Entrevista: Tom Hanks fala a Hugo Gloss sobre “Greyhound: Na Mira do Inimigo”, filme da Apple TV+ que roteirizou e estrela: “Não renunciamos à tensão em momento algum”; Assista

Roteirista e astro de “Greyhound: Na Mira do Inimigo”, Tom Hanks também precisou lidar com o impacto da pandemia do novo coronavírus na indústria cinematográfica. Inicialmente com estreia prevista nos cinemas pela Paramount Pictures, o longa foi vendido para a Apple e se tornou um filme original da AppleTV, que entra no catálogo nesta sexta-feira (10). Para falar sobre o lançamento e todo o processo de produção, o astro bateu um papo virtual bem descontraído com Hugo Gloss.

Escrito completamente por Hanks, “Greyhound” foi inspirado na obra “O Bom Pastor”, de C.S. Forester. De acordo com o ator, assim que ele leu o livro, já começou a imaginar a atmosfera que gostaria de trazer para o longa. “Eu comprei uma cópia desse livro que tinha uma ilustração na capa. Se chamava ‘O Bom Pastor’, de C.S. Forester, e retratava um homem mais velho, com cabelo grisalho esvoaçante, na balaustrada do navio, e atrás dele algum navio na linha do horizonte está afundando e pegando fogo”, recordou, na entrevista.

“Ele aparenta estar exausto e tem um cara de capacete disparando uns sinalizadores ou algo do tipo. E capturou em um sentido visual o que seria o curso da história. O stress, o cansaço, a fadiga… Então eu entendi: ‘Ok, isso vai ser uma história de comboios durante a Segunda Guerra Mundial'”, acrescentou ele sobre a ideia original. No entanto, as páginas seguintes deram um novo curso para a história.

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“Quando eu comecei a ler, acabou se mostrando ser uma história extremamente detalhada da vida íntima deste homem que nunca passou por isso antes. É a primeira missão dele, ele é muito mais velho do que todos ao redor dele, ele é um homem de carreira que só esteve ao mar no campo teórico e ele é encarregado da maior responsabilidade da vida dele até aquele momento”, descreveu o astro. “Preciso dizer que, ao ler o livro, eu tive instantaneamente a intuição de como o DNA desse filme poderia ser. Então comecei a escrever por paixão. Sem saber se alguém receberia da mesma maneira que eu ou não”, ponderou.

No longa, Tom parte numa missão arriscada pelo Atlântico para entregar milhares de soldados e mantimentos às forças aliadas durante a Segunda Guerra Mundial (Foto: Divulgação)

Quem já assistiu à produção percebe um ritmo implacável, com muita tensão e energia cercando cada cena. Hanks revelou que essa era justamente sua intenção ao escrever o roteiro. “Ninguém sabe o que está por vir. Os elementos em si são personagens nefastos. O navio é pequeno, minúsculo, tudo está em falta, comida, óleo, combustível, munição, tudo. O mar muda constantemente. Quando a noite chega, eles ficam literalmente cegos a não ser que tenha fogo no horizonte para iluminar a superfície da água. A implacabilidade do perigo é, de fato, precisa durante essas 72 horas”, explicou.

Segundo Tom, outro elemento que dá o tom tenso ao filme é seu caráter – naturalmente – episódico. “Muitas vezes, ao escreverem um filme, essa é a primeira característica que escolhem. ‘Esse filme será episódico’, então inserem diversos problemas que seguem fluindo, apenas para aumentar mais ainda a tensão, para aumentar o risco. Nós não precisamos fazer isso em ‘Greyhound’, era algo que de fato já estava lá, o tempo todo. Não precisamos inventar nada”, declarou ele.

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“Nós não precisamos inventar momentos de riscos que fossem possíveis, eles já faziam parte do conteúdo de forma contínua. Tendo isso dito… Não é que nós estejamos nos gabando, mas o filme tem apenas 88 minutos de duração, e é super denso. Porque nós não renunciamos à tensão em momento algum. Não fugimos disso e nem vamos para algum lugar seguro, apenas mantivemos tudo exatamente onde deveria estar”, completou o ator e roteirista.

Em “Capitão Phillips”, Tom já havia protagonizado um filme baseado em uma história real em alto mar (Foto: Divulgação)

Durante a entrevista, Hanks ainda analisou qual seria a relação entre seu personagem em “Greyhouse”, o comandante Ernest Krause, com o capitão Richard Phillips, protagonista de seu filme de 2013. “O Capitão Phillips tem toda a experiência que o Krause não tem. Capitão Phillips tem anos de mar. Richard Philips, com quem falei recentemente por e-mail, inclusive, tem um milhão de anos de experiência ao mar. Ela já teve de lidar com todos esses caras, com equipes, ele conhece todos os processos internos, ele conhece toda a pressão e toda a papelada de cor e salteado”, descreveu.

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“Quando os piratas Somalis entram a bordo, ele sabia exatamente como lidar com eles. Ele sabia como agir: ‘Eu não sei, não sei de nada, vocês que me digam o que fazer. Agora vocês são os capitães, eu vou apenas fazer o que vocês falarem.’ Esse é um instinto de sabedoria do qual o Capitão Krause não pode participar. Ele está reagido a informações, palites, a natureza, matemática, provocações. Acredito que o Krause tenha muito mais tensão mental porque não pode cometer nenhum erro, ele não tem a possibilidade de reagir ao momento tanto quanto Richard Phillips pôde”, comparou Tom.

Assista à entrevista na íntegra: