A Adidas encerrou seu contrato com Kanye West, após o rapper ser acusado de antissemitismo. Nas últimas semanas, Ye causou revolta com suas falas contra a comunidade judaica nas redes sociais. Nesta terça-feira (25), a marca esportiva emitiu um comunicado, afirmando que decidiu encerrar imediatamente a parceria – prevista para durar até 2026.
“A Adidas não tolera antissemitismo e qualquer outro tipo de discurso de ódio. Os comentários e ações recentes de Ye foram inaceitáveis, odiosos e perigosos, e violam os valores da empresa de diversidade e inclusão, respeito mútuo e justiça”, iniciou a nota.
Os representantes da Adidas, ainda revelaram o impacto econômico da decisão: “Após uma revisão completa, a empresa tomou a decisão de encerrar a parceria com Ye imediatamente, encerrar a produção de produtos da marca Yeezy e interromper todos os pagamentos a Ye e suas empresas. Espera-se que isso tenha um impacto negativo de curto prazo de até € 250 milhões [cerca de R$ 1,3 bilhão] no lucro líquido da empresa em 2022, dada a alta sazonalidade do quarto trimestre”.
Ainda não se sabe, no entanto, se os produtos já existentes continuarão nas lojas. “A Adidas é a única proprietária de todos os direitos de design de produtos existentes, bem como cores anteriores e novas sob a parceria. Mais informações serão fornecidas como parte do próximo anúncio de ganhos do terceiro trimestre da empresa, em 9 de novembro de 2022”, concluiu o comunicado. Nos últimos dias, com as falas do músico, a gigante esportiva viu suas ações despencarem. A parceria de Kanye West com a Adidas foi anunciada em 2014, pouco após o rapper deixar sua colaboração com a Nike.
Curiosamente, a Adidas foi criada pelo alemão Adolf Dassler que, segundo os rumores, era membro do Partido Nazista e apoiador de Adolf Hitler. A empresa, inclusive, teria sido a fornecedora de botas para o exército nazista. Apesar disso, a imprensa internacional afirma que Dassler não comprava cem por cento o ideal de Hitler, mas também não recusava o dinheiro que o partido rendia para a Adidas.
No início do mês, Ye acusou a marca de “usar os seus designs de maneira indevida”. “O fato de que a Adidas sentiu que eles poderiam colorir meus sapatos e dar nome a eles sem minha aprovação é realmente insano. Eu me importo em construir algo que mude o mundo e que eu possa deixar para os meus filhos. Eles tentaram me comprar por U$S 1 bilhão. Só meus royalties no próximo ano serão U$S 500 milhões”, afirmou Ye em posts já deletados do Instagram.
Além da Adidas, GAP, Balenciaga, Anna Wintour, CAA e Vogue romperam os contratos com o rapper. Os advogados contratados por Ye também abandonaram a defesa do caso.
Kanye West e antissemitismo
Nas últimas semanas, Ye tem se envolvido em uma controvérsia atrás da outra. Tudo começou quando o cantor usou uma camiseta com a estampa “Vidas Brancas Importam” durante um desfile em Paris, numa referência irônica ao movimento antirracista “Vidas Negras Importam”. A frase levantou uma série de críticas mundo afora, inclusive, dentro da classe artística. O rapper Diddy foi uma das pessoas a questionar a postura do colega – o que provocou a primeira fala de West envolvendo o povo judaico.
Kanye expôs uma sequência de prints de uma conversa com Diddy no Instagram. Em um dos trechos, Ye afirmou que o músico era “controlado por judeus”. Pouco depois, ele soltou suas falas contra a comunidade. “Eu estou um pouco sonolento hoje, mas quando eu acordar, eu vou [death con 3] no povo judaico. O engraçado é que na verdade eu não posso ser antissemita porque as pessoas pretas na verdade também são judias. Vocês brincaram comigo e tentaram boicotar qualquer um que tenha se oposto à sua agenda”, escreveu ele.
Segundo a imprensa internacional, quando escreveu “death con 3”, a intenção de Kanye era fazer referência ao termo militar “defcon”. A expressão representa o sistema de classificação de ameaças do Pentágono dos Estados Unidos – sendo 5 a mais baixa ameaça, e 1 a mais alta. Ou seja, o músico estaria dizendo que se preparava para alguma espécie de ameaça contra o povo judaico. Os comentários fizeram com que sua conta fosse bloqueada no Twitter. Em outro imbróglio, reportado pelo TMZ, uma fonte revelou que Ye teria dito que “ama Hitler e o nazismo”.
Por fim, na última quarta-feira (19), West tentou se retratar sobre o assunto, em uma entrevista com Piers Morgan. “Eu vou dizer que sinto muito pelas pessoas que eu machuquei com a confusão do ‘Death Con’ que eu causei”, afirmou. “Eu sinto que eu causei dor e confusão. E eu sinto muito pelas famílias das pessoas que não tinham nada a ver com o trauma que eu passei, e que eu usei a minha plataforma, em que você diz que pessoas feridas machucam outras pessoas, e eu me machuquei”, pontuou.