“Amiga” visita Walcyr Carrasco em hospital após autor quebrar perna, e fala mal dele pelas costas

O autor de “Terra e Paixão” descreveu como quebrou a perna e fez um alerta sobre acidentes domésticos

Walcyr Carrasco

Walcyr Carrasco fez um desabafo enquanto se recupera de um acidente doméstico. Em sua coluna na revista Veja, o autor de novelas, de 72 anos, descreve como quebrou a perna, a sua recuperação e o relato de uma ex-amiga após visitá-lo no hospital.

Acordei disposto, feliz da vida, saltei da cama — e caí em cima da mesa ao lado dela. Gritei, gemi. Pedi ajuda. Minha fiel funcionária veio correndo. Olhou e diagnosticou: ‘O senhor quebrou a perna!’. ‘Não, não’, protestei. Como não há nenhum grito que supere a supremacia de um osso quebrado, logo me vi internado em um grande hospital paulista. A notícia: fratura das boas. ‘Mas como? Foi uma queda pequena, inocente…’, me disseram“, iniciou o autor de “Terra e Paixão”.

Em seguida, ele falou sobre a “realidade hospitalar nacional” e como teve “sorte” em conseguir uma vaga para realizar os exames e o tratamento. “E no hospital: ‘O senhor tem sorte porque tem vaga’. É a dura realidade hospitalar nacional. Ter vaga já é sorte. Após passar por raio-X, ressonância e uma longa cirurgia, entrei em uma outra fase complicada: o processo de recuperação. Aprendi a tomar banho de cadeira, a evitar uma nova queda — porque outra fratura seria o Apocalipse — e até a gostar de comida de hospital. O que, convenhamos, supera o próprio Apocalipse“, descreveu, com bom humor.

Walcyr também abriu o jogo sobre invalidarem a sua dor e a decepção com pessoas que considerava como amigas. “Também descobri como conviver com visitas que pouco — ou nada — têm a dizer. ‘E aí, tá tudo bem?’. ‘Se estivesse tudo bem, eu não estaria aqui…’. ‘Não seja mal-humorado. Daqui a pouco nem lembra mais!’ Minha vontade nessas horas é responder: ‘Só me deixa sofrer em paz’“, compartilhou ele.

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Mas não é assim. Quanto mais pareço sofrer, mais as pessoas dizem: ‘Não é nada, você está exagerando, já vai passar’. O correto é que eu finja que dói menos. Digo, enquanto sinto o pé rachar de dor: ‘É suportável, tanta gente sofre pelos mais variados motivos’. E ouço: ‘Como você é forte, corajoso! Mas vai superar’. As pessoas parecem acreditar que a dor é algo abominável. Até vergonhoso. Confessar a dor, até mesmo em um hospital, não cai bem. Nessa fase de recuperação, já tive vontade de gritar: ‘Dói, sim, é um horror. Agora me deixa em paz e deixa eu sofrer sozinho'”, disse o autor, que ainda foi tachado de “descuidado“.

Amiga traíra

Hospital é um local onde se exercitam mentiras. Uma (ex) amiga, assim que saiu do hospital, onde fora me visitar com sorrisos e palavras de encorajamento, comentou: ‘Ele merece tudo isso que está acontecendo. Já fez mal para muita gente’. Não sou nenhum santo, e talvez mereça muito mais. Mas não acredito que alguém receba dos céus a missão de ir ao hospital, dizer palavras de conforto a um amigo doente e descer o sarrafo já na saída. Certas pessoas me assustam. Mas tenho mais medo de móveis mal colocados, vasos rachados e panos molhados no chão“, acrescentou Carrasco.

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Por fim, o autor alertou sobre acidentes domésticos que podem levar à morte e como eles podem ser mais frequentes entre os idosos. “Tudo em torno é ameaçador. Brinquedinhos que fazem escorregar, doces para os netos em cima do armário que parecem ter asas, e assim por diante. É preciso mais cuidado dentro de casa do que fora dela. Acidentes domésticos acontecem o tempo todo. Uma mesa velha me deixou torto. Quando eu pensei que de repente ela se tornaria minha maior inimiga?“, concluiu.

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