Márcio Freire, brasileiro pioneiro das ondas gigantes, morre surfando em Portugal

Márcio Freire chegou a ser resgatado por socorristas, mas não resistiu e faleceu

Márcio Freire (1)

O surfista brasileiro Márcio Freire morreu nesta quinta-feira (5), aos 47 anos, após cair da prancha durante uma manobra na praia do Norte, em Nazaré, Portugal. A informação foi confirmada pelas autoridades locais. Márcio era considerado uma lenda no esporte, fazendo parte do famoso grupo baiano “Mad Dogs”, que viajava o mundo desafiando ondas gigantes.

O brasileiro teria sofrido um acidente ao descer de um dos “paredões”. Os socorristas foram acionados às 16h16 (horário local, o que corresponde a 13h16 de Brasília). De acordo com o ge, Márcio chegou a ser resgatado de jet-ski, mas já estava em parada cárdiorrespiratória. “Lamentavelmente, nenhuma das manobras de suporte de vida teve sucesso, acabando o óbito por ser declarado no local”, afirmou Mário Lopes Figueiredo, comandante da Capitania de Nazaré.

Continua depois da Publicidade

O corpo do surfista foi levado para o Instituto de Medicina Legal de Leiria. Segundo o veículo, esta foi a primeira morte de um surfista no local. No passado, Pedro Scooby e Maya Gabeira já tinham sofrido graves acidentes, mas conseguiram escapar com vida. A região de Nazaré é conhecida justamente por ter ondas que podem chegar a mais de 30 metros de altura.

Por coincidência, o amigo do surfista, Vinicius dos Santos, estava chegando no local e viu Freire sendo atendido na areia. “Eu estava indo surfar e, quando cheguei na praia, vi o movimento do carro de salva-vidas, de resgate. Vi uma movimentação que parecia uma ressuscitação. Larguei a prancha e saí correndo. Quando eu vi, era o nosso amigo. Todos tentaram trabalhar junto dele. Não teve um momento de pausa, todo mundo fez o que pôde. O Márcio acabou nos deixando”, detalhou ao portal.

Continua depois da Publicidade

Vinicius também relembrou a importância do veterano para o esporte e o considerou uma inspiração para a sua geração. “Ele nos fez acreditar que era possível, juntamente com o Danilo (Couto) e com o Yuri (Soledade), os Mad Dogs. Eles desbravaram Jaws na remada, o que ninguém acreditava. Eu era menino, isso me motivou, me fez acreditar no meu sonho. Estou digerindo isso. Era uma pessoa próxima. Somos surfistas de ondas gigantes. O legado do Márcio será eternizado, ele influenciou uma geração e vai continuar influenciando, porque a história dele está aí”, lamentou.

Freire fez história no surf em 1998, aos 23 anos. Ele foi um dos primeiros a experimentar a onda gigante Jaws, em Maui, no Havaí. Na época, o esportista cumpriu o desafio apenas a nado. Atualmente, os surfistas são amparados por aparelhos de segurança como colete salva-vidas, equipe de resgate e jet ski. Sua carreira ficou conhecida no documentário “Mad Dogs”, de 2015, do dirigido por Roberto Studart. Confira:

Continua depois da Publicidade

Durante uma entrevista ao canal “Let’s Surf” há pouco mais de dois meses, Márcio contou que se dedicava ao esporte exclusivamente por amor. “Nunca vivi do surf, nunca ganhei dinheiro com surf; tive pouquíssimas vezes, contadas no dedo, dinheiro que veio do surf. Eu também tinha uns apoios ali, mas era mais soul surfer mesmo e não ligava muito. E como as empresas nos EUA não iam patrocinar um brasileiro e eu estava fora do Brasil, era mais difícil de negociar, e eu também não corria muito atrás porque estava me bancando, vivendo minha vida, e era aquilo mesmo, trabalhar pra me auto-sustentar e me auto-patrocinar”, declarou. Assista:

Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques