EuEstouComMaya e #IssoNãoÉUmTreinamento”, escreveu a renomada escritora. Confira:

J.K. Rowling saiu em defesa de Maya, defendendo a postura transfóbica. (Foto: Reprodução/Twitter)

Com a repercussão do assunto, não só a atitude de Rowling foi vista como transfóbica, como ela também foi chamada de “TERF”, sigla em inglês para “feminista radical trans-excludente”. O termo costuma ser usado para nomear feministas que não aceitam mulheres trans como mulheres de fato. Veja algumas queixas ao comentário da autora:

“Não é que o sexo não seja real, porque é claro que é, mas dizer que mulheres trans são homens é doloroso para as mulheres trans, já que o sexo nem sempre é igual ao gênero, especialmente quando está envolvida a disforia de gênero (condição médica real)”.

https://twitter.com/maxtheautist/status/1207670910586642433?s=20

“JK Rowling deu ao mundo um presente incrível com Harry Potter. Isso não significa que ela está acima do criticismo ou da raiva justificável. Ela já provou vez após vez que não é somente transfóbica, mas também relutante em esquecer seus preconceitos. Odeio dizer isso, mas nós não somos fãs”.

No Brasil, fãs de “Harry Potter” e da própria saga também se indignaram com a questão. Para muitos, sua declaração não foi tão surpreendente – pensando em comportamentos passados. No geral, a grande maioria usou memes e vários outros argumentos para reclamar do seu comentário e da situação. Confira algumas das reações por aqui:

https://twitter.com/oyycho_/status/1207722876725542913?s=20

https://twitter.com/magnuschvse/status/1207718365185413122?s=20

https://twitter.com/ericaeumesma/status/1207725762259955712?s=20

https://twitter.com/vminakai/status/1207719784982437893?s=20

https://twitter.com/delanarey/status/1207723738009100289?s=20

Até o momento, J. K. Rowling não voltou a comentar o assunto, nem tampouco respondeu às críticas que tem recebido por sua declaração. Vixe, gente…

Entenda o caso

Maya Forstater trabalhava para o Centre for Global Development (Centro para o Desenvolvimento Global), uma organização internacional sem fins lucrativos que luta contra a pobreza, a desigualdade social e pelo desenvolvimento dos países. Em setembro de 2018, de acordo com o Metro, ela publicou uma série de declarações transfóbicas em seu Twitter.

“Por que estou tão surpresa por pessoas inteligentes que admiro, que são absolutamente pró-ciência em outras áreas, e campeãs em direitos humanos e direitos das mulheres estão se enrolando para evitar dizer a verdade de que homens não podem se transformar em mulheres (porque isso poderia machucar os sentimentos dos homens)?”, disse ela. Olha só:

Em 2018, Maya havia publicado o tweet transfóbico enquanto trabalhava no CGD (Foto: Reprodução/Twitter)

Por conta disso, a pesquisadora acabou demitida de seu cargo, mas recorreu à Justiça contra a decisão. No entanto, nesta quinta (19) ela perdeu sua disputa nos tribunais. Segundo a BBC, um juiz avaliou que seu ponto de vista seria “absolutista”.“Não seria digno de respeito em uma sociedade democrática”, concluiu o magistrado no processo.

Quanto à J. K. Rowling, em março do ano passado, ela também já havia demonstrado apoio a falas transfóbicas, curtindo publicações de teor preconceituoso. “Mulheres não são um sentimento. É uma realidade biológica que cria a opressão feminina. Homens vestindo roupas de mulheres e se declarando assim, faz eles literalmente impactarem nas nossas definições femininas de política e de vida. Falar sobre sentimentos é juvenil, indefinível, regressivo”, disse um dos posts curtidos por ela.

J. K. Rowling, mundialmente conhecida por “Harry Potter” (Foto: Getty/Divulgação/Warner Bros)

Outro deles também criticava os “homens de vestido”. “Em meu primeiro encontro do Partido Trabalhista, homens chamaram minha atenção após eu pedir que retirassem a página 3 do calendário. Me pediram para ser mais dura, barulhenta, forte e independente. Eu não costumo me sentir apoiada. Homens de vestido conseguem uma irmandade socialista que eu nunca tive. Isso é misoginia!”, escreveu uma usuária.

Após a repercussão negativa desse caso dos likes, os representantes de Rowling afirmaram ao site PinkNews que ela não seria transfóbica. De acordo com eles, ela teria dado várias curtidas de forma involuntária, por ter segurado o celular de maneira incorreta.

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