Ilhados com a Sogra: Severina abre coração sobre rejeição de outras famílias, conta o que mudou desde reality e revela planos

A sogra da família Tenório ainda abriu o jogo sobre um suposto convite para viagem com o resto dos participantes

Com uma nova temporada confirmada na Netflix, “Ilhados com a Sogra” provou que foi uma aposta certeira da plataforma. A produção estreou no início de outubro e ocupou o primeiro lugar no Top 10 Brasil por vários dias consecutivos. Por isso, o hugogloss.com bateu um papo com os finalistas do reality. Além dos integrantes da equipe Sassone, quem também conversou com nossa equipe foi Thyago, Mayara e Severina, da família Tenório.

Na competição, genros e noras ficaram ilhados com a mãe de seus parceiros em busca de melhorar o relacionamento e garantir o prêmio de R$ 500 mil. Apesar de não terem conquistado a final, os três foram considerados peças-chave da primeira edição do programa, já que despertaram o incômodo dos rivais e o carinho de grande parte do público. Um dos detalhes que chamou a atenção dos espectadores foi que Thyago e Severina não se conheciam antes de embarcar na experiência e se estranharam no início, fato que não demorou muito para mudar.

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Ao ser questionada sobre a relação com o genro após o programa, Severina analisou: “O que mudou na nossa vida, no meu relacionamento com o Thyago, foi exatamente isso. Nós nos tornamos melhores amigos. Nós não somos nem genro e sogra, somos melhores amigos, eu ganhei um filho. E é isso, eu estou bem feliz com o que eu consegui conquistar do coração dele e ele do meu. E é fato, não nos conhecemos de verdade, mas nós nos entregamos e nós nos doamos, e aceitamos que a gente é uma família unida e feliz”. “O reality trouxe a constituição de família que nós não tínhamos”, confirmou Thyago, que surpreendeu a sogra ao pedir a mão de Mayara em casamento no último jantar da casa.

A matriarca, que trabalha como diarista e sonha em ganhar a vida como compositora, também destacou que o reality foi importante para dar visibilidade às questões sociais no Brasil. A filha, por sua vez, concordou com a mãe. “A diferença estrutural, cultural e financeira tornou-se muito evidente no reality. Entretanto, a gente está vendo essa repercussão, a gente vê o carinho que o público está nos dando. E eu estou esperando as oportunidades aparecerem”, disse a participante.

A jovem ainda sugeriu o motivo do público ter se afeiçoado tanto com a família. “Eu acredito que esse acolhimento vem tanto da pressão, que foi visualizada lá dentro, mas acima de tudo, pelo dispensar de egos, de vaidade, até mesmo de algum medo da repercussão que poderia dar das falas e atitudes lá dentro. Acho que todos nós entramos com o intuito de fazer dar certo, fazer a nossa família acontecer. Então despidos dessas vaidades e despidos de qualquer tipo de preocupação, a gente foi para viver a experiência. Então eu acho que o público sentiu isso: uma família de verdade, que estava ali sem pudores, sem achismos, só vivenciando isso. Acho que foi isso que conquistou o coração de todo mundo”, esclareceu.

Durante quase toda a atração, Severina e Thyago foram tachados como pessoas de difícil convivência pelos outros participantes. No entanto, os espectadores notaram que outros membros do elenco, que também possuíam o gênio mais forte, não tiveram a mesma rejeição. Com toda a repercussão, a temática do racismo logo dominou os debates nas redes sociais. A sogra, porém, garantiu que mesmo acreditando em diferentes pontos de vistas, todos deveriam ser respeitados.

“Eu estava lá, convidada tanto quanto qualquer um dos participantes outros. E o meu jeito, se ele incomodou, eu sinto muito, eu só tenho a lamentar, mas eu sou essa pessoa autêntica, eu sou essa pessoa que sou acostumada com as lapadas da vida, então nada me intimida”, explicou, afirmando que a produção do programa tentou ser “o mais acolhedora possível” e disponibilizou um apoio psicológico para a família.

Ela acrescentou: “O que foi visto lá é o que realmente aconteceu e o que, infelizmente, acontece. E a gente tá aqui para combater esse câncer e para pedir encarecidamente que a sociedade entenda que não são essas questões que já foram pontuadas, de religião, de etnia, de condição biológica. Não é, gente. Não é. É o ser humano. É o ser humano Severina que estava lá, em busca de uma melhor condição de vida. O ser humano Severina estava lá porque ela queria realmente aqueles R$ 500 mil, que seria muito importante na vida dela. O ser humano Severina estava lá e usou de uma estratégia que, de algum jeito na cabeça dela, faria algum sentido. Então, tudo isso é uma questão de ponto de vista. Mas assim, o meu ponto de vista é esse, é que eu estava lá como o ser humano Severina. Eu estava lá para competir, eu estava lá de igual para igual”.

Thyago pediu a namorada em casamento (Foto: Ricardo Carvalheiro/Netflix)

Severina revelou que, apesar de entender que muitos encararam as desavenças como parte do jogo, não recebeu nenhum pedido de desculpas dos outros participantes do programa. “Quando você não sente que cometeu erro, para você é muito difícil pedir desculpas. Você julga aquele ato como uma estratégia, uma situação em que você precisava de algum refúgio para obter algum rendimento, no caso o rendimento era R$ 500 mil, que é um valor considerável. Então é isso, mas assim, eles estão vivendo a vida deles e eu estou vivendo a minha”, analisou.

Ela, inclusive, comentou sobre uma viagem que os ex-Ilhados fizeram recentemente, na qual a família Tenório não foi convidada. “Não chegou nenhuma mensagem de texto, nenhuma mensagem de voz, nem o convite impresso através de um ‘Tenórios, vocês estão convidados para participar de tal evento'”, destacou, apontando que a única pessoa que continua em contato é a sogra Cris Donatti.

Severina ainda garantiu que, caso tivesse sido chamada para o reencontro, iria sem pensar duas vezes. “A partir do momento que alguém está estendendo a mão para você, e você nega essa mão, eu acho que você é que está sendo o perverso, porque existem situações e situações. Se a pessoa estende a mão, é um ato de boa vontade, então, não cabe a mim recusar a mão de volta. ‘Ai, porque eu tenho feridas’, toda ferida cicatriza. Se é de bom grado, sabe? É sempre bom a gente ser acolhedor. E eu sou essa pessoa. Eu sou muito contundente, muito efusiva nas minhas falas, eu sou uma pessoa muito acolhedora”, disse ela.

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Depois de todos os perrengues, a família tenta reunir os recursos para se reencontrar depois da gravação do programa. Segundo Severina, a distância e a falta de dinheiro que tem dificultado a união. “Eles moram em São Paulo e eu moro no Rio. Por essa questão financeira, ainda não [nos visitamos], mas a gente conversa todo o dia, a gente manda beijo e manda felicitação, ‘bom dia, sogra’. Até esses dias eles gravando áudio, e eles ficam muito assim, interrompendo um o áudio do outro. Aí ele fala assim: ‘é minha sogra’, e ela fala assim: ‘não, é minha mãe!’”, brincou. Mas ela disse ter certeza que o futuro da família está prestes a receber boas notícias. “Com essa repercussão toda e com as nossas carreiras profissionais realmente tendo os focos que nós buscamos, eu acho que aí vai ficar mais fácil dessa visita”, concluiu. Confira a entrevista com os três na íntegra abaixo:

Severia, Thyago e Mayara conquistaram o coração do público do reality (Foto: Ricardo Carvalheiro/Netflix)

HG: Vocês chegaram muito perto de vencer o programa. E sem dúvida, foram a família que mais encontrou obstáculo, até mesmo na dinâmica interna. Severina e Thyago não se conheciam pessoalmente. O que o reality mudou na vida de vocês?

Thyago: O reality trouxe a constituição de família que nós não tínhamos. Foi necessário ir ao “Ilhados com a Sogra” para que eu pudesse conhecer a Severina de fato e ela conhecer quem é o Thyago de verdade.

