No mês passado, Cássia Kis concedeu um forte relato à revista Marie Claire e, durante a conversa, a atriz revelou que sofreu assédio sexual quando tinha apenas 11 anos, durante uma consulta ao dentista. Agora, ela afirmou que perdoou o homem que a assediou e também refletiu sobre a importância de ter falado sobre o assunto publicamente.
“Eu perdoo. Posso perdoar, mas a pessoa que fez vai acertar as contas com algum lugar”, disse a artista em entrevista à coluna de Patrícia Kogut, do jornal O Globo. Cássia ainda declarou que se vê errando diariamente, e errar faz parte do trajeto. “Sou uma alma doente também. E nós todos somos. Temos aí um caminho longo pela frente para chegar a um lugar que nos interesse de verdade […] Com afeto, a gente salva o outro. Quem ama enxerga mais longe, se esforça. E os erros são necessários. Só não erra quem fica de braço cruzado”, argumentou.
Em relação a ter exposto o assunto publicamente, a atriz acredita que foi importante para outras mulheres se identificarem: “Vejo o fato de as mulheres se identificarem com satisfação porque, se dou uma entrevista, é porque o que digo pode ser que tenha alguma importância. Então, me sinto muito responsável. Me sinto com consciência coletiva no prumo […] Entendo que preciso ter responsabilidade sobre cada coisa que eu diga. E isso precisa ser trabalhado dentro de mim com força”.
Além disso, Cássia também falou sobre os dois abortos que realizou, antes de ser mãe de Maria (23), Pedro (17), Miguel (24) e Joaquim (16). Ela disse que “acolhe espiritualmente” os filhos que não nasceram.
“Cometi erros, mas vou corrigir. Tenho quatro filhos e não me arrependo. Na verdade, tive seis filhos. Meus dois primeiros se foram, mas não posso esquecê-los. […] À noite, eu vou dormir, dou boa noite para meus quatro filhos e, principalmente, para os meus dois primeiros, que foram almas que quiseram encarnar e eu não deixei. Precisei que eles me perdoassem. Tenho certeza que eles o fizeram”, finalizou.
Entenda o caso
Cássia relatou o assédio que sofreu em entrevista à revista Marie Claire no mês passado. “Sofri assédio sexual quando tinha 11 anos. Venho de uma família muito pobre, em que não se ia ao médico, quiçá dentista. Mas minha mãe me levou ao dentista porque perdi um dente por cárie. Entrei sozinha no consultório e me lembro desse homem esfregar o pênis no meu braço. É assustador. Fiquei anos sem ir ao dentista, nem sabia que tinha um trauma”, lembrou ela, citando que ainda viveu algo assim duas vezes na vida adulta: “Uma delas foi nesta década, de outro jeito. E não consegui reagir. Vivi três episódios de assédio sexual com dentista”.
Um abuso psicológico também surgiu durante um relacionamento da atriz: “Sofri abuso psicológico, que é horrível. Viver um relacionamento no qual a pessoa vai minando sua moral, destruindo sua personalidade. Você perde referências de valores, não acredita mais em você, é quase levada à morte. O outro te mata sem usar arma. Demora para se recuperar, para você se amar. Se não fosse minha profissão, provavelmente não estivesse viva”, admitiu.
Outro tópico tratado na entrevista foi o aborto. Cássia respondia sobre seu trabalho na novela “Barriga de Aluguel”, quando opinou: “O tema que mais me preocupa hoje é o aborto”. A artista confessou que se arrepende ter feito um aborto anos atrás. “Quando olho para trás, uma das coisas que teria corrigido seria um aborto que fiz em 1985. Por mais que eu tenha me inclinado diante desse problema, pedido perdão, lamentado, às vezes faço as contas e vejo quantos anos esse filho teria, se eu seria avó. Quando sei de um aborto, me dói. Sou a favor da vida em qualquer situação”, argumentou. Confira a entrevista na íntegra, clicando aqui.