Uma novela sem fim! De acordo com a revista Variety nesta segunda-feira (16), Scooter Braun tomou uma decisão surpreendente em relação aos direitos das gravações originais dos seis primeiros álbuns de Taylor Swift… Ele vendeu TUDO! A publicação relatou que o negócio foi feito nas últimas duas semanas, com um fundo de investimento desconhecido, pelo valor de US$ 300 milhões — cerca de R$ 1,6 bilhão, levando em consideração a cotação atual do dólar.
Para se ter uma ideia do lucro que Scooter teve com a decisão, quando ele comprou a antiga gravadora de Taylor, a Big Machine, em junho de 2019, ele também pagou US$ 300 milhões. Ou seja, a grosso modo, ele recuperou todo o investimento na empresa apenas com a venda dos trabalhos de um único artista. A compra da gravadora fundada por Scott Borchetta incluiu toda a lista de clientes, acordos de distribuição, publicações e a propriedade das gravações masters dos artistas, mesmo daqueles que já não fazia mais parte da BM.
Esse era o caso de Swift, que assinou um contrato com a empresa no início da sua carreira, mas em 2018 optou por ir para a Universal. Em julho do ano passado, o advogado da estrela, Donald Passman, rebateu a afirmação de Scott Borchetta de que a cantora teria tido a oportunidade de comprar todo seu trabalho desde o início da carreira. “Scott nunca deu à Taylor Swift a oportunidade de comprar seus discos, ou o selo, com um cheque do jeito que aparentemente está fazendo para os outros artistas”, escreveu.
Apesar do cenário atual não ser o mais positivo para Taylor, que com certeza gostaria de ter em sua posse tudo que criou, nem tudo são más notícias… A partir deste mês, ela está livre para regravar canções de seus primeiros cinco álbuns lançados pela Big Machine. Dessa forma, ela pode incentivar que os fãs deem streams nesses “novos” trabalhos, como também poderá facilitar a monetização dos direitos autorais para o uso das músicas em campanhas publicitárias, programas de TV, filmes, etc.
Inclusive, no mês de agosto de 2019, a cantora já tinha manifestado sua vontade de regravar todo o seu catálogo de álbuns produzidos na BM. Uma análise feita pela Vulture apontou que, sem ter novas negociações com Taylor, os direitos adquiridos por esse fundo de investimentos desconhecido podem se tornar obsoletos, o que reforça ainda mais o “bom negócio” feito por Scooter Braun. A não ser que Taylor Swift, de alguma forma, estivesse por trás dessa compra multimilionária.
A compra da Big Machine por Scooter Braun trouxe à tona a rixa do empresário com a cantora. Ela desabafou diversas vezes publicamente o quanto a transação não a favoreceu, revelou que estava sendo proibida de cantar suas músicas antigas no Billboard Music Awards, e até falou da estratégia do executivo em fazê-la se sentir mal.
“Tudo o que eu conseguia pensar [quando soube da compra] era o bullying incessante e manipulador que eu recebi das mãos dele ao longo dos anos. Como na vez em que Kim Kardashian orquestrou e gravou ilegalmente o trecho de uma ligação de telefone para ser vazada, e depois Scott juntou seus dois clientes juntos para fazer bullying comigo online (vejam a foto)”, desabafou em um texto publicado em seu tumblr, referindo-se à uma chamada de vídeo do executivo com Justin Bieber.
Posicionamento de Taylor Swift sobre a nova venda
Na noite desta segunda, a cantora usou seu perfil no Twitter para publicar um comunicado aos fãs sobre os bastidores da sua negociação com Scooter Braun nos últimos tempos. “Eu queria atualizar vocês. Como vocês sabem, no último ano, tenho tentado ativamente recuperar a propriedade de minhas gravações originais. Com esse objetivo em mente, minha equipe tentou entrar em negociações com Scooter Braun”, revelou.
No entanto, as negociações incluíram alguns pontos que foram encarados com desconfiança pela artista e seu time de advogados. “A equipe de Scooter queria que eu assinasse uma cláusula de confidencialidade rigorosa afirmando que eu nunca diria mais uma palavra sobre ele a menos que fosse positivo, antes mesmo de podermos olhar os registros financeiros da Big Machine (que é sempre o primeiro passo em uma compra dessa natureza). Então, eu teria que assinar um documento que me silenciaria para sempre antes que eu pudesse ter a chance de licitar meu próprio trabalho”, entregou.
