A defesa de Érika de Souza Vieira Nunes, que foi presa em flagrante ao levar o tio morto para sacar um empréstimo em um banco de Bangu, no Rio de Janeiro, entrou com um pedido de habeas corpus nesta quinta-feira (18), solicitando a revogação da prisão. Os advogados também alegam que a mulher tem uma filha de 14 anos com necessidades especiais.
De acordo com o documento, ao qual o g1 teve acesso, a defesa entrou com o pedido na 2ª Vara Criminal de Bangu, bairro da agência bancária onde Érika levou Paulo Roberto Braga, de 68 anos, para sacar R$ 17 mil. O recurso ainda será analisado, mas caso não ocorra a suspensão da prisão, os advogados pedem que a mulher responda em liberdade durante as investigações.
“A ora acusada é pessoa íntegra, idônea de bons antecedentes, não pretende se furtar à aplicação da lei penal, nem atrapalhar as investigações, já que possui residência fixa“, informa um trecho do habeas corpus, segundo o portal. A defesa sustenta que a “prisão preventiva não é justa“, pois Érika “sempre se pautou na honestidade e no trabalho“.
“Ela tem uma filha especial de 14 anos e a gente já ingressou com um novo pedido para a revogação da preventiva. A criança tem uma deficiência cognitiva, motora, tem vários CIDs, eu teria que verificar isso junto a documentação, uma questão que já nasce dentro do próprio cromossomo. O que faz com que ela tenha dificuldade da fala, desenvolvimento, fica agressiva, mudança de humor, às vezes confunde realidade com imaginação“, informou a defesa à rádio CBN no Rio.
O pedido destaca ainda que “não existem mais fundamentos para a manutenção da prisão” da dona de casa, “uma vez que os indícios se baseiam em um clamor público de que Érika havia levado um cadáver até o banco para tentar aplicar um golpe do empréstimo, o que não é verdade“.
O g1 também teve acesso a fotos em que Paulo aparece vivo internado com pneumonia na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) em Bangu. O idoso aparece com uma faixa na cabeça e de barba enquanto tira duas selfies com Érika. Segundo o prontuário médico, ele ficou internado de 8 a 15 de abril, ou seja, um dia antes de sua morte. Veja:
Prisão preventiva
A juíza Rachel Assad da Cunha converteu a prisão em flagrante de Érika, que responde por vilipêndio de cadáver e tentativa de furto, em preventiva. A expectativa é de que ela seja levada para o presídio de Bangu ainda nesta sexta-feira (19). Em sua decisão, a magistrada definiu a ação como “repugnante e macabra” e explicou que a situação não se resume a definir o exato momento da morte, mas sim pela exposição do idoso.
O laudo da necropsia informou que a morte pode ter acontecido entre 11h30 e 14h30. Os dois desembarcaram do automóvel de aplicativo no estacionamento de um shopping em Bangu. Após circularem pelo centro comercial, eles foram ao banco. “A questão é definir se o idoso, naquelas condições, mesmo que vivo estivesse, poderia expressar a sua vontade. Se já estava morto, por óbvio, não seria possível. Mas ainda que vivo estivesse, era notório que não tinha condições de expressar vontade alguma, estando em total estado de incapacidade“, escreveu a juíza, segundo o g1.
Além de destacar que Érika não se preocupou com o estado de saúde de Paulo na hora de levá-lo ao banco, Rachel afirmou que ficou clara a vontade da mulher de “obter dinheiro”. A polícia também já solicitou a quebra do sigilo bancário do idoso para entender a situação financeira dele. “Tudo a indicar que a vontade ali manifestada era exclusiva da custodiada, voltada a obter dinheiro que não lhe pertencia, mantendo, portanto, a ilicitude da conduta, ainda que o idoso estivesse vivo em parte do tempo“, declarou.
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