A atriz Carmen Salinas, conhecida por interpretar Agripina Pérez em “Maria do Bairro” e dona Filó, em “Maria Mercedes”, entrou novamente em foco nesta semana ao provocar uma crise diplomática com a China. A mexicana afirmou que a pandemia do novo coronavírus (SARS-Cov-2) seria um castigo pelos chineses comerem carne de cachorros e gatos. Pouco tempo após a declaração, a Embaixada da China mostrou seu descontentamento e exigiu um pedido de desculpas.
Tudo começou quando a também deputada federal, de 86 anos, fez uma declaração polêmica, lamentando a doença que já matou milhares de pessoas ao redor do mundo. “É o que está acontecendo com os chineses por comerem cachorros e gatinhos. É por isso que deu a eles essa doença. Deus não os puniu, a vida os puniu por serem gananciosos, engolindo isso”, declarou em entrevista.
Em um comunicado emitido em seguida, a Embaixada chinesa no México repudiou a declaração da atriz, acusou-a de ignorância e afirmou que isso abalava a relação entre os dois países. “A origem do novo coronavírus ainda não foi identificada. O discurso extremo da Sra. Carmen Salinas revela falta de conhecimento básico e ignorância”, afirmou a nota.
Em seguida, a Embaixada explicou a palavra que Carmen usou para se referir ao povo chinês. “O termo racista ‘chinito’, que surgiu no século XIX, foi abandonado pela história e voltou a ser mencionado no século XXI no âmbito de uma sociedade aberta, plural e globalizada”, criticou. “Esta é uma provocação descarada para o povo chinês e os chineses que vivem no exterior e também reflete a falta de valores para com a humanidade”, completaram os representantes.
“Como uma figura pública, as palavras infundadas da Sra. Carmen Salinas confundem o público, difamam a China e dilaceram a amizade entre os povos chinês e mexicano. Nós nos opomos fortemente aos seus comentários, pedimos que você altere seu erro e ofereça um pedido público de desculpas”, concluiu.
Através das redes sociais, Salinas mostrou que tinha conhecimento da resposta da Embaixada, mas não reconheceu que teria errado. “Que perdão, a quem eu vou pedir perdão?”, questionou ela ao responder um usuário que publicou um vídeo de um cachorro que aparentemente seria cozinhado.
Poucos dias atrás, algo semelhante ocorreu no Brasil quando o deputado federal Eduardo Bolsonaro colocou a culpa do coronavírus na China. “Quem assistiu (sic) Chernobyl vai entender o que ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. Mais uma vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste mas que salvaria inúmeras vidas. A culpa é da China e liberdade seria a solução”, escreveu o filho do presidente.
Em seguida, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, usou as redes sociais para exigir retratação de Eduardo. O representante de Pequim disse que o filho do presidente Jair Bolsonaro feriu a relação amistosa com o Brasil e precisava assumir todas as suas consequências. A China é o principal parceiro comercial do Brasil.
A parte chinesa repudia veementemente as suas palavras, e exige que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês. Vou protestar e manifestar a nossa indignação junto ao Itamaraty e a @camaradeputados. @BolsonaroSP @ernestofaraujo @RodrigoMaia
— 楊萬明Yang Wanming (@WanmingYang) March 19, 2020
Em uma sequências de mensagens repudiando a declaração, a conta oficial da Embaixada chinesa ainda escreveu: “São absurdas e preconceituosas as suas palavras, além de ser irresponsáveis. Não vale a pena refutá-las. Aconselhamos que busque informações científicas e confiáveis nas fontes sérias como a OMS, úteis para ampliar a sua visão”.
1-@BolsonaroSP São absurdas e perconceituosas as suas palavras, além de ser irresponsáveis. Não vale a pena refutá-las. Aconselhamos que busque informações científicas e confiáveis nas fontes sérias como a OMS, úteis para ampliar a sua visão.
— Embaixada da China no Brasil (@EmbaixadaChina) March 19, 2020