Nesta terça-feira (6), Robert Massanet, um dos sócios da boate Sutton, prestou depoimento no julgamento de Daniel Alves, em Barcelona. Ele revelou que encontrou a mulher, que acusa o brasileiro de estupro, chorando e compartilhou o que, segundo ela, aconteceu no banheiro do local. O gerente da boate e o chef Bruno Brasil, que estava com o ex-jogador naquela noite, também já foram ouvidos no segundo dia de audiência sobre o caso.
As primeiras testemunhas convocadas para depor nesta segunda sessão foram os funcionários da discoteca espanhola. Massanet afirmou que Alves desfrutava da casa noturna com frequência. “O Daniel era um cliente habitual. Naquela noite, o vi algumas vezes, até me deparar com uma garota chorando. Foi muito difícil para ela explicar o que havia acontecido. Fomos com ela até uma área mais tranquila, sem música, para que pudesse explicar“, narrou ele, segundo o UOL.
O sócio ainda compartilhou o que a vítima revelou para ele, em meio às lágrimas. “Ela disse que ninguém acreditaria nela. Falou que entrou no banheiro de forma voluntária, mas que depois quis sair e não conseguiu. Perguntei se havia acontecido algo mais grave, e ela disse que sim. Perguntei se havia tido penetração, e ela disse que sim. Ela queria ir embora para casa, mas eu insisti que ela precisava ficar para que ativássemos o protocolo. Ela só repetia que ninguém acreditaria nela“, pontuou.
O segundo a testemunhar foi o gerente da boate. Ele afirmou que Daniel estava bêbado. “Não estava como sempre: havia bebido ou fumado algo“, disse. Ainda de acordo com o veículo, os depoimentos das testemunhas que trabalham na casa noturna não demoraram muito. Além do sócio e do gerente, um auxiliar do bar também foi ouvido. “Estava muito nervosa, chorando muito“, relatou o funcionário sobre o estado da denunciante naquela noite.
Bruno Brasil, amigo do ex-atleta e que o acompanhava na discoteca, também já prestou depoimento. Assim como o gerente do estabelecimento, o chef afirmou que Alves estava embriagado, e que, antes de irem para a boate, estavam reunidos com outros amigos, Thiago Slovinski e Ulisses, que serão ouvidos igualmente. O relato de Bruno segue a estratégia da defesa de alegar embriaguez do jogador para tentar atenuar uma possível pena.
Segundo Brasil, o grupo bebeu até 1h da manhã. “Fomos de carro. Eu dirigi porque o Dani tinha bebido muito. Nunca tinha ido à boate, foi a primeira vez“, revelou. O chef expôs ainda que um garçom foi o responsável por convidar mulheres para a área VIP, onde eles estavam, e afirmou não ter falado para a denunciante entrar no banheiro. Ele disse que sabia que se tratava de um sanitário por ter visto o lado de dentro do cômodo quando a porta se abriu. No entanto, não havia identificação na porta.
“Dançamos, curtimos e conversei com a prima e com a amiga da denunciante“, explicou Bruno. “Vi os dois saírem do banheiro enquanto eu conversava com a prima dela. Estávamos trocando contatos de Instagram. Nessa hora, o Dani ficou ao meu lado. Quando a denunciante saiu do banheiro, falou comigo, com a prima, se despediram de mim e foram embora“, alegou.
O amigo do ex-atleta apontou que não se lembra quanto tempo levou a despedida, e que foram embora por Daniel ter bebido muito. “Nós dois decidimos ir embora juntos. Fomos embora de carro. Deixei ele em casa e fui para a minha casa“, relatou. Ao ser questionado se havia visto a denunciante chorando no corredor, o chef afirmou não ter visto nada porque “o corredor é muito escuro“. Ele declarou ainda que Alves não contou o que aconteceu no banheiro.
Bruno já havia prestado depoimento sobre o caso em 20 de janeiro de 2023. Na ocasião, ele afirmou que Alves foi ao sanitário por estar com dor de barriga, e que o ex-jogador havia bebido apenas meia taça de champanhe. Segundo o UOL, a advogada de defesa fez perguntas a Brasil relacionadas ao álcool e ao gestual de Daniel e da vítima.
“Naquela noite, ele bebeu uma garrafa e meia de vinho e duas doses de uísque, ou quatro. No bar anterior, bebeu gin com água tônica“, relatou o chef, entrando em contradição com o que já havia dito um dia. “Nós dançamos com as mulheres de um jeito sensual, mas com respeito. Elas não estavam incomodadas. Quando Dani foi ao banheiro com a mulher, elas falaram entre elas e com um garçom, em tom de brincadeira. Ela saiu do banheiro normalmente“, concluiu.
Além dos funcionários da boate e dos amigos do brasileiro, Joana Sanz, esposa de Daniel, e agentes de segurança de Barcelona devem prestar depoimento neste segundo dia de julgamento. A primeira sessão aconteceu no dia anterior e foi marcada pelas testemunhos da amiga e da prima da denunciante. Elas relataram toques inapropriados e ejaculação do brasileiro.
A magistrada Isabel Delgado Pérez, que julga o caso, será a responsável por elaborar a sentença. Alves permanecerá em prisão preventiva, seguindo a decisão atual da Justiça espanhola, até a decisão final. O Ministério Público espanhol pede nove anos de prisão ao ex-jogador.
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