O julgamento de Daniel Alves entrou no último dia nesta quarta-feira (7). Ele é acusado de estuprar uma mulher em uma boate de Barcelona, em 2022. De acordo com a imprensa espanhola, a câmera de peito de um policial, ligada acidentalmente na noite em que o jogador teria cometido agressões sexuais, produziu provas importantes na audiência do brasileiro.
Nesta quarta-feira (7), último dia do julgamento, que acontece no Tribunal de Barcelona, na Espanha, as imagens foram exibidas em juízo a pedido da advogada da mulher que acusa o jogador, passando a ter valor legal como prova. Na noite de 30 de dezembro de 2022, o policial estava na equipe que foi até a discoteca Sutton, para atender a um chamado dos responsáveis pelo local. No caminho, a câmera foi acionada e o agente só foi perceber horas depois. Durante o período, o equipamento filmou as primeiras declarações da mulher que acusa o jogador.
Segundo a TV espanhola, a mulher, aparentemente em estado de choque, conversou com o policial entre lágrimas, contanto o que aconteceu. “Eu entrei de maneira voluntária no banheiro, e depois de nós darmos uns beijos, eu disse que queria sair, mas ele disse que não e fechou a trinca da porta. Ele começou a me dizer coisas desagradáveis, como ‘você é minha p*’ e também começou a me bater. Ele jogou minha bolsa no chão e tirou a minha roupa”, contou a jovem. Ela ainda afirmou que não queria denunciar Daniel. “Não quero nada, não quero que meu nome apareça”, disse ela.
Após o relato, o agente orientou que a mulher fosse ao Hospital Clinic de Barcelona para passar por exames. Ele também tentou tranquilizá-la, garantindo que seu nome só apareceria em documentos judiciais. “Você pode entrar voluntariamente e depois dizer que não. É para isso que serve a lei”, explicou o policial.
A defesa do atleta pretende usar o argumento de que Daniel estava “embriagado demais” e teve suas “faculdades alteradas” quando tudo aconteceu. A versão foi reforçada pela modelo Joana Sanz, esposa dele, em depoimento nesta terça-feira (6). O médico forense que acompanhou o estado psicológico de Alves confirmou que ele não está acostumado a beber e, consequentemente, suas capacidades cognitivas e motoras foram afetadas.
Caso a versão da embriaguez seja aceita, isso pode garantir uma redução de pena em cerca de três anos. O Ministério Público pede nove anos de prisão, enquanto a defesa da moça solicitou doze anos, mas ainda não há previsão para a sentença final da juíza Isabel Delgado Pérez. Daniel Alves nega as acusações.
De acordo com a publicação, a Justiça de Barcelona analisa prolongar o julgamento até quinta-feira, 8 de fevereiro, caso a fala do ex-lateral da Seleção Brasileira se estenda mais que o esperado. Ele chegou ao local algemado e escoltado por cinco policiais.
O julgamento
No primeiro dia (5), a mulher que o denuncia deu uma declaração de 1h15, confirmando o relato de que foi estuprada e agredida pelo brasileiro no banheiro da área VIP da discoteca. Outras duas mulheres o acusaram de apalpá-las na mesma noite. Já a defesa, representada pela advogada Inés Guardiola, mencionou que Daniel Alves se diz vítima de um “tribunal paralelo” feito pela opinião pública.
No dia seguinte (6), Joana Sanz foi ouvida pela Justiça espanhola, relatando que o marido chegou em casa “visivelmente alterado” naquela noite. Robert Massanet, um dos sócios da boate, também prestou depoimento. Ele revelou que encontrou a denunciante chorando e compartilhou o que, segundo ela, aconteceu no banheiro do local. O gerente da boate e o chef Bruno Brasil, que estava com o jogador, já falaram na audiência. Ainda nesta quarta, os médicos confirmaram, em depoimento, que foi encontrado DNA do jogador dentro do corpo da denunciante.
Até a conclusão do julgamento, o brasileiro segue preso sem direito a fiança. A juíza já determinou que Daniel Alves precisará pagar 150 mil euros (cerca de 798 mil reais) à jovem, para cobrir eventuais danos e prejuízos.
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