Aline Borges tem feito sucesso como Zuleica em “Pantanal”. Porém, em entrevista à coluna Patrícia Kogut, do jornal O Globo, a atriz afirmou que antes dessa oportunidade ela passou por altos e baixos na vida financeira, por conta da instabilidade da profissão. Nesta sexta-feira (19), Borges revelou que, em um momento de dificuldade, ela quase aceitou um convite para integrar o elenco de “Power Couple Brasil”, reality show da Record TV, por um cachê de R$ 80 mil.
Aline tem 47 anos e é casada com o também ator Alex Nader. O convite ao casal para o reality aconteceu pouco antes do início da pandemia de Covid-19. “Estávamos numa situação muito complicada. O dinheiro estava praticamente no fim quando recebemos esse convite. Não que eu tenha nada contra quem participa, mas era algo totalmente diferente dos nossos objetivos. A gente acabou decidindo que se em uma semana não aparecesse nada, a gente aceitaria. Que se dane o que fossem pensar. Nos ajoelhamos e rezamos para aparecer algo. Acabou que, em poucos dias, fomos escalados para o filme Alemão 2”, relatou Borges.
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A situação da família melhorou quando Aline recebeu a oportunidade de interpretar Zuleica na novela da TV Globo. Nos últimos capítulos de “Pantanal”, sua personagem foi morar na fazenda de Tenório (Murilo Benício) com os filhos. Ela tem feito sucesso no papel e, desde então, a atriz explicou que passa por um momento de transformação na carreira.
“A Zuleica é uma mulher forte e independente. Essa chegada ao Pantanal fez com que ela se recolhesse e se tornasse submissa ao marido. Ela vai precisar passar por todo esse processo para renascer e se encontrar novamente. Estou muito feliz de dar vida a uma personagem que traz tantas questões para serem refletidas. Ainda mais por estar cercada por atores tão geniais, como o Murilo e os outros mais jovens, que também são incríveis”, contou a artista.
Segundo Borges, um dos pontos que ela mais tem gostado na produção é a abordagem sobre o racismo. O tema foi inserido na trama pelo roteirista Bruno Luperi. Na versão original de “Pantanal”, de 1990, a segunda família de Tenório era composta apenas por pessoas brancas. “O Bruno resolveu trazer essa discussão tão pertinente e atual para a trama. Desde o início, ele quis a participação e a opinião do nosso núcleo em todas as sequências sobre o tema. Temos um grupo no WhatsApp com ele e, durante a novela, trocamos muitas ideias. Ele sempre foi muito aberto às nossas ponderações. Eu nunca tinha tido uma experiência assim na minha carreira”, explicou Aline.
Borges também descreveu como o racismo sempre esteve presente em sua vida: “Eu demorei a me aceitar como uma mulher preta. E eu sou irmã gêmea de um homem preto retinto. Durante muito tempo, entre a infância e a adolescência, eu reneguei e tinha vergonha dele. Ele sempre era o alvo de brincadeiras racistas por onde fôssemos. Também na juventude eu tinha vergonha do meu nariz e cheguei a pensar em operar, algo de que eu teria me arrependido profundamente. Por isso, acho tão importante falar sobre o racismo e também empoderar profissionais pretos, para que outras pessoas olhem e se sintam representadas”.
Após o sucesso no remake da Globo, a atriz está em uma ótima fase da carreira e recebeu novas oportunidades. Borges irá estrear na nova produção da Globoplay, “Arcanjo Renegado 2”, na próxima quinta-feira (25). Na trama, ela viverá a assessora da governadora do Rio de Janeiro.
“É outro trabalho incrível, do qual tenho muito orgulho de ter participado. As séries do AfroReggae têm dado oportunidades para que atores pretos possam fazer personagens empoderados. Durante grande parte da minha carreira eu interpretei papéis estereotipados de mulheres pretas. Poder sair desse lugar agora, em ‘Pantanal’ e ‘Arcanjo Renegado’, é muito estimulante”, celebrou Aline.
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