E-mail de Fióti para Emicida vem à tona em meio a acusações sobre transferências milionárias

Irmãos se enfrentam na Justiça por acusações sobre finanças de produtora

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Após as acusações de Emicida contra o irmão, Evandro Fióti, por desvio de dinheiro da Laboratório Fantasma, documentos anexados ao processo mostram que Fióti informou por e-mail que faria a retirada de R$ 2 milhões em lucros da empresa. A movimentação financeira era, segundo ele, compatível com o que lhe era devido como sócio e gestor.

A mensagem, enviada em 20 de janeiro deste ano e divulgada pela Folha de S.Paulo, registra: “Formalizo neste email que tenho lucros a serem retirados das empresas e preciso honrar compromissos firmados em meu nome, logo vou avançar com a distribuição de lucros a partir de amanhã, no valor de R$ 2 milhões. Valor inferior a que tenho direito nestes mais de 16 anos como sócio das empresas e administrador das mesmas”. O extrato bancário da conta da LAB confirma a movimentação no valor citado.

Segundo a defesa de Fióti, os R$ 2 milhões retirados em 2025 foram divididos igualmente entre os irmãos. Emicida teria recebido quatro transferências de R$ 500 mil, nos dias 7, 13, 18 e 20 de fevereiro. Os advogados do rapper reconhecem essas movimentações, mas afirmam que se tratam de valores “devidos enquanto artista, ainda que sob a rubrica contábil de distribuição desproporcional de lucros”. Também alegam que o e-mail enviado por Fióti em janeiro não teria sido lido por Emicida, já que o endereço usado por ele não era mais acessado pelo cantor. Fióti, por sua vez, anexou ao processo, prints de mensagens trocadas com esse mesmo e-mail em março, para reforçar que a conta seguia ativa.

Emicida e Fióti se enfrentam na Justiça (Foto: Acervo Lab Fantasma)

Emicida e sua equipe jurídica alegam que o cantor não tinha conhecimento prévio sobre essa transferência, e que, ao perceber a operação em janeiro, iniciou uma apuração mais ampla. Após analisar os extratos, ele teria identificado outras transações realizadas entre junho de 2024 e fevereiro de 2025, que somam R$ 6 milhões. Diante disso, o rapper anulou a procuração que concedia ao irmão poderes de gestão sobre a empresa e entrou com ação judicial para impedir o acesso de Fióti às contas bancárias da LAB.

Fióti se manifesta

Em nota divulgada após a repercussão do caso, Fióti lamentou o conflito e afirmou: “Quem caminha comigo há mais de 18 anos à frente de projetos e equipes sabe da minha ética, transparência e honestidade — valores que trago de casa e que jamais trairei. É muito triste ver exposta a situação contratual e jurídica do grupo empresarial que fundei ao lado do meu irmão há 16 anos, assim como as complexas implicações familiares envolvidas”.

Ele se defendeu dizendo que todas as transferências foram autorizadas em uma reunião entre sócios e gestores, devidamente registrada em vídeo. Ele afirma que os repasses foram feitos com transparência e que Emicida também recebeu valores dentro desse contexto. “Todas as movimentações feitas durante sua gestão foram transparentes, registradas e seguindo os procedimentos financeiros adotados pelos gestores, assim como as retiradas de lucros ao sócio e artista Emicida”, declarou. O empresário ainda afirmou que o próprio processo judicial “contém documentos que comprovam que Emicida recebeu valores superiores”.

Apesar de a defesa de Fióti insistir que não houve qualquer desvio e que todas as retiradas foram devidamente documentadas, os advogados de Emicida argumentam que os repasses de 2024, que somam cerca de R$ 4 milhões, não foram explicados até o momento. Entre junho e julho daquele ano, 10 transferências da LAB para contas pessoais de Fióti foram identificadas. Já em fevereiro de 2025, foram mais três transações no valor de R$ 500 mil cada.

A disputa chegou ao ponto em que Fióti solicitou à Justiça a retomada do acesso às contas da empresa. No entanto, o pedido de liminar foi negado nesta quarta-feira (2). Relembre os detalhes, clicando aqui.

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