Severina: É, o fato de quase chegarmos lá, não nos impede de termos feito um bom trabalho, e com esse trabalho querer que boas coisas e boas vibrações venham reverberar para nós. O que mudou na nossa vida, no meu relacionamento com o Thyago, foi exatamente isso. Nós nos tornamos “BFFs”, melhores amigos. Nós não somos nem genro e sogra, somos melhores amigos, eu ganhei um filho. E é isso, eu estou bem feliz com o que eu consegui conquistar do coração dele e ele do meu. E é fato, não nos conhecemos de verdade, mas nós nos entregamos e nós nos doamos, e aceitamos que a gente é uma família unida e feliz.

HG: Em alguns momentos, vocês perceberam e chegaram a conversar entre si sobre as diferenças sociais e econômicas para com as demais famílias. Nesse sentido, o reality teve algum reflexo? Vocês tiveram algum ganho financeiro? Apareceram novas oportunidades? Mayara já teve algum convite na atuação?

Mayara: Sim, a diferença estrutural, cultural e financeira tornou-se muito evidente no reality. Entretanto, a gente está vendo essa repercussão, a gente vê o carinho que o público está nos dando. E eu estou esperando as oportunidades aparecerem, vamos lá, TV aberta, streaming… eu sou uma ótima atriz [risos]. Brincadeiras à parte, estou sim galgando novas oportunidades. Elas ainda não apareceram, mas eu estou jogando para o universo que elas com certeza virão.

Severina: É, eu ainda continuo diarista, né? Apesar de grande repercussão, de já estar bastante famosa, a fama está sendo principalmente no setor de conhecer as pessoas. Estamos estudando parcerias, a gente está bem feliz com isso. Já temos assim, um direcionamento de carreira, né? Porque nós somos uma família de artistas. Mayara, como vocês sabem, é diretora e atriz formada pela UFRJ, tem gente que é compositora e também cantora, tem o Thyago que é um excelente comunicador, eu sou compositora. Então estamos abertos a esse tipo de convite, a esse tipo de recado. A nossa família está pronta para se mostrar para o mundo, e mostrar que nós somos uma família de artistas, além de sermos uma família de resistentes e resilientes.

HG: Severina, você disse que segue trabalhando como diarista. Já recebeu alguma outra proposta de trabalho? O que o programa mudou em sua vida, em termos mais práticos?

Severina: Infelizmente, continuo sim, porque a gente faz o que a gente gosta. E na minha vida inteira, eu aprendi a fazer também o necessário. E ainda se faz necessário, porque eu pago as minhas contas através dessa habilidade que eu executo sem nenhum problema. Não é porque eu tenho algum nível acadêmico, de instituição, que eu acho que é uma atividade que me desmereça, que me faz ser um ser humano menos melhor. Mas, assim, se eu consigo uma oportunidade melhor profissionalmente, até mesmo na área de compositora, e minhas músicas forem lançadas e fizerem sucesso, e eu chegar em um patamar financeiro confortável, isso também vai ser bom. Mas atualmente eu ainda estou sim, diarista.

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HG: No programa, vocês sofreram retaliações das outras famílias. Porém, aqui fora, o público gostou bastante de vocês e muita gente torceu pela família Tenório. Como vocês receberam esse carinho? Como que está a repercussão?

Thyago: É incrível o carinho que nós estamos recebendo de todos assim, não só do Brasil, de várias partes do mundo. Recebemos mensagens muito acolhedoras, como se nós estivéssemos sendo abraçados pelo Brasil. É inenarrável, é muito amor. E tudo isso nos dá mais força para seguir adiante. Tudo isso de gente do nosso lado é incrível.

Severina: Gente, a repercussão está maravilhosa, por incrível que pareça. Veio aqui para a capital o serviço de transmissão de rede de cabeamento, porque na região que eu moro está um pouco difícil que a gente consiga o sinal da linha de transmissão de internet. E aqui também tem uma galera grande me parando e [dizem]: “Ah, você é a Severina!”, “Eu estou lhe conhecendo”, “Eu sei quem você é”. Tá bem bom, muito, muito, muito bom o carinho do público nesse sentido. Eu já estou famosa, rica ainda não.

