Presentão para ninguém colocar defeito! Nesta sexta-feira (25), a aguardada série “Bridgerton” finalmente estreia no catálogo da Netflix. Baseado nos bestsellers de mesmo nome da autora Julia Quinn, o programa leva a assinatura da produtora de ninguém menos que Shonda Rhymes, nome por trás do sucesso de “Grey’s Anatomy”, “Scandal” e “How To Get Away With Murder”. Nosso boss Hugo Gloss assistiu aos episódios com exclusividade, amou tudo o que viu (!!!), e não perdeu a oportunidade de conversar com os atores Phoebe Dynevor, Regé-Jean Page, Claudia Jessie, Nicola Coughlan e Jonathan Bailey, além do produtor e roteirista Chris Van Dusen.
A primeira temporada é inspirada no primeiro livro da saga, “O Duque e Eu”, e apresenta um mundo sensual, luxuoso e cheio de competitividade da alta sociedade londrina no século XIX. Nesta época, o casamento era sinônimo de grandes negócios e era de extrema importância para as famílias nobres. Diante das pressões que todos ao seu redor faziam para encontrar “o escolhido” — e as fofocas da misteriosa Lady Whistledown, Daphne Bridgerton (Phoebe Dynevor) faz um trato com o Duque de Hastings (Regé-Jean Page) para fingirem que são um casal, mas as coisas não saem como o planejado.
“Bridgerton” tem tudo para ser mais um grande sucesso na plataforma de streaming, reunindo elementos de outros programas icônicos da TV, como “Gossip Girl” e “Downton Abbey”. A série lembra também o universo de romantismo dos livros de Jane Austen, com o diferencial das altas doses de cenas de sexo. Ui! Dito isso, embarcar em um projeto dessa grandeza, com tantos fãs, pode ser uma pressão inimaginável para tornar realidade o que habitou o imaginário de leitores no mundo todo.
“Eles já sabem o que eles querem ver, eles querem ser maravilhados, e você quer satisfazê-los dando a eles exatamente o que eles querem, mas também maravilhando e surpreendendo-os ao trazer coisas novas que as pessoas nem sabiam que queriam… Onde há tanto encorajamento, você recebe muita energia pelo fato de que esses personagens já são tão amados. E então, você tem a inspiração para brincar com ele e maravilhar as pessoas”, opinou Regé-Jean Page.
Phoebe Dynevor também avaliou a construção complexa tanto da sua personagem, quanto do Duque de Hastings. “Eu acho que é muito interessante, porque nós somos personagens tão diferentes, sabe, a história do Regé, ele vem de um lar muito despedaçado, e Daphne é o oposto, ela vem de uma casa repleta de amor”, contextualizou. “Pra mim, pessoalmente, [o desafio] foi sobre conseguir acertar no exterior, e na etiqueta da Daphne… Eu acho que, às vezes, tudo parece ser tão fácil para ela, e então nós temos esses vislumbres dela, quando… É um pouco demais pra ela às vezes, eu acho. Então foi meio que sobre conseguir balancear essas coisas, para mim”, contou.
Uma das principais características que devem saltar aos olhos do público é a representatividade da série, que provavelmente figura entre uma das únicas a driblar fatos históricos. Em “Bridgerton”, os artistas negros deixam os papéis na criadagem para assumirem seus lugares na nobreza do período regencial. “Para mim, como um homem negro, e também um homem gay, eu preciso dizer que, quando eu assisti à série e eu vi a diversidade na minha tela, quero dizer, foi demais para mim”, elogiou Hugo Gloss.
“Eu acho que todos merecem se sentirem bem-vindos em histórias como essa. E eu fico muito contente que você se tenha se sentido assim. É maravilhoso ver histórias que representam as pessoas que estão as assistindo, que representem o nosso público. Que representem a humanidade por inteiro, ao invés de deixar pessoas de fora. É tão fácil incluir pessoas nas histórias, e se na indústria criativa você não consegue criar formas de fazer isso, então você não merece o trabalho que tem”, refletiu Regé-Jean.
Apesar de ser uma série de época, “Bridgerton” conversa diretamente com os dias atuais. O ator Jonathan Bailey, intérprete de Anthony, comparou a trama com outro programa muito conhecido pelo público… “Os Bridgertons são uma família que existe em um status muito elevado na regência londrina. Eles são um pouco como as Kardashians dos tempos deles, e são super, superfamosos! Eu não sei qual Kardashian o Anthony é! Mas o Anthony é o chefe da família, e ele é um jovem garoto problemático que foi legado com a responsabilidade de chefiar a família”, falou.
