Caso Jeff Machado: Em áudios vazados, ator reclamou de suspeito antes de morrer; ouça

Em depoimento, Bruno de Souza Rodrigues afirmou que uma terceira pessoa teria sido responsável por matar Jeff

Neste final de semana (4), o “Domingo Espetacular” exibiu novos desdobramentos sobre as investigações da morte de Jeff Machado. O ator teria denunciado o suspeito Bruno de Souza Rodrigues para os familiares antes de morrer. No registro, Jeff afirma que estava chateado com o rapaz, que cobrou cerca de R$ 18 mil por uma oportunidade de emprego no mundo artístico. Bruno, por sua vez, em conversa com o jornalista Roberto Cabrini, nega que tenha sido o responsável pelo crime.

Segundo policiais, o sonho de Jeff em conquistar papéis foi usado contra ele para que Bruno e o outro suspeito, Jeander Vinícius da Silva Braga, pudessem ter vantagens financeiras. Além de reclamar da falta de emprego, o ator lamentou sua situação financeira. “Estou preocupado, estou chateado, estou envelhecendo, não tenho vontade de fazer nada. Só ir para a academia, almoçar e voltar para casa”, disse ele.

No áudio enviado para a mãe, Maria das Dores, ele afirmou que precisaria vender a casa para se sustentar: “Tenho que vender minha casa. Eu ia morar no Recreio (bairro do Rio de Janeiro), ir para a academia a pé e parar de gastar três tanques de combustível por mês. É um dinheiro jogado fora e eu detesto dirigir”.

A investigação aponta que Bruno teria enganado o ator ao se apresentar como assistente de produção, prometendo um papel fixo no elenco de uma novela da TV Globo. Jeff, no entanto, começou a estranhar as atitudes do suspeito. “Minha reunião é terça-feira, dia 17. Ele não confirmou, não pegou a placa do meu carro para eu entrar, nada. Ou seja, provavelmente não vai ser dia 17. Vou passar um aniversário de m*rda, de novo. Estou pensando em dar um gelo no Bruno, estou bem chateado”, lamentou.

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Bruno de Souza Rodrigues está foragido, mas deu entrevista para o programa da Record TV, negando que tenha premeditado o crime e culpando uma terceira pessoa pelo assassinato. As autoridades, porém, apontam que o rapaz identificado como Marcelo seria um personagem fictício inventado pelos demais suspeitos, já que não havia evidências de mais pessoas no local do crime. “Eu não matei o Jeff, e nem mataria. Nem ele e nenhuma outra pessoa. Se eu planejaria uma morte tão cruel dessa? Minha resposta é não, nunca, em hipótese alguma”, disse.

“Tenho colaborado com a polícia. Dando as informações, relatando os fatos e indicando o local do corpo na expectativa de que a polícia faça o trabalho de procura, que localize o Marcelo o quanto antes e confiando 100% na minha defesa para que eles de fato consigam provar a minha inocência”, continuou.

Caso Jeff Machado: Polícia acredita em premeditação. (Foto: Reprodução/ Instagram)

Segundo o advogado de Bruno, João Maia, o suposto Marcelo teria cometido o crime por que Jeff teria transmitido HIV para ele em uma relação sexual, durante uma gravação para plataformas adultas. “O Bruno relata que a motivação do crime de Marcelo seria a possível transmissão de HIV, em razão desses atos sexuais sem preservativo, Cabrini, afirmou Maia.

“Eu não acredito que o Bruno vá mudar a versão dele. Ele relata para nós, e nós tivemos um trabalho incisivo perante o Bruno para entender o caso, e ele insiste em dizer que efetivamente quem matou o Jefferson foi Marcelo e que ele foi coagido”, alegou o representante.

O ex-assistente de produção confessou que ajudou a ocultar o cadáver do ator. “Nós percebemos que realmente era o caso de o Bruno confessar o crime que ele praticou, que foi a ocultação de cadáver. Eles se dirigem até a casa em que o Jefferson foi enterrado, o Vinicius passa a noite cavando, o Bruno vai para casa, depois ele retorna e quando chega lá o baú já está enterrado”, finalizou.

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Segundo a delegada Elen Souto, o crime começou a ser planejado em 30 de novembro de 2022, quando Bruno alugou a quitinete onde o cadáver de Jefferson foi ocultado. O assassinato teria acontecido em 23 de janeiro, entre 15h30 e 18h. “O valor de R$ 18 mil foi pago por Jefferson em quatro parcelas, sendo a última em 12 de janeiro, poucos dias antes do desaparecimento. Ele morreu acreditando que começaria a gravar a novela no dia 26. Portanto, ele foi morto três dias antes”, explicou.

A delegada ainda afirmou que a motivação do crime teria sido financeira. “Ele (Bruno) precisava concretizar o plano de matar o Jefferson até 25 de janeiro, porque o rapaz sequer passaria no portão da emissora. Não havia novela nenhuma. Automaticamente, o Jeff ia cobrar o valor correspondente ao investimento e iria desmoralizá-lo, uma vez que ele se apresentava como assistente de produção”, continuou a policial.

Bruno teria tentado vender parte do patrimônio de Jeff Machado. Movimentações bancárias suspeitas no cartão de crédito do ator também estão em análise pelas autoridades. Dos dias 23 a 26 de janeiro, o cartão teria movimentado uma quantia de R$ 5.392,02. “Tem outros crimes correlatos ao homicídio que estão sendo apurados e vão ser colocados na mesma investigação”, concluiu Elen.

Assista à reportagem completa:

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Jeander Vinícius

Na última sexta-feira (2), a Polícia Civil prendeu Jeander Vinícius. Ele foi encontrado em Santíssimo, na Zona Norte do Rio. Em depoimento à polícia, o garoto de programa confessou a participação no crime, mas alegou que a vítima foi morta por uma terceira pessoa. A polícia descarta a versão de Jeander e concluiu que ele foi o responsável por colocar o corpo do ator em um baú e transportá-lo para Campo Grande.

Jeander Vinicius já tinha sido preso em 2019 pelo roubo de um celular. O caso aconteceu em Copacabana, quando ele tirou o celular que estava na cintura de uma mulher. Ela o segurou, mas foi chutada por Jeander. No entanto, outra mulher gritou “pega ladrão” e ele acabou contido por outras pessoas. O caso foi registrado na 12ª DP e Jeander foi preso. No entanto, em outubro, ele conseguiu o relaxamento da prisão e foi liberado.

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Relembre o caso

Em 22 de maio, a DDPA encontrou o corpo de Jefferson Machado da Costa, que estava desaparecido desde 27 de janeiro. Segundo o g1, foi possível identificar o ator através de análise das digitais de Jeff. A família passou a desconfiar depois de uma ONG entrar em contato para informar o suposto abandono dos cães que pertenciam ao ator.

Até ser dado como desaparecido, uma pessoa fazia conttao com a mãe do ator, apenas por mensagem de texto. Mas, segundo ela, as mensagens não se pareciam com a forma que Jeff escrecia. Depois de quatro meses, os restos mortais do ator da novela “Reis”, da Record, foram encontrados em um baú escondido em uma casa. Ainda segundo o veículo, o baú pertencia ao ator e foi retirado da sua casa.

Por conta do tempo de decomposição do corpo, o Instituto Médico Legal (IML) do Rio declarou que o resultado do exame de necropsia foi indeferido.

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