HG: E por que vocês acham que o Brasil acolheu tanto vocês?

Mayara: Eu acredito que esse acolhimento vem tanto da pressão, que foi visualizada lá dentro, mas acima de tudo, pelo dispensar de egos, de vaidade, até mesmo de algum medo da repercussão que poderia dar das falas e atitudes lá dentro. Acho que todos nós entramos com o intuito de fazer dar certo, fazer a nossa família acontecer. Então despidos dessas vaidades e despidos de qualquer tipo de preocupação, a gente foi para viver a experiência. Então eu acho que o público sentiu isso: uma família de verdade, que estava ali sem pudores, sem achismos, só vivenciando isso. Acho que foi isso que conquistou o coração de todo mundo.

Severina: Gente, o Brasil é composto de Severinas, né? Não só nordestinas, mas Severinas em todo e qualquer lugar desse grande país, porque somos um país majoritariamente feminino e um país majoritariamente que tem a mulher como a matriarca da família, como a provedora. Então, o Brasil inteiro se viu. E quando tem os homens, que eu também não vou desprezá-los, né? Há homens que também se veem nesse lugar de reconhecer a mulher como essa figura forte, de empoderamento. E parabéns para as mulheres Severinas, e parabéns para os homens, que reconhecem essa força feminina. E muito obrigada!

HG: Severina e Thyago foram tachados como pessoas de difícil convivência em certo ponto lá no programa. Mas outros membros do elenco, que também possuem o gênio mais forte, não tiveram a mesma rejeição das outras famílias. Aqui fora, se falou muito em uma questão de racismo. Como vocês enxergam isso?

Severina: Eu acho que assim, a gente, nosso lugar e nosso entendimento, a gente gosta muito mais de falar sobre as nossas capacidades profissionais. Eu acho que, para a gente, é mais interessante que a gente possa falar do que nós somos capazes, e não do que alguém considera que a gente não deva chegar lá, ou que se a gente chegar lá, que seja por meio de permissão. Eu acho que quando a gente conseguir entender que essa questão estrutural, ela diz muito mais a respeito do outro, do que da sua própria capacidade de fazer, da sua própria capacidade de chegar lá e mostrar que eu sou capaz, eu acho que só assim, esses “lembramentos”, ele vai fazer muito mais sentido. Porque o que eu quero que fique bem claro é que: sim, eu sou capaz. Eu estava lá, convidada tanto quanto qualquer um dos participantes outros. E o meu jeito, se ele incomodou, eu sinto muito, eu só tenho a lamentar, mas eu sou essa pessoa autêntica, eu sou essa pessoa que sou acostumada com as lapadas da vida, então nada me intimida. Eu só tenho um temor na vida, que é o temor de Deus. Todas as coisas que foram mostradas foram as que foram vistas, as que foram vistas foram as que foram mostradas. No dia em que nós pudermos nos posicionar apenas para trabalhar com as capacitações, essa questão vai deixar muito mais de ser uma coisa de “ai, tá aqui porque eu deixo, tá aqui porque eu peço que você fique”. Eu acho que é uma questão de capacitação. Eu queria muito estar falando que eu sou, realmente, uma compositora, que eu tenho aspirações futuras e que essa visibilidade me deu isso de tentar sonhar com uma vida melhor, já que eu vim de um lugar economicamente desprestigiado, desfavorecido. Então, essas questões que permeiam esse meu mundo, para mim, é uma coisa que vai muito do meu cotidiano. Quanto mais eu mostrar para as pessoas que não têm esse entendimento que eu sim, eu estou lá porque eu tenho condições de estar lá, a minha capacitação, até mesmo, sei lá, intelectual, me dá este lugar, entendeu? Sem querer tomar o mínimo lugar de ninguém, porque eu acho que mérito é uma questão impessoal, independe da sua etnia, da sua religião, da sua orientação ou condição biológica. Eu acho que esse é o grande fator, esse é o grande motivador dessas questões todas. Enquanto as pessoas não tiverem esse entendimento, esse letramento, de que as minorias rebaixadas como minorias são seres humanos capazes de estar nesse lugar, isso vai sempre se tornar uma coisa secundária, de segundo plano. O que foi visto lá é o que realmente aconteceu e o que, infelizmente, acontece. E a gente tá aqui para combater esse câncer e para pedir encarecidamente que a sociedade entenda que não são essas questões que já foram pontuadas, de religião, de etnia, de condição biológica. Não é, gente. Não é. É o ser humano. É o ser humano Severina que estava lá, em busca de uma melhor condição de vida. O ser humano Severina estava lá porque ela queria realmente aqueles R$ 500 mil, que seria muito importante na vida dela. O ser humano Severina estava lá e usou de uma estratégia que, de algum jeito na cabeça dela, faria algum sentido. Então, tudo isso é uma questão de ponto de vista. Mas assim, o meu ponto de vista é esse, é que eu estava lá como o ser humano Severina. Eu estava lá para competir, eu estava lá de igual para igual. Se eu agradei ou desagradei a maioria, eu sinto muito, mas essa é a Severina. Essa é a Severina sincera que todas as pessoas precisam conhecer porque é essa pessoa que eu sou. É essa pessoa que eu quero mostrar.

HG: Você acha, então, que não houve racismo ali?

Severina: Houve uma estratégia de jogo. Estruturalmente falando e culturalmente falando, nós sabemos que essa é uma questão que precisa ser estudada, que precisa ser combatida, precisa ser, inclusive, entendida, porque muita gente ali e em outros lugares onde eu frequentei, elas sequer percebem que estão nesse lugar. Por quê? Porque é uma coisa cultural, é uma coisa que ela internalizou mentalmente que aquele lugar pertence aos escolhidos. Então, historicamente falando, inclusive no contexto do Brasil, em que viemos de descendentes dos [que vieram de] navios negreiros, acorrentados e marginalizados. Então, na cabeça dessas pessoas, perdurou esse contexto. E, não, “esse ser humano que veio dessa condição, para a gente é muito cômodo vê-los nesse lugar”. E em uma competição, ora, se eu posso tentar fazer com que pareça que a pessoa não mereça essa competição, eu vou fazer, eu vou lançar a mão do que eu tenho. É um jogo, é uma competição. Se ela lançou a mão de uma estratégia que na cabeça dela faz sentido, eu lanço mão da minha estratégia que na minha cabeça faz sentido. Entendeu? É uma questão de ponto de vista. Por conta de ter um jogo, e o que está em jogo era dinheiro. E quando tem dinheiro em jogo, as pessoas têm uma certa agressividade em combater o adversário mais próximo, então eu acho que foi isso, foi tudo por questão de estratégia de jogo. A minha estratégia de jogo foi uma, as estratégias dos demais participantes foram outras. Acho que vai mais por esse caminho.

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HG: Em algum momento, vocês foram acolhidos pela produção do reality nesse sentido do que de fato estavam sofrendo ali? Após a exibição do programa e a repercussão, vocês chegaram a ser chamados por alguma das famílias para conversar ou quem sabe se desculpar?

