A morte trágica e precoce de Marília Mendonça e de outras quatro vítimas em um grave acidente aéreo na última sexta-feira (4), ainda tem muitas perguntas sem respostas. Em entrevista para a BandNews TV, hoje (8), o diretor técnico do SAMU, Kleyton Carvalho, deu detalhes sobre a operação de resgate da tripulação da aeronave, e revelou a real situação com a qual ele e seus colegas se depararam ao chegarem no local.
O médico pontuou que ao receber o chamado de emergência e até mesmo nos primeiros momentos do atendimento, a equipe não fazia ideia de que o avião era de Marília Mendonça. Até porque, os desafios eram muitos. “Quando cheguei ao local, é um local de muito difícil acesso, uma coisa que chamava bastante atenção também era a quantidade de combustível. Era muito combustível no local e sem contar também que não sabíamos se a aeronave ia cair ou não sobre a cachoeira, né? É um dos atendimentos, se não for atendimento mais complicado que realizei até hoje”, garantiu.
Carvalho contou ter sido a primeira pessoa que conseguiu entrar no avião, e segundo seu relato, o corpo da cantora estava bem próximo da poltrona. “Prontamente, já verifiquei todos os sinais vitais para ver se contava com vida, que essa era a nossa esperança, né? Era só isso que nós queríamos naquele momento. Mas assim: provavelmente a causa da morte realmente foi politraumatismo, não se sabe nada. Se eles estavam de cinto ou não, não sei afirmar. Se ele rompeu durante a queda ou outro momento”, disse o médico, acrescentando que durante o resgate ninguém portava o cinto, e os corpos de Marília, Abiceli Silveira Dias e Henrique Bonfim Ribeiro estavam no meio da aeronave. Mais adiante, foi encontrado o piloto e co-piloto, Geraldo Martins de Medeiros e Tarciso Pessoa Viana, respectivamente.
Quem acompanhou o resgate pela TV observou como a aeronave tinha ficado relativamente inteira, externamente, diferente do que já foi visto em acidentes do tipo. Por conta disso, muitas pessoas acreditaram com facilidade na primeira nota divulgada pela assessoria de Marília Mendonça, alegando que todos tinham sobrevivido e encaminhados para o hospital. Kleyton Carvalho, por sua vez, deu seu parecer se esse cenário realmente era possível.
“Nós mesmos estávamos acostumados com acidentes em que aeronave toda se deflagra, se quebra, né… Mas pelo que estava dentro da aeronave, pela situação que eu me deparei dentro da aeronave, é quase impossível [as vítimas] estarem com vida. A aeronave estava bastante danificada, bastante quebrada, tinha pertences, malas sobre as vítimas. Por fora, realmente parecia que o estrago não foi tão grande. Era muito difícil, pelo estado da aeronave, ter alguém com vida”, avaliou.
O médico também falou sobre esta ter sido a primeira vez em que participou de um acidente em que o avião bateu na fiação elétrica. Por conta disso, os profissionais do SAMU ainda ficaram muito receosos para concluírem qual seria a melhor abordagem, principalmente levando em consideração a quantidade de combustível próximo da aeronave.
Kleyton Carvalho abriu o coração sobre a sensação da equipe ao identificar que uma das vítimas era Marília Mendonça. “Quando eu entrei na aeronave, é muito difícil, muito complicado. Não só por ser pessoas conhecidas, mas são vidas, né? Ceifadas pelo acidente. E eu sou um fã incondicional também da Marília, sabe? Aí foi onde que eu me deparei que era realmente o avião da Marília Mendonça, e isso assim para nós foi um grande choque”, concluiu.