Claudia Ohana se viu diante de uma polêmica neste fim de semana, quando a ONG “Projeto Toca do Bicho” a acusou de ter devolvido dois cachorrinhos que adotou em dezembro do ano passado. Após a instituição divulgar áudios que sustentavam as alegações, a atriz decidiu se manifestar publicamente nessa terça-feira (21), explicando sua versão da história.
Em um longo relato publicado no Instagram, Ohana insistiu que não tinha intenção de devolver definitivamente os cães ao abrigo. “Em dezembro de 2019, adotei dois filhotes de dois meses. Infelizmente, em março, três meses depois do convívio com o Thor e com o Tigrão, a pandemia causada pelo Sars-CoV-2 chegou ao Brasil. Foi quando iniciei o isolamento em minha casa. Trancada em casa, sozinha e sem poder sair na rua para passear com eles, me encontrei em uma situação muito difícil”, começou.
Segundo a artista, problemas de saúde impediram que ela pudesse cuidar devidamente dos bichinhos. “Em função da extensão da propagação da pandemia, diante da necessidade deles enquanto filhotes, e das minhas limitações de saúde (comecei a ter crises agudas na minha coluna que comprometeram a minha mobilidade), considerei a opção de devolvê-los. Inclusive, cheguei a falar sobre isso com a Toca do Bicho”, explicou.
Entretanto, Claudia logo teria deixado de lado a ideia de mandar os cães de volta à instituição. “Fui em busca de soluções que, além de garantirem que fossem bem tratados enquanto não estivessem comigo, também permitiriam que eles tivessem espaço para correr e brincar. Em um primeiro momento, pensei em mandá-los, temporariamente, para o sítio de um amigo meu de longa data. Lá, eles teriam mais espaço e poderiam gastar mais energia”, ponderou.
A atriz teria compartilhado o pensamento com a Toca do Bicho, que vetou a ideia. “Eles me alertaram que eu não poderia fazer isso porque o sítio não tinha muros e que, pelo contrato que assinei com eles, isso era proibido”, declarou. Foi quando, segundo ela, a ONG sugeriu que Thor e Tigrão ficassem na sede da instituição, ao lado da mãe e dos irmãos.
“Eles mesmos, depois de perceberam que, talvez, eu não tivesse outra opção a não ser devolver, sugeriram que os cachorros ficassem temporariamente o período da pandemia no abrigo, onde estariam acompanhados da mãe e dos irmãos. Opção que aceitei na hora por acreditar que, certamente, lá seriam bem tratados e, inclusive, mais felizes até o momento de retornarem para minha casa”, afirmou.
Ohana então admitiu ter se ausentado após deixar os animais no abrigo, por motivos de saúde. “Como eu estava em processo de recuperação e com vários outros problemas, acreditei (e acredito), que eles não poderiam estar em melhor lugar. Acabei não ligando para saber deles por esse motivo e porque acabei me ocupando com meu estado de saúde”, admitiu. “Paralelo a isso, ainda que tive que lidar com a internação na UTI de um familiar muito próximo. Não liguei para a ONG Toca do Bicho e errei, sim, por não ligar”, confessou em seguida.
Ainda em seu texto, a carioca disse ter sido pega de surpresa com a notícia de que seus cachorros foram colocados novamente para adoção, sem ser previamente consultada pela ONG. “Não quero, de jeito nenhum, travar uma guerra com a Toca do Bicho, pois o trabalho que eles fazem é muito importante, mas confesso que fiquei surpresa ao descobrir, através das redes sociais, que eles tinham colocado o Thor e Tigrão para uma nova adoção sem, ao menos, me consultar”, desabafou.
Ela então enalteceu o trabalho feito pela entidade e agradeceu a ajuda que recebeu durante o período em que enfrentou enfermidades. “Me deram valiosos conselhos, foram muito amigáveis e compreensíveis comigo quando eu dividi com eles as dificuldades que vinha enfrentando em meio a essa pandemia, justamente por estar com a coluna em um estado que me impedia de abaixar ou fazer qualquer esforço mais bruto”, enfatizou.
Ohana apontou que sua baixa estatura e peso tornavam mais difícil “domar” os animais, que muito cresciam. “Eu tenho um 1,60 de altura e peso 47 quilos. Obviamente, eu passei a encontrar sérias dificuldades de ordem motora para cuidar dos meus doguinhos que cresceram rapidamente e ainda não tinham passado por nenhum processo de adestramento. Confesso que não vi abandono nisso, apenas achei que era a única coisa possível de se fazer em uma situação como a minha”, analisou.
Após retratar toda a história aos seguidores, Claudia disse concordar que seus atos não foram os mais corretos, entretanto, não viu outra saída a não ser deixar os bichinhos no abrigo. “Não tinha, e até agora não tenho, outra solução. Sinto falta dos meus cachorros e sei que eles também sentem de mim. Mas, infelizmente, nada se deu como imaginei. Quero reforçar que o motivo da minha separação não foi por conta de móveis estragados. Bens materiais a gente trabalha e compra de novo. O amor, não”, assegurou.
Por fim, a atriz lamentou o ocorrido e almejou reencontrar Thor e Trovão em breve. “Peço desculpas, mais uma vez, com a esperança de encontrar uma solução, o mais rápido possível, para receber os meus dogs outra vez. Sei que, talvez, vocês não entendem minha atitude de ter pedido para eles acolherem os meus cachorros durante a pandemia, mas só eu sei o quanto me esforcei para dar conta de tudo e o quanto sofri por ter que me afastar deles”, concluiu.
Entenda o caso
A situação se tornou pública no sábado (18), quando o Projeto “Toca do Bicho” anunciou em suas redes sociais que os pets Thor e Tigrão estavam novamente disponíveis para adoção. “Fui adotado com dois meses com meu irmão. Fui devolvido aos sete meses. Me pergunto o que eu fiz para merecer. Estou muito deprimido. Preciso de um amor de uma família. Beijos do Tigrão”, dizia o abrigo, com uma foto de um dos doguinhos que pertenciam à Claudia Ohana.
“Precisamos de uma família urgente para Tigrão e seu irmão! Estão muito deprimidos depois que foram devolvidos. Não é justo. Eles não pediram para passar por isso. Nos ajudem a achar uma família para esses lindos bebês de porte grande! Serão castrados no domingo! Já estão vacinados”, informou a legenda.
Em uma segunda publicação, o projeto mostrou a foto do outro cachorrinho de Ohana. “Eu sou o Thor, irmão do Tigrão, do post anterior. Não me sai da cabeça porque mamãe nos devolveu. Ela dizia que não obedecíamos, que destruímos coisas, mas não teve paciência com a gente. As tias da Toca orientaram em tudo, ofereceram adestrador, mas mamãe fez tudo errado. E pior, no final, nos devolveu!”, legendou o abrigo, sobre os motivos que teriam sido alegados pela atriz.
Segundo a ONG, Claudia também não teria se manifestado desde que deixou os animais lá de volta. “Sequer ligou para saber como estávamos desde que saímos da casa dela. Acreditam? E aquelas fotos que tirava e postava? Seriam encenação? Nos adotou bebês e agora que crescemos, quem vai nos adotar juntos? Vamos sofrer de novo a dor da separação. Adotar é um ato responsável. Temos sentimentos. Portanto, não façam como nossa antiga tutora. Pensem bem antes de adotar”, aconselhou, por fim.
Diante da repercussão no domingo, Claudia fez uma série de Stories no Instagram para se pronunciar sobre o caso, mas os deletou pouco tempo depois. A artista explicou por que decidiu deixá-los com a ONG por alguns meses. “Resolvi fazer um vídeo sobre meus cachorros que eu adotei. Eu fiquei muito chateada com o pessoal do Toca do Bicho, muito magoada. Eu adotei eles poucos dias antes da pandemia, aí veio a pandemia e eu fiquei sozinha em casa e aguentei três meses de limpar tudo e eles foram destruindo, [o que é] normal de cachorro pequeno, mas eu não tava aguentando por causa das minhas costas”, contou.
Ohana, então, explicou que tinha a intenção de deixá-los com um primo próximo, mas que a equipe do “Toca do Bicho” não permitiu. Diante disso, ela disse que foi o próprio abrigo quem sugeriu levar os animaizinhos para lá. “Eles falaram que os [cachorros] poderiam ficar lá um tempo com a mãe deles, com os irmãozinhos e que depois eles voltariam para cá porque a minha intenção, depois da pandemia, era poder voltar”, declarou.
Segundo a atriz, ela não foi avisada de que a ONG iria colocá-los para adoção. “Estava muito difícil pra mim, trancada em casa. E aí eles botam pra adotar os meus cachorros e ainda fazem publicidade em cima disso. Eu fiquei muito, muito chateada. Eu sinto muita falta deles, eu não abandonei eles. É muito chato isso”, lamentou.
Após a resposta de Ohana, o projeto explicou que decidiu colocar os pets para adoção novamente porque a artista não chegou a procurá-los nenhuma vez desde que os deixou lá. “A devolução do Thor e do Tigrão causou repercussão como todo caso de devolução de animais gera. Não somos sensacionalistas, e fazemos um trabalho sério na ONG, tanto que não citamos o nome do tutor que os devolveu nas postagens. Só que todo animal que é devolvido a gente posta para que tenha nova chance de adoção”, apontaram.
“Explicamos o que aconteceu porque temos milhares de seguidores que acompanham a história de cada Toquinho e somos transparentes. Não fizemos nada demais em relatar o fato, porque visamos o bem-estar dos animais”, justificou a ONG. “Só para complementar, demoramos até na divulgação porque tínhamos esperança que o adotante nos procurasse, sentindo a falta deles. Mas em mais de 1 mês no abrigo, a pessoa sequer mandou um ‘zap’, ligou ou procurou saber se precisavam de algo. Isso era amor? Você agiria assim com seus filhos que dizia amar?”, questionou a equipe.
O abrigo rebateu a afirmação de que ela havia adotado os pets “alguns dias antes da pandemia”. “Em tempo, a adoção aconteceu em dezembro, bem antes da pandemia. Não foi pelo isolamento social que quiseram devolver os cachorros”, disparou a ONG.
Procurada pelo hugogloss.com, Claudia Ohana reforçou que nunca teve a intenção de se livrar dos cachorros. “Eu não abandonei eles. Era só por um tempo até eu melhorar porque eu estava sofrendo muito. Minha coluna estava muito muito ruim. Tenho vários áudios comprovando que em nenhum momento eu devolvi eles”, destacou.
“Ela que me convenceu que seria bom ficar lá, que era um sítio e eles ficariam com a mãe os irmãos dele, e depois eu pegaria. E aí ela posta hoje a foto deles para doação. Sem mesmo me telefonar para dizer que ia fazer isto. Estou aqui muito triste, arrasada porque não entendi a atitude dela. Muito triste também porque ela não quer me devolver eles”, lamentou a atriz.
ONG divulga fotos e áudios da atriz
Entretanto, no domingo (19), a instituição divulgou áudios da artista que mostram outro lado da história. Na gravação, disponibilizada no Instagram da ONG, Ohana pode ser escutada explicando as razões pelas quais devolveria os pets. “Eu não tô conseguindo, tem o Thor que rosna pra mim, eu tenho que pegar um pau pra me defender dele“, iniciou ela. “O maior problema é a destruição geral de tudo… Eu nunca saí com eles na rua. Tenho medo de sair na rua, sujar e ter que limpar, que são dois“, comentou a atriz. Ela ainda completou, afirmando: “É uma opção: meus netos, ou eles“.
“Já desenvolvi todo um emocional com eles, mas eu não tenho condição de ficar com eles. Eu não tenho mais sala, eu não tenho mais nada. Eu boto um ovo em cima da pia, eles estão comendo tudo. Ou eu, ou eles. Queria saber o que eu posso fazer. Você pode me ajudar nisso? Porque está muito complicado para mim. E os meus netos vão ter que vir para cá, a minha filha que está em São Paulo”, pontuou a atriz.
Claudia ainda reconheceu que sua atitude de devolver os cães não seria correta. “Está muito complicado, infelizmente. Realmente, são tempos muito difíceis. E eu, infelizmente, vou ter que devolver eles. Eu sei que não deveria fazer isso, mas estamos em um momento muito complicado“, enfatizou ela, em seu contato com o abrigo. No vídeo publicado, a ONG ainda anexou imagens que seriam de móveis destruídos na casa da atriz.
Ouça as declarações abaixo:
A “Toca do Bicho” afirmou que teria esperado um mês até colocar Thor e Tigrão para adoção novamente, na expectativa de que Claudia voltasse para buscá-los – o que não teria acontecido. “Claudia Ohana nunca se preocupou em saber deles, nunca foi visitá-los ou mandou um saco de ração para os filhos que dizia tanto amar. Ela sumiu. E vem cobrar da gente algo? Querer agora os 2 de volta para amenizar a situação? Acabou a confiança!”, disse a instituição, através do Instagram.
“O que você pensaria de alguém que agiu assim? Por que a atriz apagou o primeiro vídeo que fez, bloqueou comentários no Instagram? Porque ela não os adotou às vésperas da pandemia como disse, e sim em dezembro, como postado no próprio Instagram dela! E já vem há tempos tentando se livrar deles. Seja famoso ou não, para nós o adotante bom é o que ama incondicionalmente e não o que ao menor sinal de problema os descarta”, repudiou a ONG.
O texto concluiu, por fim: “As inconstâncias dela durante todo o período de adoção nos deixaram bem inseguras. A cada hora dizia uma coisa, mas não fazia o principal: dar a vida que todo filhote precisa, com educação e limites para eles, cuidados veterinários etc. Contra fatos, não há argumentos”.