Severina: Essa questão do pedido desculpas é muito relativa. Porque quando você não sente que cometeu erro, para você é muito difícil pedir desculpas, se você não julga aquele ato como erro, se você julga aquele ato, seriamente, como uma condição, uma estratégia, uma situação em que você precisava de algum refúgio para obter algum rendimento, no caso o rendimento era R$ 500 mil, que é um valor considerável. Então é isso, mas assim, eles estão vivendo a vida deles e eu estou vivendo a minha. Quando você se expõe a esse tipo de situação, você sabe que você não vai agradar todo mundo, né? Porque nem Jesus Cristo conseguiu agradar a todos. Então, há os que se agradam, e há os que se desagradam. Há os que concordam, e há os que discordam. Mas assim, a produção, no meu ponto de vista, no meu entendimento, procurou ser o mais isenta, o mais acolhedora possível. Eles tiveram o cuidado de preservar a nossa integridade física. Então essa questão do olhar do outro sobre a sua condição socioeconômica, sobre a sua condição étnica, sobre a sua condição religiosa, é uma questão muito difícil de você ficar pontuando culpados e inocentes. Mas buscar desculpas ou conciliações é uma questão muito pessoal. Então, a gente está buscando agora a nossa trajetória no foco da nossa caminhada profissional, porque a gente tem objetivos, a gente tem foco, a gente tem a nossa carreira a galgar, que não é uma carreira fácil, a gente sabe. Somos uma família de artistas que estamos buscando agora, a partir desta repercussão, desta notoriedade, deste carinho, deste abraço do público, nós estamos buscando esse caminho. Então o nosso caminho está muito focado nos resultados pós repercussão, e é isso que nós estamos atrás.

HG: Não teve nenhum contato assim?

Severina: Eu tive contato com a sogra Cris Donatti, que foi a primeira sogra que saiu que, por incrível que pareça, ela sim teve muito carinho comigo lá dentro e, nos poucos dias que nós tivemos contato, ela sim, sabe? Nós tínhamos aquela afinidade de ser humano, se é que você me entende esse contexto do ser humano. Com ela, sim, eu tive, e tenho até hoje. Ela eu sigo no Instagram, eu sigo a Cris Donatti no Instagram.

HG: Teve uma história que chegou para mim, nesse final de semana, de que as famílias fizeram uma viagem, se reuniram, e que teriam chamado vocês, chamado a família Tenório. Esse convite chegou até vocês?

Severina: Se eu disser que esse convite chegou até nós, eu vou estar sendo mentirosa. Se houve um convite ou não, nós não podemos identificar, porque até nós não chegou. Não chegou nenhuma mensagem de texto, nenhuma mensagem de voz, nem o convite impresso através de um “Tenórios, vocês estão convidados para participar de tal evento”. Esse convite, essa mensagem, nós não temos para mostrar para vocês. Então, até o que chegou aos nossos conhecimentos, não, nós não temos essa prova para mostrar. Se houve essa tentativa, nós não sabemos, nós desconhecemos, nós não tivemos contato, pelo menos não tivemos conhecimento em tempo hábil. Então, nós não podemos dizer se houve ou não esse convite, porque não chegou em nossas mãos e nem em nossos conhecimentos.

HG: Se vocês tivessem sido convidados, vocês topariam viajar com eles?

Severina: Eu iria, sem sobra de dúvidas. Porque eu entendo que assim, a partir do momento que alguém está estendendo a mão para você, e você nega essa mão, eu acho que você é que está sendo o perverso, porque existem situações e situações. Se a pessoa estende a mão, é um ato de boa vontade, e grande, um ato grandioso de boa vontade. Então, não cabe a mim recusar a mão de volta. “Ai, porque eu tenho feridas”, toda ferida cicatriza. Se é de bom grado, sabe? É sempre bom a gente ser acolhedor. E eu sou essa pessoa. Eu sou muito contundente, muito efusiva nas minhas falas, eu sou uma pessoa muito acolhedora. Não sou excessiva. Como eu tratei o Thyago depois porque eu realmente cheguei toda toda, e queria testar, saber qual era a dele com a minha filha, eu queria entender aquele amor. Mas depois que eu entendi, que a gente teve aquelas nossas primeiras conversas, eu vi que era por amor, então eu não tenho motivo nenhum. Nem em relação aos demais, nem em relação ao Thyago, que vem para mim, e conversa comigo, e a gente se entende, e eu entendo o lado da pessoa, eu não tenho problema nenhum em reconhecer. E até mesmo em tornar companheiro, pleitear uma longevidade, um contato, uma amizade, essas coisas assim. Eu sou esse tipo de ser humano.

HG: Severina e Thyago começaram o reality como o genro e a sogra menos entrosados, e isso foi mudando bastante ao longo do programa. Foi lindo de ver! Como está a relação de vocês hoje? O Thyago já visitou a casa da Severina?