O papel da Lady Whistledown, praticamente uma versão antiga da Gossip Girl que amamos, pode ser vista facilmente na forma como consumimos notícias sobre famosos, na mídia ou redes sociais. “Eu acho que isso é algo que a ShondaLand fez tão incrivelmente bem. Eles sempre conseguiram espelhar a sociedade e fazer tudo ser relevante, mas, para eles conseguirem fazer isso numa história do século XIX, mostra o quão incrível eles são”, elogiou Jonathan Bailey.
“Eu acho que a Lady Whistledown representa o Twitter. Já a necessidade de uma apresentação, para que eles [os personagens] sejam vistos, para que sejam um certo tipo de pessoas, na maneira em que a Daphne tem que fingir ser um certo tipo de moça, me soa como algo do universo do Instagram. Os bailes em que eles vão, para formarem casamentos, onde eles vão encontrar os melhores pares, me soa muito como o Tinder”, analisou o artista.
As atrizes Claudia Jessie e Nicola Coughlan, que deram vida às personagens Eloise Bridgerton e Penelope Featherington, respectivamente, perceberam como o roteiro dialoga diretamente com questões feministas pertinentes aos tempos atuais. “É um drama de época, mas quando você lê o roteiro, não soa muito como um drama de época… Os problemas pelos quais Eloise e Penelope passam… São problemas similares aos que as mulheres passam hoje em dia, sabe, pessoas projetam as expectativas do tipo ‘Você vai se casar?’, ‘Você vai construir uma carreira?’. Obviamente, mulheres atualmente têm mais escolha, mas elas ainda refletem vários dos mesmos problemas que as mulheres têm hoje”, apontou Nicola.
Na série, Eloise tem justamente a postura de questionar tudo ao seu redor. “Ela e Penelope estão certas em explorar os cérebros delas, e explorar os pensamentos delas. E questionar as coisas. A questão é, nós precisamos nos lembrar que elas têm 17 anos! Elas têm 17 anos, e são tão jovens, e lindas, e há tanta coisa para elas explorarem. E, na verdade, não há nada mais lindo do que poder representar a liberdade de uma pessoa jovem de pensar no futuro dela, e como ela quer que ele seja, e o que a autonomia delas significa para elas”, disse a atriz Claudia Jessie.
Para colocar essa história nos trilhos, o elenco precisou suar a camisa, seja para as cenas de dança ou as de luta. “Nós tivemos muitos ensaios para as sequências de dança… Eu sinto que, para quem assiste, elas transmitem algo tão bonito. Eu e Regé colocamos tanto esforço nisso com o nosso coreógrafo incrível Jack Murphy, então… Foram semanas e semanas de ensaio… E foi uma experiência tão incrível”, comemorou Phoebe Dynevor.
“Eu já dancei bastante. Eu não sou um lutador, eu realmente não sou um lutador. Eu sou um dançarino, não um lutador. Então, a ideia de ter que fazer toda aquela luta coreografada foi levemente intimidante para mim, mas nós tivemos um incrível coordenador de luta e o Regé é ótimo em termos de combate e combate encenado, então eu aprendi bastante com ele também”, entregou Jonathan Bailey.
“Bridgerton” também marca a estreia de Shonda Rhymes na Netflix, após assinar um contrato multimilionário com a empresa em 2017, e deixar o canal norte-americano ABC. O roteirista Chris Van Dusen, que integra o time da Shondaland — produtora da empresária —, explicou por qual motivo a série foi a escolhida para marcar essa nova fase.
“Eu me apaixonei por estes livros no momento em que eu os li. Eles tinham todos os elementos que eu sempre amei: eles eram sexy, eles eram engraçados, eles eram cheios de emoção, eles eram muito charmosos e havia essa família incrível no centro da história, sem falar que se tratava de um escapismo. E, escapismo era exatamente o que eu estava procurando quando li, e eu acho que é também o que vários públicos estão buscando no momento”, contou Chris.
Apesar de ter trabalhado com programas completamente diferentes do universo apresentado em “Bridgerton”, o roteirista confessou que sempre amou séries de época, mas que teve como desafio pessoal construir algo completamente moderno. “Eu acho que tudo na série é contado através do nosso ponto de vista único e contemporâneo do mundo. E acho que isso é verdade em vários níveis, você vê isso primeiramente na forma em que definimos o elenco. Nós temos um incrível elenco extenso, diverso, não só em termos de etnia, mas também se falando em idades, e todos os tipos de origem”.
“A série é bastante espirituosa e ousada, e as coisas acontecem rapidamente e as pessoas falam rapidamente, e a brincadeira é afiada e espirituosa. E também é engraçada e muito sexy, o que é algo que você normalmente não vê nos programas de época mais tradicionais. E aí, tem a aparência geral da série, que é fresca, tem uma determinada energia. Eu queria que a série fosse repleta de estilo, e fosse descolada… Tudo está enraizado no período regencial, mas o volume está um pouco mais alto, há brilho e um pouco de efervescência em tudo que estamos fazendo”, finalizou.
Confira a entrevista na íntegra: