O técnico do time sub-15 do vôlei feminino do Vasco foi demitido, no sábado (11), após agredir uma jogadora durante uma partida. Em imagens transmitidas pela Liga de Vôlei do Estado do Rio (LIVERJ), André Gava pode ser visto empurrando a atleta durante um momento de substituição. Ele, ainda, chegou a contestar os árbitros após ser expulso da quadra.
Assista:
VOU EXPOR O TÉCNICO SIM!!!!!
Inadmissível o que aconteceu hoje na Liverj sub16. Seu nome é André Gava. Espero que o processo venha firme e que o cref não abafe o caso. A demissão já veio mas tudo que vier de ruim pra esse verme é pouco! pic.twitter.com/6GyOu8KBkP
— Porra, Meirelles (@meirelles174) May 12, 2024
Depois do jogo, vencido pelo time adversário Voleibarra por 2 sets a 0, Gava foi demitido. Em nota, a LIVERJ citou “indignação” diante do ocorrido e condenou “toda e qualquer forma de agressão”. “É com indignação que a Liga de Voleibol do Estado do Rio de Janeiro, vem por meio desta repudiar a atitude do técnico da equipe GTC/Vasco da Gama, no jogo entre a equipe supramencionada e a equipe do Voleibarra, no dia 11 de maio de 2024, na categoria de Infantil Feminino, no Clube River, em Piedade“, iniciou a Liga.
“Após a lamentável atitude do profissional, a arbitragem responsável pelo jogo teve atitude punitiva, desqualificando o mesmo. Ademais, a Comissão Disciplinar desta liga apurará o relatório enviado pelo coordenador de dia/rodada, com as observações feitas pela arbitragem em súmula, e ainda, corroborado pelos colaboradores da organização LIVERJ, presentes no acontecido“, acrescentou.
A LIVERJ ressaltou, ainda, que “não medirá esforços para que esta situação não volte a ocorrer em nossas rodadas, ou em qualquer outro ambiente esportivo, e presta toda a sua solidariedade à atleta/família afetada“. “Repudiamos veementemente toda e qualquer forma de agressão. O voleibol é um esporte que transmite valores essenciais para o desenvolvimento social de um indivíduo e não tem espaço para este tipo de atitude“, completou.
Clube e diretor se pronunciam
Após o episódio, o clube se manifestou sobre a agressão e a demissão do treinador. “O profissional (André Gava) foi desligado da equipe imediatamente, nem liderou o segundo jogo que teria no dia. O Vasco já conversou com os responsáveis dos atletas do time e da atleta envolvida no incidente. Reiterou o apoio e ofereceu todo o suporte para as famílias“, informou. Já nesta segunda (13), Telon Bernardes, diretor das categorias de base de vôlei do Vasco, detalhou o ocorrido e afirmou ter recebido o apoio dos pais das atletas com a dispensa de Gava.
“Ele (Andre Gava) já tinha discutido. Naquele exato momento, o jogo estava pegado e a discussão era a permanência da menina agredida na quadra, a Bia, se ela ficaria ou não. Ele tinha dito que era para ficar, e não sei se outros tinham falado para sair. Parece que ela estava sem saber o que era para fazer, perguntaram para ela e, na atitude impensada, [o André] empurrou ela para estar dentro da quadra“, descreveu Bernardes.
O diretor disse que ficou “totalmente destruído” após o triste episódio. “Fui rigoroso na demissão. Não negociei. A gente prega muito por isso, ainda mais o Vasco. Abominamos o desrespeito. Fiquei arrasado, totalmente destruído. É injustificável. Ele já estava meio nervoso com a arbitragem, se perdeu um pouco, e em ato impulsivo, deu aquele empurrão para [a jogadora] ficar dentro da quadra. A partir daquele momento, o juiz o desclassificou. Aí tive que apagar os incêndios todos“, comentou.
De acordo com Bernardes, as jogadoras chegaram ao Vasco há três semanas e os pais já conheciam o treinador. O clube não tinha vôlei nesta categoria desde 2013. “Ele ficou muito atordoado. Tem 20 anos de profissão, o grupo adora ele, mas a partir daquele momento, daquela cena, não tinha o que fazer. Pedi para que ele saísse da quadra. Naquele momento foi decretado W.O. Ele saiu da quadra, foi para os fundos. Me dirigi a ele, desliguei, pedi para ir para casa dele“, pontuou o diretor.
“O que me restou foi dar toda a atenção para os pais e para as atletas. Fiz reunião com as meninas e os responsáveis, me coloquei à disposição. Algumas meninas quiseram falar. Expliquei que nossos valores não são negociáveis, respeito e dignidade. Recebi contrapontos das próprias atletas, ‘a gente sabe que André errou, mas a gente gosta dele, foi um fato isolado’. Ele tem o grupo nas mãos. A partir daí, tive que ser bem enfático, expliquei que não estava dando o direito para elas de decidir, que naquele momento elas talvez não entendessem, mas que ele já tinha sido desligado“, complementou.
O que disse a família
Ainda, o diretor contou que os pais da jogadora agredida não pretendem abrir um boletim de ocorrência contra Gava. “O pai [da jogadora agredida] veio falar comigo, teve empatia. A Bia nem estava muito sentida, a mãe [dela] disse que já conversou com o André, que não ia registrar nenhum tipo de B.O por agressão, porque a maior punição é a consciência dele. Conheciam ele. A Bia, a agredida, jogou [a segunda partida do dia], entrou em quadra como se nada tivesse acontecido“, relatou.
E embora tenha efetuado a demissão, Bernardes se mostrou preocupado com o treinador. “O cara (André Gava) saiu chorando, completamente desolado, sem direção. Estou preocupado com o profissional, mandou áudio chorando e se desculpando. É o projeto da vida dele, que jogou no lixo. Já trabalhou no Vasco há 13 anos, é vascaíno. Falei que o que ele fez foi grave, ele sabe disso. Ele nunca agrediu ninguém. Ele estava arrasado [depois do empurrão], sem chão. Quando falei pra ele que tinha que se retirar, ele aceitou. Abaixou a cabeça, falou: ‘nem sei o que te falar, o que aconteceu“, finalizou. Assim como as atletas, Gava era prestador de serviço e não funcionário do clube. Por enquanto, ele não se pronunciou sobre o episódio.