Paris Hilton surpreendeu seu público neste mês ao revelar um lado sobre o qual nunca havia se aberto antes, em seu documentário “This is Paris”, lançado no dia 14 no Youtube. Na produção, a empresária conta que essa “loira superficial”, que estrelou o reality show “The Simple Life” e que se apresentava assim para o público, era apenas uma personagem criada por ela ao longo dos anos. Por trás da ingênua figura, há uma mulher inteligente e empreendedora. O porquê disso?! Ela explica em entrevista exclusiva ao hugogloss.com!
“Sinto que passei por tantas experiências traumáticas e, para não pensar nessas coisas, criei essa personagem que parece ter a vida perfeita de uma boneca Barbie. Depois, quando começamos ‘Simple Life’ me pediram para manter essa personagem em todas as temporadas do programa. Se tornou algo fácil porque sempre fui muito tímida, então ser essa personagem era como me esconder atrás disso e não ter que mostrar quem eu realmente era”, elabora Hilton.
Para além da timidez, a persona midiática logo se mostrou interessante para a proteger das críticas. “Quando as pessoas falavam coisas cruéis ou tentavam me magoar, eu apenas pensava: ‘Bom, eu estou interpretando tudo isso, então não estão falando de mim, estão falando dessa personagem que eu criei’. Era um abrigo que fazia com que eu me sentisse segura”, explica Paris, que chocou os fãs recentemente ao mostrar sua verdadeira voz.
No filme, a herdeira dos hotéis Hilton também revelou ao mundo que sofreu abusos físicos e psicológicos durante o período em que viveu e estudou em um internato em Utah, nos Estados Unidos, no qual ficou até os 18 anos. De acordo com a DJ e empresária, “não falar, nem pensar sobre isso” era uma promessa que ela havia feito a si mesma quando saiu de lá. “Eu tentava agir como se nunca tivesse acontecido”, reflete.
No entanto, Paris analisa que colocar tudo pra fora tem sido uma experiência positiva. “Reviver e falar sobre isso foi uma experiência catártica e terapêutica. Foi um momento de cura e empoderamento, contar a minha verdade e a minha história. E agora ver uma enxurrada de pessoas me mandando cartas e mensagens e vídeos incríveis, me agradecendo por ter coragem de falar, porque isso faz com que eles sintam que agora podem contar histórias de abuso que sofreram naquele colégio e em lugares como aquele… Isso faz com que eu me sinta muito grata”, declara.
Surpreendentemente, a história sobre a Provo Canyon School não entraria no documentário quando ele foi idealizado. “A premissa original do filme é que fosse apenas algo sobre a minha vida e a empresária que eu sou, o império que eu criei, e como tenho orgulho de tudo que já fiz na vida. E então, durante as filmagens, eu estava tão exausta e passando por tantas coisas que acabei me abrindo com a diretora sobre certas coisas que passei na minha vida, e experiências traumáticas. Mas eu nunca planejei contar isso a ninguém, foi algo que surgiu naturalmente durante as filmagens”, conta a estrela.
Não era apenas o grande público que não sabia sobre as experiências traumáticas de Paris. Foi durante as gravações do documentário que ela se abriu sobre o assunto para seus próprios pais e a irmã. A família, aliás, foi uma presença importante na produção. “Eu apenas queria que participassem as pessoas que fazem parte da minha vida e, obviamente ter a participação da minha mãe e da minha irmã é algo muito importante, porque elas me conhecem melhor do que qualquer pessoa. Elas são a minha família, então é importante que possam contar sua própria versão da história”, pondera.
Nas semanas que sucederam a decisão de se abrir sobre o que atravessou no internato, Paris fora percebendo que a experiência trouxe sérias consequências para a sua vida pessoal. A loira foi vítima de cinco relacionamentos abusivos – que acabaram até em agressão física. “Acho que isso aconteceu porque passei por tantas experiências traumáticas que eu não sabia o que era amor de verdade. Então deixei que os homens errados entrassem na minha vida, e não entendia direito o que era isso, até recentemente. Acho que se eu não tivesse frequentado esse tipo de escola, eu nunca teria deixado esse tipo de gente entrar na minha vida. Mas eu não sabia até então”, analisa.
O documentário ainda traz uma cena emblemática, feita durante o festival Tomorrowland, de 2019, em que Paris iria se apresentar. Na ocasião, o rapaz com quem ela se relacionava começa a fazer um escândalo porque Hilton não estaria dando atenção suficiente para ele. O homem então tem um acesso de raiva e chega a derrubar o notebook em que estava todo o set do show da DJ. Para Paris, foi importante colocar este momento no documentário para mostrar que os relacionamentos abusivos também podem vir acompanhados de agressões psicológicas.
“Espero que o filme deixe as pessoas confortáveis para defenderem a si próprias. E acho que essa foi uma cena muito poderosa porque foi a primeira vez na minha vida em que eu bati o pé e me defendi, e disse ‘já chega’. Então sim, é um momento poderoso e eu espero que outras mulheres e homens nessa situação possam se sentir empoderados e aptos a defenderem a si próprios porque ninguém deve ser tratado dessa forma”, declara.
Além da Tomorrowland, a produção revive o primeiro show de Paris como DJ, que se deu justamente no Brasil. Infelizmente, na ocasião, uma foto de um técnico ajustando o som no meio da apresentação fez com que a estrela fosse acusada de não comandar o próprio set, dentre outras críticas. “Eu fiquei tão chateada, eles foram tão injustos comigo. Porque eu tinha ensaiado muito e estava muito preparada, foi o meu primeiro show da vida, e o técnico de som não ajustou o som total, só o som da cabine e não o do estádio completo. Ele literalmente veio do meu lado por um segundo e apertou o botão para ajustar o som, e a foto viralizou no mundo inteiro”, relembra ela.
“Isso foi muito doloroso depois de todo o trabalho duro ao qual me dediquei nesse processo. Por conta de um segundo idiota, as pessoas inventaram toda essa história. Eu realmente tive que provar do que sou capaz e foi isso que eu fiz, agora venci o prêmio de melhor DJ feminina do ano, fui DJ residente em lugares incríveis, em Ibiza e ao redor do mundo. Toquei na Tomorrowland e fiz diversos outros shows, então sinto que provei meu valor”, comemora a DJ, que adoraria voltar para o país. “Eu amo o Brasil, é tão divertido! Mal posso esperar para voltar e fazer um show aí, e ver todos esses brasileiros que são tão alegres”, elogia.
Para Paris, o fato de ser mulher teria influenciado as pessoas a acreditarem tão fácil na história de que não pilotou o próprio set. “Com certeza. Em geral, as mulheres no mundo dos negócios, no universo dos DJs, não são tratadas com o respeito que merecem e sinto que certas coisas que são ditas sobre as mulheres não são ditas sobre os homens. As coisas estão mudando e já tenho notado muitas diferenças, há muitas mulheres fortes levantando seus próprios negócios e fazendo tantas coisas… Sinto que finalmente estamos começando a ter o respeito que merecemos. Mas ainda há um longo caminho pela frente”, pondera.
Por fim, Paris, que foi uma das pioneiras na categoria “influenciadora digital”, refletiu sobre a cultura das redes sociais que ela teria ajudado a criar. “Acho que tudo tem um lado bom e um lado ruim. A parte boa é que qualquer pessoa que tenha uma paixão ou um talento, pode filmar e disponibilizar seu conteúdo tendo a possibilidade de viver disso, ou construir uma marca ou um império a partir disso. É incrível que a tecnologia nos permita isso”, observa.
“O lado ruim é essa obsessão com a perfeição, dar tanto valor ao que as pessoas pensam de você. Não consigo me imaginar sendo adolescente e tendo que passar por toda essa pressão de quantos seguidores e curtidas você tem, pessoas cruéis comentando coisas que te magoam… É demais. É por isso que temos visto tanta depressão, suicídios que provém disso. Essa é a parte ruim”, encerra a empresária.
Confira a entrevista na íntegra:
Assista ao documentário: