Bruna Surfistinha se pronuncia em vídeo após ser acusada de abandonar pets em apartamento por uma semana, e dá sua versão do caso

Síndica do prédio denunciou Raquel Pacheco por maus-tratos e abandono de animais, mas defesa nega acusação

Raquel Pacheco, mais conhecida como Bruna Surfistinha, foi acusada de maus-tratos por abandonar uma cachorra e três gatas em um apartamento no Centro de São Paulo. Após a repercussão, ela usou as redes sociais para dar sua versão do ocorrido e alegou ter sido proibida de entrar no imóvel.

O caso acabou envolvendo a polícia, quando a síndica do prédio onde Bruna alugava um apartamento registrou um boletim de ocorrência na última quarta-feira (29), apontando que a mesma teria abandonado os animais por mais de uma semana. No inquérito policial, aberto pelo Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) na sexta-feira (1º), Bruna passou a ser investigada por maus-tratos.

A síndica, que não teve sua identidade revelada, alegou às autoridades que Bruna alugou um apartamento no prédio há aproximadamente seis meses. No entanto, devido à falta de pagamento, ela teve o fornecimento de sua energia elétrica interrompido e deixou o imóvel, há cerca de 20 dias. Os animais, porém, permaneceram no local em “total estado de abandono”, disse ela em depoimento.

O B.O. relatou que a síndica disse ter recebido uma série de reclamações de outros inquilinos do prédio, já que o cheio forte de fezes e urina emanando da residência de Bruna estaria incomodando a todos. Ela afirmou, também, que Bruna Surfistinha só aparecia para limpar o apartamento e alimentar os animais “esporadicamente” desde que ficou sem luz, e há mais de uma semana não ia ao apartamento “mesmo após insistente contato por parte da administração do prédio em questão”.

A denúncia fez com que agentes da 2ª Delegacia da Divisão de Investigações de Infrações contra o Meio Ambiente (DIICMA) fossem até a residência. Lá, eles encontraram os bichos em meio a fezes e sem alimento ou água, e acabaram resgatando-os. Os policiais também requisitaram perícia no local, revelou a Secretaria da Segurança Pública.

Os agentes foram acompanhados por ativistas das ONGs Lar Promessa Fiel, que cuida de cães, e Perfeitos e Especiais, que resgata gatos na capital paulista, que levaram os animais às sedes da ONG. Luisa Mell, conhecida pelo resgate e proteção de animais, compartilhou imagens do resgate em suas redes sociais, mostrando as fezes e urina dos bichos espalhados pelo apartamento, bem como os potes de comida vazios e ainda os pets famintos. Confira abaixo:

Bruna alega que denúncia é falsa

Após a repercussão da denúncia, Bruna Surfistinha usou as redes sociais para se defender. “Eu estou indo até um lugar agora, mas para você entender o que está acontecendo preciso voltar um pouco no tempo”, começou ela. Na gravação, ela aparece na porta do prédio em que morava, afirmando que estava proibida de entrar no edifício. “Esse foi o primeiro dia de tentativa de entrar no apartamento”, explicou.

Em um segundo dia, também na frente do prédio, ela continua: “Essa foi minha segunda tentativa, segunda noite que tentei entrar no meu apartamento e fui proibida”. No terceiro registro, Bruna aparece visivelmente incomodada ao descobrir que os pets estavam sendo retirados do seu apartamento. “No terceiro dia [de tentativas de entrar no apartamento], eu acordei de manhã já com a notícia de que meus bichos estavam sendo retirados do apartamento. O maior absurdo é que tudo foi arquitetado para que eu me enquadrasse como criminosa por abandono aos meus bichos”, declarou ela.

No final da gravação, Bruna aparece ao lado da presidente da ONG Promessa Fiel, para onde sua cachorra foi levada: “Fiz questão de vir para saber onde ela está e saio daqui aliviada”. No entanto, ela é informada que não pode levar o animal com ela, pois é preciso uma ordem judicial que permita que ela faça isso.

A defesa de Bruna se manifestou em conversa com o g1, apontando que ela está devendo o aluguel e, por isso, passou a ser pressionada pela administração do prédio para se mudar do local. “Usaram essa história do abandono para forçar ela a sair. Ela nem teve mais acesso para entrar no apartamento, que tem coisas dela. No mundo civilizado, você ingressa com ação, não chama polícia”, disse o advogado Luiz Carlos Pileggi Costa.

