Caso Djidja Cardoso: Família de ex-sinhazinha é investigada por criação de seita e uso de drogas em rituais

Após a morte da empresária, a polícia investiga a seita “Pai, Mãe, Vida”, liderada pela família de Djidja

Após a morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, a Polícia Civil do Amazonas deflagrou a Operação Mandrágora, que investiga a seita “Pai, Mãe, Vida”, que seria liderada pela família da modelo.

De acordo com a investigação, os familiares forçavam os participantes a abusar de ketamina em rituais. A droga é usada como anestésico em procedimentos cirúrgicos, mas também causa efeitos alucinógenos. A mãe e o irmão de Djidja foram presos em Manaus, nesta quinta-feira (30), junto de funcionárias do salão beleza Belle Femme, que ajudavam a manter a organização.

Segundo o inquérito, Ademar Cardoso era o líder da seita e acreditava ser Jesus, enquanto sua mãe, Cleusimar, seria Maria e Djidja seria Maria Madalena. Ademar utilizava o livro “Cartas para Cristo” como um “manual” para suas práticas, defendendo que o uso de ketamina, drogas alucinógenas e meditação poderia levar ao autoconhecimento e experiências espirituais profundas.

Conforme a Polícia Civil, as investigações sobre a existência da seita e a prática de crimes começaram há 40 dias, antes da morte de Djidja. Nesse tempo, foi descoberto que o grupo obtinha a droga ketamina em uma clínica veterinária, sem qualquer tipo de receita ou controle, e distribuía entre os funcionários da rede de salões de beleza. Fizemos busca e apreensão hoje no local. Não existia qualquer controle ou receituários para a venda desse material”, afirmou o delegado Cícero Túlio, em entrevista à imprensa.

Djidja Cardoso morreu na terça-feira (28). (Foto: Reprodução/Instagram)

Além da família, funcionários do salão de beleza que Djidja era sócia também eram integrantes da seita. O delegado contou, na manhã desta sexta (31), que um dos funcionários, Marlisson Vasconcelos Dantas, continua foragido e deve se entregar ainda hoje, após negociações com a advogada.

A Polícia Civil ainda informou que está ouvindo participantes da seita, duas teriam informado que, além do abuso de substâncias e violência psicológica, o grupo praticava violência física e estupro de vulnerável. O delegado contou que as testemunhas relataram que permaneciam dopadas por dias, eram obrigadas a se manter despidas e não podiam tomar banho ou se alimentar. “Uma das vítimas ainda relatou um aborto, quando foram realizados os mandados de busca e apreensão na residência, notamos um forte cheiro de podridão“, contou Túlio. 

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A morte da matriarca da família, avó da Djidja, também está sendo investigada pela Polícia Civil. Familiares da ex-sinhazinha acreditam que Ademar teria injetado ketamina na avó depois de a idosa de 83 anos ter caído e reclamar de dores na bacia.

A polícia relatou, ainda, que a mãe de Djidja foi encontrada com drogas, inclusive, nas genitálias. “No momento em que uma das autoras foi conduzida à carceragem foram encontrados dois cilindros escondidos nas partes íntimas”, afirmou Cícero. Outro ponto que a Polícia Civil segue investigando é a utilização de animais domésticos em rituais da seita.

Prisão com mensagem enigmática

A Polícia Civil do Amazonas cumpriu, na tarde desta quinta-feira (30), um mandado de prisão contra Cleusimar Cardoso Rodrigues e Ademar Farias Cardoso Neto, mãe e irmão da ex-sinhazinha do Boi Garantido. Além dos parentes, a funcionária do salão de beleza que pertence à família, Verônica da Costa Seixas, também foi presa. O mandado de prisão ainda cita outros dois trabalhadores do estabelecimento, que não foram localizados. A polícia conseguiu abordar a mãe, o irmão e a gerente dentro de um carro tentando fugir, por volta das 16h.

Vídeos do momento da prisão foram divulgados nas redes sociais. Quando foi colocada dentro da viatura, um repórter perguntou à Cleusimar como era o relacionamento dela e da filha, já que drogas injetáveis foram encontradas na residência. Ela respondeu: “Vocês vão saber mais tarde”. Assista:

Ao sair do camburão para entrar na delegacia, o irmão da ex-sinhazinha é perguntado se estuprou Djidja, e responde que não. Ele ainda pede para as pessoas ouvirem “Cartas de Cristo” no YouTube.

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Djidja Cardoso morreu na manhã desta terça-feira (28), em Manaus. A família optou por não divulgar a causa da morte. A empresária tinha 32 anos e representou a sinhazinha da fazenda do boi-bumbá entre 2016 e 2020. Após deixar o posto, ela passou a trabalhar ao lado da família em uma rede de salão de beleza. De acordo com o portal amazonense Mário Adolfo, o corpo de Djidja foi encontrado por um primo.

Amigos e familiares revelaram para o jornalista que a empresária enfrentava uma forte depressão nos últimos meses. Segundo eles, Djidja chegou a se reerguer, retornou para as redes sociais e passou a dar dicas de saúde. Entretanto, ela voltou a se ausentar da internet.  Clique aqui para saber mais.

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