[Alerta de conteúdo sensível sobre violência sexual] A jovem que foi vítima no caso de violência sexual que levou à condenação do ex-jogador de futebol Robinho deu um depoimento público pela primeira vez. Seu relato foi apresentado no novo documentário do Globoplay, que explora os eventos e as consequências legais do crime que ocorreu em uma boate em Milão, na Itália, em 2013. No programa, a mulher descreveu detalhadamente a agressão que sofreu e as marcas profundas que deixou em sua vida.
No capítulo inaugural da série, lançado nesta quarta-feira (30), a albanesa, identificada como Mercedes, contou como a noite da celebração de seu aniversário de 23 anos se transformou em um episódio traumático. Ela frequentava a boate Sio Café, onde Robinho e seus amigos também estavam presentes. As descrições da noite são entrelaçadas com gravações de áudio entre Robinho e seus amigos, que foram usadas como evidências chave no julgamento.
“Se eu fosse me descrever antes, me sentia como uma música brasileira. Cheia de ritmo, cheia de alegria, cheia de luz. Digo sempre que eu estava cheia de cores. Coisa que depois se apagou. Obviamente tiraram uma parte importante de mim. (…) O tempo ajuda, mas não apaga”, desabafou.
Além de discutir o trauma e suas consequências, ela expressou seu desejo de que o documentário sirva como uma ferramenta educativa, destacando a importância de abordar a violência sexual de maneira preventiva.
“Espero que meu testemunho seja útil. Não para condenar de novo em nível midiático ou para humilhar publicamente. Mas que possa servir como ensinamento. Porque no fim é muito fácil chegar à sentença, à condenação. Seria justo que se pare antes, que isso não aconteça. É nisso que precisamos trabalhar. Trabalhar com os meninos, nas escolas, educar com a família, que é a base para tudo. A gente precisa ser responsável desde cedo”, afirmou.
Mercedes até comentou se conseguiria perdoar o jogador. “Quando eu soube que ele foi preso no Brasil, nunca é uma vitória. É uma derrota para todo mundo. Principalmente para eles, para a família e para os filhos deles. Mas tenho pena, eu não sabia o que dizer a eles. Muitas vezes eu pensei em perdoá-los, mas ainda não amadureci essa ideia”, finalizou.
Relembre o caso
Robinho foi condenado à nove anos de prisão pelo estupro coletivo de uma mulher albanesa na Itália. O caso em questão ocorreu na madrugada de 22 de janeiro de 2013, em uma boate de Milão chamada Sio Café. Segundo a denúncia da Procuradoria da Cidade, a vítima havia ido à casa noturna para celebrar seu aniversário de 23 anos, quando foi abusada dentro do camarim do local. O episódio foi considerado pelas autoridades como violência sexual de grupo.
Em outubro de 2020, uma reportagem do “Globo Esporte” revelou trechos da sentença judicial e da transcrição dos grampos que levaram Robinho a ser condenado em primeira e segunda instância. Nas conversas, o jogador admitiu que teve relações sexuais com a vítima e que ela estava “completamente bêbada” a ponto de “não saber nem o que aconteceu”. Posteriormente, ele e sua defesa argumentaram que muitas falas estavam “fora de contexto”, e que as relações teriam sido consensuais.
Os outros quatro brasileiros, que acompanhavam o jogador no exterior, deixaram a Itália no decorrer da investigação. Eram eles: Ricardo Falco, Fabio Cassis Galan, Cleyton Florêncio dos Dantos, Alexsandro da Silva e Rudney Gomes da Silva, amigos do atleta que também foram acusados pela jovem. Apesar da condenação, Robinho nunca cumpriu a pena porque havia saído o país quando o julgamento foi concluído. Ele alega ser inocente.
No ano passado, o podcast “UOL Esporte Histórias – Os Grampos de Robinho” mostrou Robinho jogando toda culpa do crime para os amigos. Nos áudios, o atleta mudou sua versão e admitiu sexo com a vítima. “É, eu comi, pô! Porque ela quis. Onde eu forcei a mina? Eu comi a mina, ela fez chupeta pra mim e depois saí fora. Os caras continuaram lá. ‘Você viu os caras lá?’. ‘Vi, os caras continuaram, ela queria’. Ah, porventura, em último caso, em última instância… ‘Tu..?. ‘Comi, ela queria me chupar. Ela me chupou um pouquinho, depois saí fora também'”, admitiu para Falco, que também foi condenado por estupro coletivo.
Os áudios foram obtidos pela Justiça italiana através de grampos no telefone dos envolvidos e no carro do brasileiro. Neles, Robinho confessa que fez sexo com penetração com a mulher. Anteriormente, sua versão era de que ela teria praticado sexo oral. Relembre todos os detalhes, clicando aqui.