Hugo Gloss

Após matéria sobre Renato Kalil no “Fantástico”, Shantal Verdelho rebate críticas e desabafa: “Prejuízo financeiro absurdo”; assista

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O Ministério Público pede que Shantal Verdelho seja indenizada por danos morais após a postura de Renato Kalil durante o parto. (Fotos: Reprodução)

Nesta segunda-feira (20), Shantal Verdelho quebrou o silêncio a respeito da denúncia que fez contra o médico obstetra Renato Kalil, responsável pelo parto da segunda filha da influencer e acusado de violência obstétrica. Nos vídeos compartilhados em seu Instagram, a mãe da pequena Domenica, de apenas três meses, explicou que sentiu a necessidade de vir a público falar sobre o caso por conta das críticas que tem recebido. Ontem, uma reportagem do “Fantástico” expôs tudo que ela tinha vivido no nascimento da filha, e ainda relatou outras graves acusações contra Kalil.

De cara, a influenciadora digital respondeu aos comentários maldosos de que deveria ter resolvido toda a questão fora dos holofotes e diretamente com o médico. Shantal citou que procurou, sim, Renato após sua “ficha ter caído” com tudo que tinha acontecido, mas fez questão de lembrar que o caso só se tornou público após vazamentos feitos sem sua autorização. O material que viralizou nas redes sociais inclui áudios de Verdelho desabafando sobre o parto, além dos vídeos em que Kalil aparece guiando a gestante de uma forma que foi considerada por ela como inadequada e antiética.

“Eu não joguei esses áudios e vídeos na internet, não contei essa história para muitas pessoas próximas a mim. Esses áudios e vídeos foram feitos por mim e colocados em um grupo de mães, em que a gente divide tudo de maternidade, um grupo de apoio de amigas mães, um grupo de apoio, de acolhimento, onde a gente consegue desabafar porque todas estão na mesma situação, passando por várias coisas”, começou Shantal, exemplificando diversos tópicos íntimos que são divididos entre elas dentro do grupo.

Verdelho lamentou o vazamento, já que nada parecido havia acontecido antes, e alegou que não irá investigar a responsável, senão seria mais um “estresse” para lidar neste momento. “Nunca foi minha intenção tornar essa história pública, até porque eu tenho um Instagram com 1,5 milhão de seguidores. Se fosse minha intenção, eu teria falado aqui. Essa história envolve muito mais do que os fatos que aconteceram. Envolve minha intimidade, meu constrangimento, o nascimento da minha filha. Eu não queria que tivesse pulverizado desse jeito”, afirmou Shantal, prevendo os efeitos que esse capítulo pode ter na vida de Domenica no futuro.

Em áudios vazados, Shantal faz desabafo sobre parto de seu segundo filho com Mateus Verdelho. Foto: Reprodução

“Não é isso que eu quero pra minha filha. Eu não queria estar do jeito que eu estou, emocionalmente falando, porque eu nunca fiquei fragilizada antes. Eu não concordo com a exposição de outra família, do outro lado tem uma família. Eu não concordo com esse massacre. Isso mexeu muito comigo”, declarou.

Assim como já tinha exposto anteriormente, Shantal Verdelho voltou a afirmar o quão difícil tem sido lidar com todos esses acontecimentos, e abriu o jogo sobre o impacto financeiro que teve. “Estou tendo prejuízo financeiro absurdo com advogado, com minha agenda toda fechada, porque não tenho condição de trabalhar, de fazer vídeo, de fazer foto. Além disso, toda a exposição da minha filha, a carinha dela em tudo, é muito pesado. Minha família toda está abalada. Eu não queria que essa história tivesse se tornado pública!”, destacou.

A influenciadora argumentou, inclusive, que uma das razões para não falar com a imprensa ou com seus seguidores é exatamente por acreditar que o assunto precisa ser tratado diretamente com os envolvidos apenas. “Esse peso tá sendo muito maior do que eu tô conseguindo carregar no momento, tá? Então, pra quem tá dizendo: ‘Ah, eu acho que ela deveria ter feito diferente’. Amor, eu também queria que tivesse sido. Não queria tá passando por isso aqui, tá?!”, admitiu.

A esposa do modelo Mateus Verdelho também aproveitou a ocasião para agradecer ao carinho que tem recebido das pessoas no país inteiro. “Queria agradecer do fundo do meu coração todo apoio, todo suporte que as pessoas estão dando. Cada mensagem que eu recebo me dá força, eu não queria estar aqui, não fiz nada de errado. Eu oro toda noite, ‘Por favor, Deus, me mantenha na verdade, que minha boca só saia a verdade, sempre’. […] Obrigada e cuidado para não descredibilizar uma mulher quando você for dar opinião. Já é muito difícil ser mulher e ter opinião, apontar algumas coisas”, aconselhou.

Por fim, Shantal também falou da dificuldade em lidar com isso durante um momento em que precisa ter uma grande dedicação aos cuidados com Domenica. “Preciso estar bem, preciso ter leite, estar hidratada, alimentada. Essa noite eu dormi da 1h às 3h e não dormi mais e agora estou me alimentando a primeira vez no dia, 12h45, por causa de tudo que está acontecendo. Então, cuidado quando vocês pensam em massacrar alguém”, pediu.

Relembre o caso

No dia 10 de dezembro, áudios e vídeos do parto de Domenica, segunda filha de Shantal e Mateus Verdelho viralizaram na web. No material vazado sem a autorização da influenciadora digital, o médico obstetra Renato Kalil tem sua conduta condenada pela jovem. “Eu fiquei 48 horas em trabalho de parto, no momento, eu não percebi muita coisa que aconteceu. O Kalil contou o sexo da minha bebê nos Stories dele. Minha fisioterapeuta pediu para apagar porque eu não queria contar e ele falou: ‘Ai, que menina mimada’, e deixou o vídeo mesmo assim. Ele quebrou o sigilo médico. Ele tirou meu direito de contar pessoalmente pra minha família”, diz em um dos áudios.

Descobri que ele falou da minha vagina para outras pessoas. Tipo: ‘Ah, ela ficou arregaçada, se você não fizer episotomia, você vai ficar igual’. Mais uma vez quebrando sigilo médico”, detalhou Shantal Verdelho. “Simplesmente, quando a gente assistia ao vídeo, ele (Kalil) me xinga o trabalho de parto inteiro. Fala: ‘P*rra, faz força. Filha da mãe, ela não faz força direito. Viadinha. Que ódio. Não se mexe, p*rra’… É muito palavrão e xingamento. Depois que vi tudo, foi horrível”, desabafou em outro áudio. Os vídeos em questão também vieram à tona, confirmando alguns diálogos destacados pela influencer.

Em nota oficial enviada à imprensa no dia 11 de dezembro, Dr. Renato Kalil negou as acusações de violência obstétrica e afirmou que nunca recebeu reclamações sobre sua postura de trabalho ao longo da carreira. A assessoria do profissional informou ainda que providências jurídicas serão tomadas contra Shantal.

Ao voltar para as redes sociais, Shantal desabafou que não estava muito bem. Foto: Reprodução/Instagram

“O Dr. Renato Kalil é médico obstreta ginecologista há 36 anos, sendo um dos médicos mais reconhecidos do Brasil. Ao longo de sua carreira, já efetuou mais de 10 mil partos, sem nenhuma reclamação ou incidente. O parto da Sra. Shantal aconteceu sem qualquer intercorrência e foi elogiado por ela em suas redes sociais durante trinta dias após o parto. Surpreendentemente, o Dr. Renato Kalil começou a receber, nos últimos dias, ataques com base em um vídeo editado, com conteúdo retirado de contexto. A íntegra do vídeo mostra que não há nenhuma irregularidade ou postura inapropriada durante o procedimento. Ataques à sua reputação serão objeto de providências jurídicas, com a análise do vídeo na íntegra”, diz o comunicado.

Após o vazamento, Shantal Verdelho entrou com requerimento de inquérito policial para apurar os fatos ocorridos durante o parto de Domenica, realizado no dia 13 de setembro. Ela registrou o pedido na 27ª DP da cidade de São Paulo. A influenciadora digital e o modelo também são pais do pequeno Felippo, de 2 anos.

Novas denúncias

Em entrevista para o jornal O Globo no dia 14 de dezembro, Samantha Pearson, jornalista britânica e correspondente do “The Wall Street Journal” no Brasil, também fez acusações contra Renato Kalil. “Ele falava da minha vagina como se eu não estivesse ali. Passei semanas chorando sozinha em casa, sem saber se ele tinha dado mais pontos do que o necessário, com medo de transar, de sentir dor. Fui a outros médicos para saber se isso podia ser checado, mas não podia. Foi horrível”, desabafou. O ápice para o fim da relação profissional com o obstetra se deu no oitavo mês da segunda gestação de Pearson. “Samantha, você vai ter de emagrecer porque senão seu marido vai trair você”, teria dito o médico para a paciente.

Jornalista alega ter sofrido com o mesmo médico. (Foto: Reprodução)

A reportagem exibida pelo “Fantástico” no último final de semana trouxe outras denúncias ainda mais sérias. Além de reunir relatos de pessoas que presenciaram tanto o parto de Shantal Verdelho quanto de outras mães, a equipe do dominical encontrou a bancária Letícia Domingues, que alega ter sofrido abusos sexuais do médico enquanto estava internada em São Paulo, em 1991. “Eu estava deitada, sonolenta, eu acordei com ele em cima de mim, com o pênis dele na minha boca, a minha camisola estava aberta e com a outra mão ele passava no meu peito. Ele acabou ejaculando na minha cara. Eu lembro da situação que eu estava, que eu não tinha força para falar, para gritar”, desabafou.

Uma outra mulher, que preferiu não ser identificada, acusou Renato de assediá-la durante uma consulta médica há cinco anos. “Uma pessoa muito próxima a mim estava fazendo tratamento com ele para engravidar, me indicou e fui numa consulta. Ele me falou que eu tinha um corpo bonito. Achei estranho. Aí ele começou a perguntar sobre minha vida sexual, se eu tinha relações sexuais com mulheres. Falei que sim. Eu sou bissexual. E aí ele começou com um papo, falar de uma fantasia que ele tinha e eu comecei a me sentir muito constrangida. Eu tenho muita raiva que no dia eu não consegui fazer absolutamente nada. E aí nunca mais voltei”, recordou.

Em nova nota enviada por meio se sua assessoria de imprensa, Kalil respondeu às acusações, afirmando que “jamais recebeu nenhum tipo de reclamação no Conselho Regional de Medicina ou em qualquer hospital” e que não teve a “intenção de ofender ou magoar qualquer pessoa, em especial, suas pacientes”. O médico também pediu desculpas “se alguém se sentiu ofendido”, dizendo ainda que “repudia veementemente os relatos mentirosos que aludem atos com conotação sexual”. Por fim, afirmou que “está à disposição e vai colaborar com as autoridades”, e que “tomará medidas judiciais contra qualquer um que faça acusações caluniosas”.

Como denunciar?

Para denunciar violência obstétrica, o registro pode ser feito no próprio hospital, clínica ou maternidade onde ocorreu o atendimento. Também é possível prestar queixas pelo disque 180, disque 136 ou para 08007019656 da Agência Nacional de Saúde Suplementar sobre reclamações do atendimento do plano de saúde.

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