“Minha equipe jurídica disse que isso NÃO é absolutamente normal, e eles nunca viram uma cláusula como esta apresentada, a menos que fosse para silenciar um acusador de agressão pagando-lhes o preço. Ele nunca sequer passava um valor para minha equipe. Essas gravações originais não estavam à venda para mim”, escreveu. E no meio disso tudo, uma surpresa: os compradores do trabalho de Swift entraram em contato com ela. “Algumas semanas atrás, minha equipe recebeu uma carta de uma empresa de capital privado chamada Shamrock Holdings, informando-nos que eles haviam comprado 100% de minhas músicas, vídeos e artes de álbuns do Scooter Braun. Esta foi a segunda venda sem meu conhecimento”, constatou.
Been getting a lot of questions about the recent sale of my old masters. I hope this clears things up. pic.twitter.com/sscKXp2ibD
— Taylor Swift (@taylorswift13) November 16, 2020
A empresa revelou uma exigência feita por Scooter na negociação, claramente com o intuito de atingir a estrela. “A carta dizia que eles queriam entrar em contato antes da venda para me avisar, mas que Scooter Braun havia exigido que eles não fizessem contato comigo ou com minha equipe, ou o negócio seria cancelado”, revelou. O motivo disso? O empresário continuava ligado diretamente ao faturamento do trabalho de Taylor. “Assim que começamos a nos comunicar com a Shamrock, descobri que, sob os termos deles, Scooter Braun continuaria lucrando com meu antigo catálogo musical por muitos anos. Eu estava esperançosa e aberta para a possibilidade de uma parceria com a Shamrock, mas a participação de Scooter é um fracasso para mim”, confessou.
Taylor finalizou o comunicado afirmando que já começou a regravar seus trabalhos antigos. “Recentemente, comecei a regravar minhas músicas antigas e já provou ser emocionante e criativamente gratificante. Tenho muitas surpresas guardadas. Quero agradecer a vocês por me apoiarem nesta saga em andamento e mal posso esperar para ouvir o que tenho sonhado. Eu amo vocês e vou continuar navegando, como dizem”, disse.
Na publicação, Swift também incluiu a carta de resposta enviada por ela para a Shamrock Holdings em que rejeita as negociações. “Ao ler as palavras bondosas de vocês, eu estava animada com a ideia de trabalhar com pessoas que valorizam a arte e entendem o quanto o trabalho da minha vida significa para mim”, disse. Em seguida, ela afirma que planejava entrar em um acordo com a empresa, principalmente pelo bem do seu legado musical, mas então descobriu que Braun seguiria faturando.
“Por isso fiquei tão desapontada. […] Se eu apoiar vocês, como vocês pediram, eu vou estar contribuindo para os futuros pagamentos de Scooter Braun e a Ithaca Holdings (empresa do executivo). Eu simplesmente não posso em sã consciência me envolver em benefício dos interesses dele, diretamente ou indiretamente. É lamentável saber que eu não vou ter a possibilidade de ajudar a evoluir o futuro desses trabalho, e me dói profundamente permanecer separada da música que eu passei mais de uma década criando. Mas é um sacrifício que vou ter que fazer para manter Scooter longe da minha vida”, garantiu. A cantora encerra dizendo que está aberta para novas negociações no momento que a Shamrock estiver completamente independente dos acordos com Braun.
Fundo de investimento se manifesta
Após Taylor dar sua versão da história, a Shamrock também emitiu um comunicado. “Taylor Swift é uma artista transcendente com um catálogo atemporal. Fizemos esse investimento porque acreditamos no imenso valor e na oportunidade que vem com seu trabalho. Respeitamos e apoiamos totalmente sua decisão e, embora esperássemos uma parceria formal, também sabíamos que esse era um resultado possível que consideramos. Agradecemos a comunicação aberta e profissionalismo de Taylor conosco nas últimas semanas. Esperamos fazer parceria com ela de novas maneiras no futuro, e permanecer comprometidos em investir com artistas em seus trabalhos”, afirmaram.