Thyago: Eu devo muito ao “Ilhados com a Sogra”. Graças ao reality eu ganhei mais do que uma sogra, eu ganhei uma amiga, uma confidente. Realmente nós somos muito parecidos, Mayara estava certa.

Mayara: Tão parecidos que hoje em dia eles se organizam e se unem até quando eu preciso de conselhos. É os dois que eu recorro. Então, de fato, é a formação da minha família.

Severina: Eu descobri lá é que eu e o Thyago somos iguaizinhos, nós somos almas gêmeas [risos]. Nós somos muito parecidos. A Mayara até falava isso e eu discordava por não conhecê-lo, né? Eu tinha os meus conceitos pré-concebidos. Conceitos, diga-se de passagem, BEM incoerentes, que eu desmistifiquei todos. E assim, nós somos um só, nós temos uma amizade linda. Todos os dias ele me manda cumprimento, todos os dias eu cumprimento, porque se a gente não tiver esse feedback, a gente acha que faltou alguma coisa no nosso dia. Infelizmente, ainda não nos encontramos pessoalmente depois que saímos de lá, por conta da condição financeira, que é o que bate, eles moram em São Paulo e eu moro no Rio. Eles ainda trabalham com funções modestas lá em São Paulo, em gestão também, fazendo as contas, moram de kitnet. Eu aqui moro em uma situação em que você até pode perceber a dificuldade de conexão. Onde eu moro é regido pelo terceiro setor, e aí nós não temos internet fixa, nós temos que contar com a internet do nosso celular, que é bem pequena a capacidade. E assim, por essa questão financeira, ainda não, mas a gente conversa todo o dia, a gente manda beijo e manda felicitação, ‘bom dia, sogra’, e não sei o que. Até esses dias eles gravando áudio, e eles ficam muito assim, interrompendo um o áudio do outro. Aí ele fala assim: ‘é minha sogra’, e ela fala assim: ‘não, é minha mãe!’ [risos]. Eu dou risada. Mas eu tenho certeza que, a partir de agora, com tudo que há de vir, com essa repercussão toda e com as nossas carreiras profissionais realmente tendo os focos que nós buscamos, eu acho que aí vai ficar mais fácil dessa visita, ou quem sabe até passamos a morar na mesma cidade. Isso aí é uma projeção de um futuro bem próximo.

HG: Você falou que você é compositora?

Severina: Sou, eu sou compositora. Já tem uns 10 anos que eu componho música. E eu tenho muita vontade de fazer o meu trabalho se tornar conhecido. Eu tenho músicas do Nordeste. Mas assim, eu não estou conseguindo nem mostrar para as pessoas a capacitação das pessoas deste lugar, pessoas da favela, pessoas do gueto, pessoas economicamente desfavorecidas, pessoas marginalizadas, por esse ou aquele estigma, entendeu? É esse lugar que eu quero ficar, é nesse lugar de fala que eu quero estar. É esse entendimento que eu quero mostrar, foi nessa contundência que eu cheguei lá. Eu sinto muito se eu fui mal interpretada, mas essa é a Severina.

HG: A sua meta profissional seria trabalhar com música?

Severina: É, com música e na área que eu domino, que é a comunicação. Vai que alguém me convida para lançar podcast, fazer uma participação em podcast famoso [risos]. ‘Severina Sincera Comenta’ [risos], a minha cabeça é assim, eu não paro, é uma cabeça meio gigante. Quem sabe através de vocês eu vou ganhar esse espaço? Eu vou ficar bem feliz! Seria a felicidade da vida, e gratidão viu? Porque se tem uma coisa que eu sei ter é gratidão, principalmente por quem me estende a mão. Ficamos combinados!

HG: Severina, em determinado momento do programa, você se abriu e contou sua história, uma história de muita dor e provação, mas também de vitória. A gente se emocionou e se inspirou com sua grandeza e fortaleza. Creio que você deve ter recebido mensagens do tipo, de pessoas que se reconheceram ou que se fortaleceram com a sua verdade. Como está sendo esse processo, o que você sente agora com isso?