Costa negou que Bruna tenha abandonado os bichos e reforçou que ela os visitava frequentemente, mesmo após deixar o local devido à falta de energia. “A história foi manipulada e distorcida. É bem diferente do vídeo. Os animais não foram abandonados, estão saudáveis. O que acontece é que Bruna está num momento conturbado na vida financeira. Ela ficou sem energia elétrica e não estava dormindo no apartamento. Aí ela ficou na casa de terceiros e não pôde levá-los. Mas ela ia lá com frequência para cuidar dos bichinhos”, afirmou.

“Eles foram criados com muito amor e uma das gatas tem 10 anos. Mesmo que queira não tem como abandonar. Ia lá quase todos os dias. Teve um dia que teve lapso maior. Quando tem gato e cachorro grande, em apartamento pequeno, faz barulho, sujeira. Aquela quantidade de sujeira é compatível ao período. Não é ideal, mas é comum fazer isso na vida, quem tem que trabalhar, compromisso”, finalizou.

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Luisa Mell e ONGs se manifestam

A versão das ONGs, entretanto, é diferente. “A Bruna Surfistinha estava residindo de aluguel em um apartamento no centro de SP, com 4 animais (1 cão e 3 gatos) e os mesmos foram abandonados dentro do apartamento. Inicialmente ela aparecia eventualmente para alimentá-los, mas há mais de uma semana não aparece. Hoje a gerente predial do condomínio (que é a minha amiga que entrou em contato comigo pedindo ajuda) foi à delegacia fazer um B.O. e entraram no apartamento. O B.O. foi feito, entraram no apartamento, alimentaram os animais”, escreveu Mell no Instagram.

A ativista disse ter conversado com Bruna, mas que aguardaria o posicionamento dela para se aprofundar no caso. “Eu falei com ela [Bruna] e com a polícia. A polícia entrou no apartamento, retirou os animais e eles foram encaminhados para ONGs. A Bruna diz que a denúncia não é verdadeira, que ela tem ido sim lá. Mas o pessoal do prédio diz que é mentira, que os animais estavam em situação de abandono, conforme mostra o vídeo, que fazia um tempo que ela não aparecia e que ela não está morando mais lá. Vou aguardar o posicionamento dela para postar tudo de uma vez”, declarou.

Segundo o g1, a cadela labradora foi encaminhada para a ONG Promessa Fiel e ficará lá enquanto durar a investigação. A presidente da organização, Natália dos Santos Oliveira Machado, disse ao g1 como recebeu a denúncia e atualizou o estado de saúde da cachorra, que segundo ela, estava “estressada e sem se alimentar”.

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“Nós recebemos esse pedido de ajuda, de socorro, que os animais estavam supostamente presos dentro do apartamento. Quem me comunicou desse abandono foi a doutora Eliane Passarelli, junto com a Re Tuma, do Proteja Pet. E aí elas entraram em contato comigo se eu podia abrigar a cachorrinha. Então, nós prontamente fomos até lá para estar junto com o resgate”, explicou ela. “Ela chegou aqui super estressada. No local também não tinha comida, água. Ela está com a urina com cheiro bem forte. Eu estou com um agendamento para o veterinário. Ainda não podemos colocar para adoção até termos um posicionamento da polícia. Mas ela é boazinha, super amorosa”, afirmou.

As gatas, por sua vez, foram encaminhadas para a ONG Perfeitos e Especiais. “Tudo indica que uma delas está com infecção na boca, outra com infecção uterina por não ter sido castrada. Além disso, duas delas por cristais na bexiga. Certamente terão que passar por cirurgia. Por isso, estão com a veterinária Luanda Marino recebendo atendimento”, destacou Patrícia Masiero, presidente da organização.

“Nos chamaram para acompanhar o resgate e o ambiente era insalubre, cheio de fezes, urina. Não tinha areia para as gatas. Estavam sem alimento. Quem ama pet nunca abandona. As pessoas precisam saber que maus-tratos é crime, dá cadeia, e a gente não pode deixar de denunciar. As pessoas não têm que ter medo de denunciar”, concluiu.

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