Severina: Realmente, eu recebi uma enxurrada de mensagens de carinho, pessoas que se identificaram; pessoas que me enalteceram; pessoas que vieram me pedir conselhos, inclusive; pessoas que se abriram comigo pela semelhança com a história de vida; pessoas que vieram dizer para mim que a minha história as fez se sentir fortes, as fez se sentir amparadas, porque não estavam sozinhas nessa luta, nessa dor. Então, essa acolhida mútua que eu recebi e que também eu acho que transmiti para esses que vieram me dar todo esse carinho, foi muito boa, muito boa. Eu gostei bastante de receber esse feedback de quem se sentiu representado e acolhido pela a minha história.

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HG: No último jantar ali da casa, o Thyago surpreendeu todo mundo ao pedir a Mayara em casamento. Quando que vai rolar essa cerimônia?

Thyago: O casamento vai rolar. Só estamos no aguardo das publis e das parcerias. Mas com fé em Deus, sai em breve.

Mayara: Quem casa, quer casa e quer estrutura para casar, né? Então a gente está esperando essa estrutura, porque amor não falta!

Severina: Pois é, né? A mão da noiva e o coração da sogra ele conquistou. Agora falta a questão, mais uma vez, repetitiva, das finanças. Nós só estamos esperando a questão financeira nos permitir para fazermos a cerimônia, porque casados de coração, de alma, eles já são. Falta só efetuar a cerimônia de luxo para os convidados, e aí é uma questão de pouquíssimo tempo, né? E as marcas, quem sabe, os patrocínios, as publis, vão nos dar esse lugar.

HG: No processo todo, deve ter mudado muita coisa no sentido da percepção do público. Querendo ou não, vocês passaram por uma experiência que é uma experiência forte. Vocês tiveram algum apoio da Netflix após a exibição, algum acompanhamento, algum cuidado. Como foi isso?

Severina: Ah sim, nós contamos com apoio psicológico, sim. Nós temos uma psicóloga à nossa disposição. E sempre que a gente tiver necessidade, ela está a postos. Inclusive, sexta-feira passada agora eu conversei com ela, uma menina super simpática. Não tem só uma e, assim, isso aí a gente tem. Eu sou uma pessoa muito sincera, muito sensata e eu não vou dizer coisas que não acontecem. Sim, a gente tem esse apostos, sim. Nós temos esse acompanhamento.

HG: Antes de você participar, você imaginava que você seria o grande destaque do reality?

Severina: Na verdade, eu sou uma pessoa muito única na vida. Não sou soberba, porque assim, eu sou uma pessoa religiosa, e eu comecei a mexer com assuntos religiosos. A soberba é pecado, mas a falta de modéstia também chega a ser. E eu não ajo com falta de modéstia, eu sabia que em um momento eu ia viver de muitas situações. Porque quando eu desconto de uma coisa, lógico que eu não vou desmerecer a pessoa. Mas eu deixo claro que eu descontei. E esse é o ponto que difere. Eu acho que foi esse o ponto que mais atacou as pessoas. Elas ficaram meio perplexas com essa minha contundência. E eu sou esse ser humano contundente [risos]. [Não imaginava que eu iria me destacar] na proporção que foi, que está sendo maravilhoso, inclusive o apoio do público, que eu não imaginava que eu tivesse tanto carinho. Para ser bem sincera, 95% das mensagens que me chegam é de total carinho, acolhimento, pessoas que chegam até mim e se veem representadas. Têm, inclusive, coragem de abrir alguns assuntos que para ela eram muito obscuros do seu passado, e virem para mim agradecer. [Eu sou] além de forte, muito aberta, eu não faço da minha trajetória uma bandeira de vitimismo, eu faço daquilo uma bandeira de superação. Porque, para mim, o que me fez chorar, foi aprendizado, e o que me fez sorrir, foi regozijo. É assim que eu sou, então as pessoas gostaram muito de ver isso. E eu fico muito feliz.

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